Capitulo 16

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Luiz Otávio Narrando

A semana estava correndo lenta. Eu tentei falar com a Camillie, mas estava ocupado demais com a faculdade e os tramites da compra do apartamento, só no fim da noite que consegui um tempo para ligar pra ela novamente, mas a danada mudou o foco do nosso termino enumeras vezes me vencendo mais uma vez pelo cansaço. Então, decidi que na próxima semana sem falta iria à Belo Horizonte ter uma conversa definitiva com ela, sem falta.

A Sofia fez novas amizades na escola e inventou de cantar, como hobbie é claro, a minha mãe nunca a deixaria virar cantora. Eu estava no meu quarto colocando alguns pertences em umas caixas enquanto a ouvia ensaiar do seu quarto, mas a minha paz foi pelo ralo quando a D. Mirian apareceu. E pelo visto nada contente com a minha mais nova aquisição.

– Luiz Otávio que palhaçada é essa de você ir morar sozinho?! – perguntou indignada cruzando os braços a minha frente. E eu suspirei pedindo a Deus paciência pra mim e compreensão pra ela, por que aquela conversa prometia.

– Mãe, eu já tenho vinte anos. – comecei – Não vou viver na barra da sua saia sempre. Já posso me virar sozinho. Quero ter o meu espaço. Ser independente... – expliquei terminando de guardar mais alguns livros e lhe dando atenção.

– Eu compreendo que você queira ser independente, ter o seu espaço – suspirou irritada – aliás, você sempre foi desse jeito. Mas eu esperava ao menos que você me comunicasse. Tivesse o mínimo de consideração por quem te colocou no mundo! E eu também queria que você esperasse mais um pouco. Estão novos precisam de uma coisa de vocês!

– D. Mirian, não dramatiza! – pedi impaciente – eu fechei a compra do apartamento essa semana, eu não mudei ainda...

– VOCÊ O QUE?! – gritou histérica – Como você comprou esse apartamento?! É o seu pai que tá bancando isso nas minhas costas? Com que dinheiro você fez isso Luiz Otávio?!

– Com o meu. Eu estava juntando há um tempo. – expliquei cauteloso, temendo um escanda-lo maior.

– Disso eu sei. Você me disse que estava poupando. – retrucou – mas, eu achei que você fosse noivar com a Camillie primeiro e esperar que ela terminasse a faculdade pra dar um passo tão grande como esse! Tá acontecendo alguma coisa? Ela engravidou? É isso?

– Mãe, você não tá entendendo! – dei risada, incrédulo com o que estava ouvindo. Não era possível que ela achou que eu ia cometer a loucura de sair de casa pra ir morar com a Camilie! – ela não vai morar comigo. Eu vou morar sozinho – dei ênfase – Não tem mais Luiz Otávio e Camillie, nós estamos juntos por apelação dela! Não estamos dando mais certo.

– Você não pode jogar um relacionamento de 4 anos fora por que simplesmente 'não está dando mais certo' – ironizou – Sempre deu certo! E você sabe que pode continuar morando lá, não precisa morar aqui.

– Eu não quero me afastar da Sofia, nem de vocês! Não é só a distancia que está atrapalhando o nosso relacionamento, a senhora melhor do que ninguém sabe que relacionamentos se desgastam! – disse impaciente, querendo parar de da corda a seu drama.

– Por isso mesmo, você viu que eu e o seu pai superamos aquela crise. A Sofia é a prova viva que tudo pode dar certo! – insistiu malevolente.

– Vocês são diferentes, não se compara! Sempre foram amigos, dede o colégio! – retruquei – Olha, eu prefiro resolver sozinho e se senhora ficar de fora eu agradeceria muito. – falei já irritado, pondo um ponto final naquilo.

Ela não respondeu mais nada e saiu pisando duro do quarto. Era incrível como ela se irritava quando ninguém seguia os seus planos! O que mais me dava raiva disso tudo é que ela deixou transparecer que o que a incomodava não era o fato de eu estar saindo de casa e sim não estar saindo de casa pra viver com a Camilie.

Após terminar de empacotar as coisas que eu precisava, que eram poucas, pois o apartamento já estava mobiliado, coloquei as caixas no carro e segui para o apartamento. Ao menos lá eu teria um pouco de silêncio e paz para pensar, o que estava em falta nesses últimos dias.

Desde que vi a Júlia naquela lanchonete não consegui mais dormir direito, nem focar em nada sem que meus pensamentos me levassem até ela. Parece que o passado estava voltando. Volta e meia eu revivia algumas coisas que passamos juntos, lembrando do seu sorriso, do seu cheiro, dos seus carinhos... Como quando nós assistimos o seu filme preferido, Titanic, foi em um dos últimos dias que passamos juntos.

Nós estávamos assistindo no meu quarto, na antiga casa, com ela encostada em meu peito, chorando horrores, chegou a ficar com o nariz vermelho de tanto chorar enquanto eu só consegui rir da sua cara. Foi também aquele dia que ela prometeu que eu seria o seu primeiro. Foram momentos tão bons que eu custava acreditar que acabou tão de repente e por um motivo tão idiota. E talvez, a minha tentativa de 'protegê-la' em meio a tudo isso tenha acabado com toda e qualquer possibilidade de ainda estarmos juntos, menos o que eu ainda sentia por ela. Parece bobo, mas eu sentia uma vontade incompreensível de explicar o que eu fiz, pedir desculpas por tê-la feito sofrer me esperando aquele tempo todo. Pedir desculpa por ter desistido de nós. Dizer a ela que eu a amava e muito, que por diversas noites não dormi pensando em como ela estaria, porém em meio a isso existia o medo dela rejeitar, de não querer me ouvir e então diante dessa confusão toda eu resolvi arriscar. Em um ato de quase desespero, liguei e ela atendeu no terceiro toque.

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