Capitulo 17

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Julia narrando

Acordei as 19:00Hrs, com o celular apitando em uma sms, era ele, querendo saber se já podia vir. Eu me assustei com o tanto que havia dormido e me apressei pra tomar um banho e colocar uma roupa. Acabei optando em um short preto, uma blusa branca de alcinhas, um cardigã cinza e uma sapatilha contrastando. Peguei celular, chaves e dinheiro e joguei tudo em uma bolsa de mão, para o caso de uma emergência. Passei perfume e em 40 minutos eu estava pronta na calçada, o esperando com o coração na mão e o estomago cheio de borboletas.

Não demorou para que ele aparecesse. Ele parou do meu lado e eu entrei no veiculo rapidamente, por que se fosse pra pensar muito eu voltava correndo pra dentro de casa.

O caminho fora silencioso, de vez em quando um pegava o olhar do outro, mas ele apenas quebrado por ele no fim do trajeto.

– Chegamos. – ele disse desligando o carro, abrindo sua porta e me olhando, esperando uma reação minha, que logo me liguei e desci também.

No elevador o silencio permaneceu, mas agora ele mantinha o olhar em mim e aquilo me deixava envergonhada, era como se ele pudesse me ver sem roupa.

Ao chegar ao apartamento ele entrou primeiro, acendendo as luzes. E enfim, eu tomei coragem de falar alguma coisa.

– Então, o que você queria falar comigo? – perguntei apertando meu lábio inferior assim que ele fechou a porta.

– Eu queria conversar contigo, nesses quatro anos ficou tanta coisa sem resposta e apesar desse tempo todo eu não te esqueci. Queria te explicar por que não te procurei, por que não respondi o seu recado, por que deixei a minha vida se tornar o caos que hoje ela se encontra! – ele disse exalando todo o ar dos pulmões, me encarando.

Eu engoli a seco as suas palavras, sentindo um nó tentando subir na minha garganta, me sufocando e então falei:

– Você não deve satisfações a mim, Luiz. – sorri fraco, tentando disfarçar o nervoso, ainda o encarando.

– Eu sei que sim. Eu te prometi mandar noticias, mas sumi. – murmurou aproximando-se, passando uma de suas mãos por entre o meu cabelo, me fazendo desviar o olhar do seu – eu queria poder voltar. Ter você de novo... – disse ainda com o tom de voz baixo, encarando meus lábios. Mas eu recuei sentindo toda a raiva que havia recolhido em mim ao ouvir aquelas palavras. Querendo chorar, por sentir que pra ele a nossa volta seria tão simples, tão simples quanto ter me deixado.

– É muito fácil pra você chegar agora e querer voltar! – falei engolindo o choro, engasgando com o nó que havia na garganta – Eu passei dois anos feito uma idiota te esperando, chorando toda noite, enquanto você simplesmente resolveu me esquecer três meses depois! – cuspi as palavras em um tom alto, o encarando firme – Se você tivesse sentido um terço do que eu senti aquele tempo todo, eu juro – dei ênfase – que não me pedira isso hoje! Eu te esperei, chorei todas as noites, te procurei e você? Fez o que? Estava fodendo com a Camilie! Pouco se lixando se eu estava bem!

– Não! Ju! – falou em um tom desesperado, segurando meu rosto entre as mãos – Eu desisti porque não queria prejudicar você! Eu passei dois meses nos Estados Unidos, quando voltei eu tive oportunidade de ir atrás de você sim, mas eu não queria que teus pais fizessem pior. A sua mãe era uma louca! Sabe lá Deus o que ela poderia inventar! – explicou me olhando, enquanto eu sentia vontade de morrer, sair dali correndo pra poder chorar – Quando a Helô ligou falando que tinha tido contato com você, dois anos depois, disse que eles tinham acabado de te dar uma vida normal. Eu não queria estragar a pouca liberdade que você tinha! – continuou – menti pra ela, disse que não queria mais ter noticias suas, que tudo entre nós não havia passado de um 'namorico', mas a verdade é que eu nunca esqueci o teu rosto, o teu cheiro... E nossa como você mudou!

Caminhos tortosOnde histórias criam vida. Descubra agora