Capitulo 15

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[...]

– Eu te falei que ia voltar, não falei? Eu sou só seu. – o Luiz Otávio falou em um sorriso, acariciando meu rosto. E eu estava tão acuada e surpresa que apenas o olhava, sem saber o que fazer.

– Lu... Eu, não quero mais. – falei enfim, tremula e receosa, mas ele pareceu não se importar.

– Julia, isso não importa. É passado. – falou dando os ombros tranquilamente, colocando uma aliança no meu dedo, me deixando agoniada – ninguém mais vai impedir, você é só minha também.

Eu olhei para os lados confusa, desnorteada. Ele só pode ter ficado louco, acabei de dizer que não queria.

– Você não entendeu. – suspirei puxando o anel que não queria de forma alguma sair – não tem mais nós!

– Não vai sair Julia, não adianta você querer tirar! – resmungou irritado, segurando com força no meu braço, me assustando – você não queria que eu voltasse? Eu tô aqui! E nós vamos ficar juntos você querendo ou não!

Eu quis chorar pelo seu tom ríspido e pela dor do aperto no meu braço. Queria me soltar, por que não era aquele Luiz que eu conhecia. Mas, logo em seguida eu ouvir a porta abrir, me puxando daquele sonho ruim. Era só um sonho, graças a Deus, pensei.

– Te acordei? – a Fernanda perguntou me olhando enquanto fechava a porta e eu neguei me sentando.

– Que horas são? – perguntei ainda tonta de sono.

– Onze e meia. Aproveitei pra vir almoçar aqui já que a vida de ter pais separados é dura. – deu risada, se jogando na poltrona e pegando o controle da tv.

– Você nem devia reclamar da sua vida, estava dando horrores ontem enquanto a tua mãe estava fora. – rolei os olhos entediada, pulando pra fora da cama, indo em direção ao banheiro.

– Cara, essa é a parte boa! Você não tem noção da surra que levei dele na cama ontem. – disse manhosa e eu ri.

Após fazer minhas higienes e trocar de roupa eu me joguei novamente sobre a cama, observando o que ela assistia. Mas, logo ela enjoou e se juntou a mim.

– Você tá estranha, aconteceu alguma coisa? – ela perguntou jogando o controle na mesinha.

– O Luiz Otávio voltou. – suspirei despejando.

– O que?! Como você sabe? – perguntou surpresa e confusa.

– Eu sai pra por o papo em dia com o Igor, que a proposito está cada vez mais lindo e longe de mim – dramatizei –, e quando íamos saindo a Heloisa me reconheceu.

– Eu não quero saber do Igor, ele eu vejo todo dia. – rolou os olhos entediada – me conta como foi. Como ele tá? O que ele disse pra você?

– Ele está mais lindo do que eu possa ter imaginado um dia. – murmurei lamentosa – mais homem, forte. Nós não conversamos, apenas nos cumprimentamos.

– Você ainda gosta dele. – constatou sem jeito – dá pra ver na tua cara. Por que não vai atrás dele? Conversa, tem tanta coisa sem ponto final ainda. – apertou o lábio inferior e eu estremeci só de pensar.

– Não. Não tem o que conversar. – sorri nervosa – Acabou. Não dá forma que eu gostaria ou tinha pensado naquela época, mas do meu lado não tem espaço pra mais ninguém. Eu só tenho medo que ele me procure, não faz sentido bagunçar tudo de novo. Está melhor do jeito que está. – falei tentando ser convincente. Pois, o meu maior medo mesmo era do que eu estava sentindo. Era tanta coisa! Amor, saudade, raiva, ressentimento. Todos tão intensos, de uma só vez que me assustava.

Caminhos tortosOnde histórias criam vida. Descubra agora