Capitulo 33

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Chegamos a minha casa por volta das três e mesmo eu querendo que dormíssemos cada um em sua casa ele me venceu pela insistência e entrou comigo. Confesso que meu humor melhorou significativamente, mas eu não estava em clima nenhum de transar, ao contrario do Luiz que subiu as escadas sugando meu pescoço, tentando me fazer mudar de ideia.

– Ju, o que você acha de começar a tomar algum remédio? Hum? – perguntou com a boca ainda em meu pescoço, distribuindo alguns beijos pela região e descendo a mão pela minha barriga enquanto adentrávamos o corredor.

– Me sinto mais segura como estamos. – eu respondi sorrindo fraco, me virando pra ele e tirando os sapatos. O Luiz estalou os lábios contrariado, apoiando o braço na porta.

– Eu posso fazer exames contigo. – insistiu passando as mãos pelo meu cabelo, acariciando minha nuca.

– Não é isso. – suspirei, dando lhe um selinho – É que pra tomar anti preciso consultar a minha ginecologista. Sempre quem marca pra mim é a minha mãe e não acho que devemos criar uma confusão com ela agora. Também acho que estamos mais seguros de uma gravidez usando camisinha, por que sou esquecida. – justifiquei-me querendo que ele mudasse de assunto.

– Claro que não, Ju. Você pode ir a outro médico e eu posso te lembrar todo dia. – resmungou contrariado – Tão difícil confiar em mim, droga.

– Pelo amor de Deus, Luiz Otávio! Que saco. – reclamei impaciente – Não tem nada a ver uma coisa com a outra, eu já te expliquei.

– Mas não me convenceu ainda. – cruzou os braços, aborrecido.

– Tá com algum problema, Ju? – O Junior indagou do meio do corredor, nos olhando sério e nos surpreendendo, pois se quer havíamos notado a sua presença até o momento. Eu corei só de me pensar no que ele havia ouvido.

– Ah, não. Tá tudo bem. Nós já estamos indo dormir. Desculpa te acordar. – eu disse completamente sem graça, principalmente de perceber a troca de olhares nada amigável dos dois.

– Ok, eu tinha ido beber água. Boa noite. – esclareceu entrando em seu quarto.

– Assunto encerrado por hoje. – avisei me virando pro Lu, assim que o Junior entrou no quarto em seu quarto. Ele praguejou alguma coisa e entrou comigo, se desfazendo dos sapatos em seguida.

Eu apenas rolei os olhos pela sua atitude mimada e fui para o banheiro, tomar um banho e colocar uma roupa de dormir. Ao voltar ele estava apenas de cueca, passando os canais da tv e já que ele estava entretido aproveitei para passar hidratante no corpo e deixar a roupa de amanhã separada, fuçando no armário.

– De quem são essas camisas, ai? – ele questionou quebrando o silêncio, me despertando dos meus pensamentos.

– Do Junior. – menti. Na verdade eram do Igor, ele sempre teve uma gaveta no meu armário. Depois que terminamos, restou apenas um vidro de perfume na metade e algumas camisas, que não devolvi, pois ele sempre aparecia e muitas vezes as usava – o armário dele não tem muito espaço.

– Hum, eu devia deixar algumas coisas minhas aqui também. – comentou estendendo a mão pra mim, que a segurei e sentei ao seu lado.

– Providenciamos isso amanhã, ok? – eu falei lhe dando um beijo – E hoje só beijinho. – o adverti, fazendo assentir e sorrir fraco.

– Desculpe. – murmurou afastando-se e me puxando para deitar em seu lado e eu apenas beijei sua testa.

[...]

''Estamos saindo, chegamos em vinte minutos.'' – enviei para a Fer, enquanto esperava o Luiz escovar os dentes.

– Precisa mesmo ir lá tão cedo? – ele questionou preguiçoso.

– Sim, vou acompanha-lo para ela ir em casa. Tomar um banho, se trocar... – eu disse impaciente pela sua moleza – Vou aqui no Junior, termina logo.

– Ok, não demora.

Ontem o Junior mesmo não falando comigo me defendeu e eu fiquei tão feliz por saber que ele ainda se importa comigo que queria um abraço seu. Eu estava com tanta saudades, que queria o fazer mesmo que ele não pudesse ver. Então aproveitei que era cedo, ele ainda dormia e fui ao seu quarto.

Como eu previa ele dormia tranquilo, esparramado. Andei em passos leves para não o acordar e lhe dei um abraço, permitindo-me inalar seu cheiro e depositar um beijo em sua bochecha, sentindo ele passar os braços em volta do meu corpo e retribuir o abraço mesmo sonolento, sem abrir ao olhos.

– Amo você. Juízo. – murmurou, soltando-me.

– Também amo você. – falei antes de me levantar e sair.

Antes de sairmos para o hospital tomamos um café rápido e só a minha mãe estava na mesa com aquela cara típica de poucos amigos em relação a nós. A ausência do meu pai chamou-me a atenção. Ele sempre é o primeiro a estar de pé. Mas preferi evitar dar uma brecha para alguma alfinetada perguntando a razão dele não estar à mesa.

[...]

– E ai, o que ele disse? – perguntei curiosa e um pouco envergonhada pelo o que ele deve ter ouvido.

– Nada demais. Apenas comentou que viu o Luiz discutindo com você. E o que você disse aquele idiota? – a Fernanda perguntou irritada, após eu começar a lhe deixar a par dos acontecimentos da noite anterior que ela já tinha ficado sabendo por alto pelo Junior.

– Falei que não dava agora, que estávamos mais seguros usando camisinha. – respondi apertando o lábio inferior – Não posso dar mole com isso, se eu engravidar do Luiz, seria lhe dar a chance de me prender pra sempre, não que eu não deseje um casamento com ele, mas enquanto a Camilie estiver entre nós e ele se deixar ser controlado pela mãe provavelmente nem o nosso namoro dure muito tempo. – suspirei tentando absorver aquela constatação como verdade que ela era.

– Você tem razão. Mas eu tenho uma ideia melhor. – ela disse sorrindo sorrateira.

– Qual? – questionei erguendo a sobrancelha.

– Marca uma consulta com a sua gineco você mesma, começa a tomar os remédios, mas não conta pra ele. Mais uma proteção pra vocês. Nunca se sabe o que ele pode ser capaz de fazer com essas ideias. – aconselhou-me.

– Acho que o Luiz não seria capaz disso. – dei um riso incrédulo.

– Não ponha sua mão no fogo. – retrucou.

– Tem razão. – concordei – Agora vai lá que eu fico com o Nick, descansa um pouco. Aproveita e pega uma carona com o Luiz.

– Obrigado. Não demoro! – disse antes de me dar um beijo e sair.

Caminhos tortosOnde histórias criam vida. Descubra agora