Capitulo 35 - Parte 2

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– Você e a Malu, como estão? – perguntei quebrando o silencio com o Igor que mantinha a atenção voltada para o seu celular.

– Indo bem, estamos pensando em casar. – respondeu sentando-se na cama. E eu senti como se tivesse engolindo uma lâmina.

– Tão cedo? – dei um riso nervoso.

– Já faz um tempo que estamos juntos e o pai dela é um pouco rígido com nosso relacionamento ainda... – explicou.

– Imagino... Já tem data?

– Não, só planos. Não tenho tanta certeza ainda.

– Não gosta dela suficiente? – me animei.

– Não é só questão de gostar. Estamos um pouco saturados de algumas coisas e isso é uma decisão importante... – me encarou e eu não sabia o que dizer, no fundo nem eu sabia o que estava sentindo e o quão importante era. Só queria que não fizesse isso.

– Estou contigo. – murmurei lhe abraçando.

– Obrigado. – agradeceu dando-me um beijo próximo aos lábios, suspirei tensa por querer e ser errado. Não ser justo conosco e com o Luiz. Se quisesse fazer esse tipo de coisa e ceder aos meus desejos pelo Igor, teria que ser franca e terminar.

A tarde passou arrastada e o tempo fechou, fazia frio e precisávamos deixar a Fernanda no aeroporto. Estava muito deprimida e isso partia meu coração em mil.

Tomei banho e troquei de roupa lá mesmo, coloquei uma calça jeans preta, um suéter quente em tom creme, fiz uma trança básica e não fiz muita maquiagem; apenas um corretivo para disfarçar as olheiras e um batom rosa claro, pois ia sair com o Luiz depois.

Fomos pro aeroporto e esperamos ate o embarque, pouco antes disso o Luiz havia chegado e estava sentado próximo a mim o tempo todo.

– Amiga, não deixa de mandar notícias para nós esses dias, ta? Se cuida. – falei enquanto me despedia a abraçando.

– Pode deixar, cuida da nossa viagem, combina tudo com o Igor. Ele já sabe de tudo, quero ir quando voltar. – pediu com a voz cansada dos choros das últimas horas.

– Igor, cuida dela. É muita coisa, ela vai precisar de ajuda. – o advertiu enquanto o abraçava. Fazendo o Luiz se mexer incomodado.

– Amo muito vocês, volto logo. – disse após se despedir de todos, indo em direção ao portão.

As últimas horas foram tão pesadas que eu sentia um peso fazendo cansar os meus ombros, gostaria que as coisas começassem a dar certo. Mas algo estava dizendo que essa é só a parte boa. Muita coisa estaria por vir.

Assim que ela sumiu pelo portão me despedi do seu pai e dos demais, deixando o Igor por último.

– Não esquece o nosso beijo ontem, se cuida. – Igor murmurou no meu ouvido ao me abraçar antes que eu fosse embora.

– Não tem como. – respondi, disfarçadamente antes de me afastar. Levando a culpa no bolso até o carro do Luiz no estacionamento.

[...]

– Por que não me contou que a Camilie passaria as férias na casa da sua mãe? – Questionei assim que adentramos o carro.

– Não acredito que você vai estragar a noite falando dela. – Reclamou aborrecido.

– E eu não acredito que sua mãe vai estragar nossas férias com ela! – retruquei, desengasgando a raiva da irmã dele no almoço de mais cedo e passando o cinto antes dele dar a partida – Eu vou logo te avisando Luiz Otávio nós vamos nessa viagem, não me interessa se ela vai estar ai ou não. Ela não é NADA – dei ênfase – sua.

– Nós vamos sim! Eu prometi, não foi? Só não vamos ficar na casa do Igor. – Disse se impondo.

– Mas a viagem foi combinada para que todos ficassem lá. – rebati – Qual o seu problema em ficar com os meus amigos? Sua prima e sua irmã vão estar junto.

– Meu problema é que ele é seu ex.

– Eu estou contigo! Não estou? O que há de mal nisso? Você vai estar junto... – Argumentei.

– Eu estou cedendo não, tô? Então por que não pode ceder também e ficar em um chalé só comigo? – Questionou irredutível.

– Não há problema nenhum, contanto que você e a sua irmã deixem a Camilie longe! – Resmunguei sem muito argumento.

– Ótimo, então resolvido seis dias em um chalé sem a Camilie. – disse em um tom acertado. E eu me calei até chegar ao restaurante, deixando o silencio imperar entre nós. Mesmo depois de descermos e entrarmos no estabelecimento abraçados. Eu ainda carregava comigo as palavras do Igor, pensava que por mais que o Luiz quisesse ter posse sobre mim ele não merecia. Mesmo que fosse um beijo.

– Vai ficar com essa cara o tempo todo? – Luiz resmungou impaciente fechando o cardápio após pedirmos os pratos.

– Você quer que eu fique com que cara Luiz? – suspirei – Se você não suporta a ideia da presença do Igor, imagina eu com a Camilie? O Igor tem namorada, me trocou por ela. Mas a sua ex não. Ela vive atrás de você e com a ajuda da sua mãe e irmã.

– Ju, eu já te disse que eu e a Camilie não temos mais nada. – Tentou amenizar.

– Eu não sinto segurança nisso. – confessei apertando os lábios e olhando em seus olhos, tentando lê-los.

– Eu já coloquei um ponto final nisso. – retrucou em um tom reprovador desviando nossos olhares – Já falei com ela! Eu sei que a minha mãe não dá trégua, mas eu não posso proibir de chamar quem quiser pra casa dela, sem contar que ela e a Sophi são amigas...

– Tudo bem Luiz, você tem razão. Mas eu não quero vê-la no seu apartamento de forma nenhuma. – Impus.

– Ela não tem o que fazer lá. – Assegurou.

Caminhos tortosOnde histórias criam vida. Descubra agora