Capitulo 32 - NOVO

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Luiz Narrando

– Preciso falar com você. – a Camilie disse em um tom aborrecido assim que me juntei ao grupo.

– Eu que preciso falar com você. O que você queria com a Julia e não já pedi pra você ficar na sua? – reclamei aborrecido.

– Tá com medo que eu conte o que rolou entre a gente no seu apartamento? Se eu fosse você eu teria mesmo. – retrucou em um tom ameaçador.

– Se você abrir a boca ela nem vai acreditar, ela não dá crédito a nada que venha de você. – dei os ombros tentando passar uma falsa impressão de segurança. Que era o que eu menos tinha em relação às atitudes da Camilie.

– Se eu fosse você não tinha tanta certeza. – apertou o lábio – Mas não tira o foco preciso saber de uma coisa.

– Sobre o que? – perguntei sem demonstrar muito interesse, irritando-me ainda mais.

– Vocês usam camisinha? – indagou sem me olhar parecendo aflita. Eu mal podia acreditar na pergunta que ela tinha me feito. Até onde isso era da sua conta?

– Isso não te interessa Camilie. Isso é coisa minha e da Julia. – respondi sem transparecer a minha incredulidade e impaciência. Não queria lhe dar corda hoje. Depois do que ocorreu no apartamento eu temia que ela abrisse a boca ou insinuasse algo a Julia, ou até mesmo se atrevesse a tentar algo comigo e a Ju já estava chateada demais com esse assunto. Remoer a Camilie em meio a uma briga nossa hoje novamente não iria, definitivamente, dar certo.

– Eu tô falando sério! – reclamou aborrecida, me fazendo olhá-la – Tem alguma possibilidade da Julia estar gravida?

– De onde tirou isso? – dei um riso confuso, fazendo-a rolar os olhos.

– Não importa. Tem ou não? – indagou firme, me encarando. E eu sabia que só teria paz se lhe respondesse.

– Não, mas ela também não toma remédio. – respondi cruzando os braços e voltando atenção ao que o cerimonialista que discursava uma mensagem.

– Inferno! – esbravejou, me cutucando – Mas a sua certeza é absoluta?

– Ai, Camillie qual teu interesse nisso?! Pelo amor de Deus, desencana. – resmunguei já visivelmente irritado – Eu adoraria que ela estivesse, ao menos seu pais não teriam mais o que fazer e nada impediria de nos casarmos. A Julia seria uma ótima mãe.

– Filho da puta! – ralhou quase chorando de raiva e se ela tivesse coragem de abrir o berreiro aqui eu teria rido – Ela estava com desejo mais cedo... – comentou chateada, logo depois. Mas, eu ignorei, pois era a nossa vez de entrar.

Durante toda a valsa eu pensei no que a Camilie havia comentado. Ser pai não seria uma má ideia, seria simplesmente a solução para os nossos problemas! A Eva enfim teria que engolir nosso relacionamento e teríamos paz, sem peso nenhum na consciência, até por que logo, logo eles se acostumariam e iam adorar serem avós. Uma pena que sempre nos prevenimos, se ela ao menos usasse anti seria mais fácil.

[...]

Julia narrando

– Adivinha quem é! – ele disse cobrindo meus olhos com as mãos e é obvio que era o Luiz. Já passava da uma quando ele apareceu. Unido a isso estava a minha insatisfação pela noticia que a Heloisa me deu, mais um pouco de álcool, resultando em uma visível chateação.

– Nossa, está tão difícil de saber. – resmunguei em uma falsa empolgação, o fazendo estalar os lábios.

– Desculpa a demora, só consegui me libertar agora. – ele sentou-se ao meu lado, acariciando meu rosto e eu apenas o olhei entediada – Não fica com essa cara, Ju. Eu não tive culpa. – reclamou selando meus lábios, emendando em um beijo rápido.

– Me leva pra casa, vai. – pedi cansada – Tô cansada e com sono.

– Mas você não ia dormir comigo? – perguntou desconcertado, analisando minha expressão.

– Ia, mas eu não tô com clima. Tô exausta e amanhã cedo tenho que ir ao hospital. – expliquei pegando minha bolsa em cima da mesa.

– Tá sentindo alguma coisa? – preocupou-se.

– Não, fiquei de ir visitar o Nicholas. Ele está de observação e a Fer vai dormir com ele.

– Ah, entendi. Vamos dar uma volta antes de ir? É aqui perto, depois te deixo em casa. – propôs me estendendo a mão para que levantássemos.

Eu me despedi dos demais na mesa e saímos. Não fiz questão de me despedir da sua mãe e irmã. Resolvi evitar ao máximo as duas, principalmente hoje, onde a noite não foi nada boa, ao menos para mim.

O Luiz Otávio andou uns vinte minutos até chegar ao parque, aonde nos vimos pela ultima vez antes que ele fosse embora. Era como se tivéssemos voltado no tempo, eu olhei da janela e nem mesmo o frio me intimidou a sair.

Me escorando no veiculo e observando o vento balançar alguns arbustos, senti o Lu me abraçar de lado.

– Gostou? – perguntou depositando um beijo em minha cabeça e eu assenti, me encolhendo com a brisa fria, passando os braços pela sua cintura – Primeira vez que eu venho aqui depois daquilo. Tão bom ter conseguido voltar aqui e com você... – comentou sorrindo fraco, sem desviar o olhar da paisagem – me sinto completo contigo. É como se eu pudesse me sentir eu. Livre. – acariciou meus cabelos, entretido – Eu amo muito você Ju. Não tem ninguém mais importante na minha vida, não tem ninguém que eu deseje mais. – disse dessa vez olhando em meus olhos, correndo o dedão pela minha bochecha.

– Também amo você. – murmurei, sentindo as palavras soarem mais como uma afirmação pra mim que pra ele – E só desejo, hoje, que a gente dure. Suporte tudo o que ainda devemos suportar. – falei sentindo os olhos encherem de lágrimas, mas mantendo firme nosso contato visual.

– Vai ser pra sempre, eu juro. Não vai ser os nossos pais ou a Camilie que vai nos separar. Enquanto houver amor, vamos permanecer juntos. – assegurou com firmeza, me beijando.

Nós permanecemos ali por um bom tempo, até resolvermos voltar. No caminho encontramos uma conveniência aberta e paramos para tomar sorvete.

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