Capitulo 37

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[...]

– Que bom ver vocês! – Fernanda disse pulando em cima de mim ao abrir a porta. Marcamos de nos reunirmos para uma pizza aqui em casa à noite, já que viajaríamos amanhã cedo.

– Bem vinda de volta, amiguinha! – O Igor disse sorrindo ao abraça-la.

– Está bem animado, o que bebeu? – Brincou.

– Eu e a Malu brigamos, vou sozinho. Tem coisa melhor do que estar livre?! – Respondeu em um tom animado.

Ele realmente tinha bebido um pouco mais, não sabia o motivo da briga entre eles. Desde que chegou só falou o básico comigo e ser ignorada me irritava.

O Luiz com birra preferiu não vir, por sorte sua irmã também não.

– E o Luiz? – Fer perguntou ainda abraçada ao Igor.

– Não quis vir... – Respondi sem graça, pois ela ainda não sabia que íamos ficar em outro lugar.

– Mas vocês vão amanhã, ne?

– Claro que vamos...

– Ele não quis vir pelo mesmo motivo que não vai ficar conosco na casa, por que é um babaca. – Igor comentou irônico, virando seu copo de bebida.

– Você já tá se excedendo. – Falei o encarando e tomando seu copo.

– O que? É sério isso?! – Perguntou incrédula, ela iria me matar era nítido – Quando ia me dizer?!

– Fer, é que fizemos um combinado. Vamos ficar em um chalé... – Tentei justificar, mas pela sua cara seria difícil.

– E o nosso combinado, Julia?! Não significa nada?! Que saco, o Luiz Otavio também não colabora! Você diz amém para tudo! – Desabafou irritada, me deixando sozinha com o Igor. Ele gesticulou indicado não ter tido culpa. Mas ele queria, tinha certeza.

– Obrigada!

– Não adianta se irritar comigo ela ia saber por mim ou qualquer outra pessoa, você tem que deixar de ser covarde e abrir os olhos. Não dá para fazer escolhas as escondidas. É nós ou ele.

– Não vou precisar escolher. – Disse convicta e irrita pelo seu tom, mas lhe dei um desconto por causa da bebida.

– Quem disse que ia ser fácil, né Ju? – Roberta disse entrando na cozinha, onde eu entrei para enviar uma mensagem para o Luiz.

– Poderiam ter dito que seria impossível conciliar todos juntos. – Respondi mau humorada.

– Amanhã com sol, praia, água de coco tudo se ajeita! – Afirmou sorrindo e beijando minha testa.

''Já chegou em casa? – Enviei, mas não obtive resposta.

''Onde você está?'' – Insisti.

Luiz Otávio Narrando

– Meu celular tá tocando... – Falei interrompendo nosso beijo.

– Deixa tocar, amor.... Não vai poder fazer mais nada agora. – Deu um sorriso safado e eu quis socar minha própria cara.

– Eu fiz a maior burrada da minha vida, transando contigo Camilie. Nem deveria estar aqui. – Resmunguei irritado, mais comigo que com ela.

– Ei, você estava com saudades. Não precisa se chatear, sempre soube que ela não daria conta de você. – Comentou prepotente.

– Cala a boca Camile. – Suspirei desgrudando nossos corpos e deitando-me ao seu lado abrindo as mensagens que eram todas da Julia.

''Estou na minha mãe, celular estava na economia de bateria. Posso ir ai?'' – Enviei remoendo a culpa.

– Não acredito que depois desse sexo tão bom que a gente fez você vai atrás dela. – Bufou puxando meu celular da mão e jogando ao chão.

– Eu a amo. – Levantei procurando minha roupa – Não vai ser um sexo com você que vai mudar isso. Você deveria ter um pouco mais de dignidade...

– Dignidade? – Deu risada, puxando o lençol e cobrindo-se em pé – Quem é você para falar de dignidade? Tava transando comigo agora a pouco, nem se quer lembrava da Julia quando tava gemendo comigo e agora você fala que a ama! Eu tô ficando sem paciência pra essa aventura de vocês. Se você gostasse daquela idiota não tinha ficado comigo. Eu não vou desistir tão fácil Luiz, você sabe que precisa de mim, não vai conseguir levar esse namoro muito tempo com a Julia.

– Claro que não vou conseguir levar você não nos deixa em paz! – Rebati elevando a voz, exasperado – Se você desse uma folga, um tempo, largasse do meu pé, mas não insiste em querer reatar algo que já morreu entre nós!

– O que já morreu foi o que ela sentia por você quando você foi embora! – gritou cuspindo as palavras – Quando vai perceber isso?! O jeito que ela olha para o Igor não é o mesmo que ela olha pra você. – Afirmou sorrindo amarga deixando algumas lágrimas escaparem, sabendo que aquilo era como um soco no meu estomago – Ela olha pra ele como se gostasse, assim como ele olha pra ela. Eu tenho certeza que assim que ela descobrir que você é um fraco e covarde vai correr pros braços dele e ele vai acolher, por que só está esperando um vacilo seu para mostrar pra ela que tinha razão.

Aquilo foi como uma rasteira pra mim, sentia meu corpo travar. Sabia que o maior objetivo da Camilie era reatarmos, não precisaria falar aquelas coisas pra mim quando poderia simplesmente ir atrás da Julia e contar tudo pra ela.

Como eles poderiam se gostar e eu nunca ter percebido?! Como ela poderia gostar dele e não mais de mim?! Isso não entrava na minha cabeça.

Acreditava que ele poderia gostar dela sim por causa daqueles ciúmes de nós dois, tão grande a ponto de cortar relações com elas. Mas daí a Julia corresponder, não podia.

E se isso que a Camilie falou acontecer a culpa vai ser minha por não ter sido fiel o quanto prometi a ela, não poderia em hipótese alguma dar razão pra ele ficar com ela.

– Isso não vai acontecer. Se você contar algo pra Julia ela não vai acreditar, ela sabe que você faria qualquer coisa pra estragar o que a gente tem. Nós vamos ficar juntos você acreditando nisso ou não. – Falei catando meu celular e o resto das roupas, saindo apressado do quarto.

– Não acredito que fez isso... – Heloisa falou em um tom decepcionado ao me ver apenas de calça saindo do quarto de hospedes.

– Hêlo, não rolou nada, eu juro. – Comentei ainda zonzo, mas sem ser muito convincente.

– Eu não sou boba Luiz. A Camilie também não. Eu só queria que você soubesse que a Julia tá passando por vários infernos desde que você voltou ela não merecia isso. Quando a bomba explodir, por favor, que eu seja a última pessoa que você pense que pode contar. – Disse irritada, me empurrando com os ombros ao passar, sem me dar a chance nem de tentar explicar algo.

Então terminei de vestir a roupa e fui pra casa onde tomei um banho, troquei de roupa e fui ver a Ju.

Ainda havia algumas pessoas em sua casa, apesar da hora que passava da meia-noite.

– Que surpresa! ­– Exclamou surpresa me abraçando e selando nossos lábios.

– Pensei melhor e passei aqui, sair sem você dá saudade. – Apertei-a em meus braços, como se fosse fazer a culpa diluir em meu corpo.

– Que grude – Deu risada me puxando pra entrar na cozinha, onde sentei, puxando-a para o meu colo – Não vejo a hora dessas férias na praia começar...

– Eu também, só nós dois; praia; sol...

– A galera também vai não esquece do que combinamos... – Retrucou me olhando.

– Vamos sair com eles também, vamos para onde você quiser. Só quero ficar juntinho de você, pra sempre. ­– murmurei beijando-lhe.

– Você tá muito fofo, o que houve? Hum? – Perguntou dando selinho pelo meu rosto, me fazendo relaxar pela primeira vez nas últimas horas.

– Nada, só me deu saudade. – Resmunguei encostando meu rosto em seu ombro, recebendo carinho seu.

Caminhos tortosOnde histórias criam vida. Descubra agora