ᴀ ᴅᴀᴍᴀ ᴇ ᴏ ᴠᴀɢᴀʙᴜɴᴅᴏ || ʙᴀɴɢ ᴄʜᴀɴ

ꜰɪꜰᴛʏ || ᴛʜᴇ ᴇɴᴅ

Olhei ao redor e fixei minha visão no que realmente importava; a casa dos Min's, ou melhor dizendo, a minha antiga casa.

Estava paralisada, pensando se realmente valia a pena estar ali de novo depois de tudo que tinha acontecido a um mês atrás. Mas quem disse que eu tinha outra escolha? Precisava buscar minhas roupas, maquiagens e meus objetos de valor.

Dei alguns passos lentos até o quintal da casa que por sinal estava bem vazio, até pensei que ninguém morasse ou trabalhasse ali ainda. Felizmente, as minhas dúvidas vão embora ao ver a porta ser aberta sem eu nem tocar a campainha. Era uma diarista e a mesma carregava uma bolsa de ombro grande.

— Oh, senhora Ye-jin? Que surpresa agradável ver a senhora por aqui! — Os olhos dela brilhavam de surpresa enquanto um sorriso se abria.

— Você acha? — Brinquei, sorrindo um pouco envergonhada — Imaginei que a minha visita não seria de nada..

— O quê?! É claro que a sua visita é importante! — Deu um leve tapinha em meu ombro, típico da mesma — Principalmente agora que a casa está tão vazia...

— Como assim vazia?..

— Você não ficou sabendo? Seu pai foi para o exterior! — Franzi o cenho durante um tempo, mas logo se elevantou de surpresa — Ele está sendo processado e decidiu fugir para se esconder, acredita?

Eu estava em choque, não porquê não esperava isso do meu pai, mas sim porquê não estava sabendo. Como o mesmo nem se quer me contatou antes? Imaginei que ele iria tentar vir atrás de mim para tomar a minha guarda, mas ele nem sequer tentou fazer algo a respeito. Apenas fugiu sem nem dar as caras.

— Mas.. E vocês? E a casa?

— Ah, isso? Bem, fomos dispensados e a casa está sendo colocada à venda. — Deu de ombros, mostrando a bolsa com as coisas de valores da mesma — Todos os empregados vão deixar a casa e seguir um rumo.

— Sério mesmo?... — Dei um suspiro frustrado, estava comovida.

— Claro! Quando foi que eu menti para você, senhora? — Sorriu leve e deu um passo à frente — Enfim, preciso ir para o terminal antes que eu perca o meu ônibus. Até algum dia senhora Ye-jin!

A mesma passou por mim depois de dar um leve aceno com um sorriso. Parecia feliz de sair de um lugar como aquele, um lugar pesado e com um passado obscuro. Duvido muito que alguém vá querer comprar a casa depois de saberem da triste história da Rapunzel que habitava ali.

Fiquei um tempo parada, ainda tentando raciocinar se aquilo tudo tinha chance de ser verdade, mas no final das contas, era óbvio que ninguém mentiria daquela forma para mim.

Eu ainda me preocupava bastante com todos que um dia trabalharam ali, principalmente Chong. O mesmo trabalhava a tantos anos para mim, não acho que vou conseguir esquecer de alguém tão querido de forma fácil.

— Ye-jin!

Logo escutei alguém me chamando e então me deparo com Jo-eun saindo do carro de Chong. Não pude deixar de dar um sorriso ao ver o mesmo acenando de forma doce.

Jo-eun correu até mim e abriu os braços como se fosse me abraçar, mas claro, eu acabei recuando um pouco sem perceber. A mesma parou instantaneamente e abaixou os braços, vendo que tinha sido um pouco precipitada.

— Desculpa.. É que eu...

— Não precisa se desculpar.. — Sorri leve e dei um pequeno aceno, permitindo que ela me abraçasse — Só ainda não estou acostumada, entende?

A garota abriu um sorriso outra vez, finalmente alcançando o meu corpo e dando um abraço apertado em mim.

A algumas semanas atrás, eu havia decidido pedir desculpas a Jo-eun. O motivo? Eu coloquei desconfiança nela sem a mínima necessidade, sem perceber que os únicos que mereciam a minha desconfiança eram os que estavam ao meu lado.
Por sorte, ela me perdoou no mesmo instante em que apareci na porta da casa da garota. Me admira o jeito bondoso da garota.

— Vamos? — Ela finalmente se afastou do abraço, me olhando de forma doce.

Assenti sem pensar duas vezes, logo nós duas entramos dentro da minha casa. Ela iria me ajudar a carregar minhas coisas que ficariam na casa de Christopher, o lugar aonde eu iria morar por um longo tempo.

Chuto que ficamos dentro da casa durante algumas horas apenas carregando roupas para dentro de malas e as levando até o carro de Chong. Foi bem cansativo para ser sincera, mas valeu a pena ter minhas coisinhas de volta. Sentir o cheiro dos tecidos caros era realmente maravilhoso, e melhor ainda era tê-los em minhas mãos.

Jo-eun e eu acabamos depois de algumas horas, ambas cansadas e exaustas com tamanho trabalho que fizemos. Quando todos os funcionários finalmente saíram da casa, não pensei duas vezes em fechar a casa de vez, para talvez nunca mais ser aberta de novo.

Soltei um suspiro de alívio, sentindo que finalmente estava livre daquele lugar.  Agora tudo que passei iria ficar ali, e eu esperava que nunca mais saíssem para vir me atormentar novamente.

Me viro para o carro que estava em minha  frente, a garota já estava sentada no banco de trás enquanto segurava uma mala no colo vendo que já não cabia mais nenhuma no porta-malas. Sendo assim, me sentei no banco do passageiro ao lado do motorista, bem ao lado de Chong.

— Muito obrigada pela paciência Chong!

— Eu quem agradeço por me dar a chance de ver a senhora outra vez. — Sorriu , agora bem mais abertamente que antes.

— Aonde o senhor vai ficar agora que não vai mais trabalhar comigo? — Perguntei me sentindo mal. Não tinha vontade de deixar o idoso de lado.

— Vou me aposentar, acho que preciso rever a minha família agora.. — Disse em um tom meio cabisbaixo — Mas fique sabendo que a senhora foi uma das minhas melhores famílias desde quando comecei a te servir!

Abri um grande sorriso com a palavra do mesmo. Poderia chorar apenas com aquela frase, mas não iria tornar a situação triste.

— Será que podemos ir logo? Essas malas estão me apertando... — Jo-eun parecia realmente incomodada.

Por fim, Chong finalmente deu a partida, dirigindo pelas ruas em direção a minha nova casa.

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