32_ Cumpleaños feliz

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Sábado - Aniversário de 18 anos da Elena - Dia do Jogo.

Naquele sábado eu acordei mais velha. E de maior. E também com uma cantoria no meu quarto.

Cumpleaños feliz, Te deseamos a ti, Cumpleaños, Elena, Que los cumplas feliz... ㅡ Eram meus pais. Eles entraram no meu quarto segurando um bolo com chantilly cor de rosa enquanto cantavam em tons diferentes e desarmônicos.

Os dois pararam na minha frente e minha mãe colocou o bolo perto do meu rosto. Fechei os meus olhos para fazer o pedido e assoprei as dezoito finas velas que estavam sobre ele.

ㅡ Ah, parabéns, minha filha. ㅡ Minha mãe sorriu colocando o bolo na mesa de cabeceira e me dando um abraço.

ㅡ Parece que foi ontem que você completou oito anos e chorou no final da festa porque os trinta e poucos convidados não podiam dormir na nossa casa. ㅡ Meu pai fingiu limpar lágrimas dos olhos.

ㅡ Para, eu era uma criança. ㅡ Cocei os olhos. Tenho certeza de que eu devia estar ridícula, com uma touca de cetim azul na cabeça e adesivos de espinhas grudados na cara. ㅡ Obrigada. ㅡ Sorri olhando para o bolo. ㅡ Eu amo vocês.

ㅡ Também amamos você, agora levanta que você tem um dia cheio pela frente. ㅡ Minha arrancou a coberta da cama e me puxou para fora dela.

ㅡ Dia cheio? Eu só tenho o jogo, mas ele é só a noite. ㅡ Me levantei confusa e já tirei a touca da cabeça.

ㅡ É seu aniversário. Não acha que vai ficar em casa o dia todo e sair só pro jogo, né? ㅡ Ela arqueou uma sobrancelha.

Espiei por de trás dela e percebi que meu pai estava roubando um pouco de chantily da borda do bolo.

ㅡ É... Sim? Hoje é sábado. Dia de ficar em casa. ㅡ Sorri mostrando os dentes já sabendo que minha mãe não concordaria com isso.

ㅡ Óbvio que não! Agora vai se arrumar e nos encontre lá embaixo. ㅡ Ela viu meu pai roubando chantilly e deu um tapa em seu ombro. Logo depois pegou o bolo e foi na direção da porta.

ㅡ Roupa para qual ocasião? ㅡ Perguntei.

ㅡ Todas!

Franzi o cenho. O que diabos eu vou vestir com essa informação?

Entrei no banheiro, ajeitei o cabelo, fiz minha skincare matinal e tomei um banho. Coloquei o vestido que não era tão arrumado, mas que também não era desleixado, o que, pra mim, foi uma boa alternativa. Ele era florido, daqueles estilos cottage. Coloquei um tênis branco, fiz uma maquiagem simples e desci para o andar debaixo.

ㅡ Ela não gosta de tangerinas. ㅡ Ouvi minha mãe resmungar com meu pai na cozinha e só com essa informação, já tive uma noção do que iríamos fazer.

Estava prestes a ir na direção deles quando a campainha tocou. Eu já estava perto, então abri a porta.

Era James.

Assim que seus olhos pousaram em mim, ele arqueou ambas as sobrancelhas devagar, parecendo surpreso ou desprevenido.

ㅡ Oi... ㅡ Ele disse por fim.

ㅡ Oi, James. ㅡ Sorri me escorando na porta. ㅡ O que faz aqui tão cedo? ㅡ Eu nem sabia que horas eram.

ㅡ Ah... Eu vim entregar o seu uniforme. ㅡ Ele me estendeu uma bolsa de pano fino. ㅡ Ele chegou hoje cedo e eu quis te trazer logo. Pro jogo de hoje.

ㅡ Ah, okay. ㅡ Peguei a bolsa e dei uma espiada dentro. Era verde, como eu imaginava, já que era a cor da escola. ㅡ Espero não ficar parecendo um aipo gigante.

ㅡ Você vai estar linda como sempre. ㅡ Ele disse isso baixo, mas consegui ouvir perfeitamente. Também notei sua expressão de desespero, como se não quisesse ter dito aquilo alto. ㅡ Digo... Eu preciso ir. ㅡ James deu uns passos para trás, tropeçou na planta da minha mãe e quase caiu nos degraus da escada. ㅡ A gente se vê mais tarde! ㅡ Ele acenou já no meio do jardim. ㅡ E feliz aniversário! ㅡ Gritou logo antes de correr para fora do portão.

Só me dei conta que estava sorrindo pra ele quando senti uma respiração perto de mim.

ㅡ Ai, pai!!! ㅡ Gritei com o susto quando vi meu pai parado ao meu lado.

ㅡ Hm... ㅡ Semicerrou os olhos para mim. ㅡ O que é isso? Ele te deu um presente? ㅡ Indicou a bolsa em minhas mãos.

ㅡ Não, é o meu uniforme pro jogo de hoje. ㅡ Fechei a porta atrás de mim.

ㅡ Ah, é? Nossas blusas também estão aí? ㅡ Ele perguntou com curiosidade.

Abri a bolsa e tirei o que estava dentro. Havia o meu uniforme, que era num tom de verde mais escuro, bem parecido com o casaco que James tinha, que ainda estava comigo, inclusive.

Também haviam duas blusas, que meus pais tinham encomendado para usar no jogo de hoje, como bons torcedores.

ㅡ Eva, nossas blusas chegaram! ㅡ Meu pai pegou uma delas e abriu na frente do rosto.

ㅡ Chegaram? Ai, que bom! Pensei que não chegariam a tempo. ㅡ Minha mãe apareceu na sala em tempo de ver o brilho do meu pai sumindo.

As blusas deles eram num verde quase fluorescente. Tinha a logo da escola, nome do time e tudo mais, só que era num verde tão cheguei.

ㅡ Horrível. Eu me recuso a usar isso. ㅡ Meu pai foi o primeiro a falar e eu comecei a rir, porque ele falou aquilo com muita sinceridade.

ㅡ É claro que você vai usar isso. ㅡ Minha mãe resmungou.

ㅡ Olha só o do uniforme dela. É lindo. Verde e branco nos tons certos. Olha o nosso! Todos vão me ver chegando a quilômetros de distância. ㅡ Ele reclamou novamente.

ㅡ Pelo menos eu vou conseguir ver vocês no meio da multidão. ㅡ Falei com um sorriso no rosto. Meu pai me encarou sério e eu caí na gargalhada novamente.

ㅡ Eu não posso usar minha blusa do Boston Celtics? É verde e é de basquete. ㅡ Meu pai sugeriu.

ㅡ Não, nós vamos combinando, como dois semáforos. ㅡ Minha mãe sorriu para ele. ㅡ Quem entregou isso?

ㅡ O bonitão que mora do outro lado da rua. ㅡ Meu pai respondeu se sentando no sofá e jogando a camisa de lado.

ㅡ O James sabe que hoje é seu aniversário? ㅡ Minha mãe pegou a camisa e a dobrou para guardar junto da dela.

ㅡ Ele sabe. E ele chutou sua planta também.

ㅡ Dedo duro. ㅡ Resmunguei.

Ele fez uma careta para mim.

ㅡ Ta bom, já chega disso. Vamos logo. ㅡ Minha mãe me olhou. ㅡ Hoje é seu dia e nosso último aqui antes de viajarmos, então preparamos tudo o que você mais gosta pra hoje. Vamos fazer um piquenique no parque, vamos ao teatro, vamos comprar umas coisinhas e no fim do dia, vamos torcer por você no jogo. ㅡ Sorri ouvindo tudo o que minha mãe tinha planejado.

Piquenique era algo que fazíamos todos os anos quando eu era mais nova e eu amo assistir coisas, como filmes, séries e reality. Teatro era uma das poucas artes que eu também gostava.

E quem não gosta de comprar coisas?

Eles tinham planejado tudo aquilo para eu ter um dia legal, mas mal sabiam que só de passar o dia com eles, eu já estaria muito feliz. Cresci vendo meus pais ralarem muito para não me faltar nada e poder hoje vê-los viverem a vida sem se matar de trabalhar, me fazia muito feliz.

Minha mãe pegou a cesta do piquenique e meu pai foi calçar um tênis, porque ela o proibiu de ir a um teatro de chinelo de dedos.

Eu abri a porta para esperar por eles lá fora, mas me deparei com uma sacola de papel no chão. Me abaixei para pega-la e vi que dentro de uma caixa de veludo.

Um cordão. Um cordão de prata com um pingente de uma bola de basquete vazada. Não era grande, era pequeno e muito delicado.

ㅡ Meu Deus, que coisa linda. Quem te deu? ㅡ Minha mãe apareceu ao meu lado.

ㅡ Quem será? ㅡ Meu pai também apareceu.

•••
Continua...

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