46_ Mascote do time

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A semana foi se passando. Dias de prova, dias de estudo, dias de treino... Tudo de uma vez só. James e Maria também apareceram na minha casa a noite para que eu não ficasse tão sozinha, mas Maria sempre dormia e nos deixava sozinhos. Acho que ela dormiu mais na minha casa essa semana do que na própria casa.

Hoje era sexta-feira, um dia antes do jogo e estávamos parados do lado de fora da sala onde James esperava o resultado de sua prova, prova essa que definiria se ele jogaria no jogo de amanhã ou não.

ㅡ Será que ele passou? ㅡ  Jamal perguntou o que todos queriam perguntar.

ㅡ A Elena estudou com ele essa semana. Se eles estudaram mesmo e não ficaram só de pegação, é possível. ㅡ Maria quem respondeu.

ㅡ Nós estudamos. ㅡ Respondi. ㅡ Mas, não sou lá muito boa em física. E essa matéria estava muito difícil.

ㅡ Vai dar muita merda se ele não passar. ㅡ Jamal voltou a falar.

ㅡ Por que? ㅡ Aila perguntou antes que eu pudesse fazer a mesma pergunta.

ㅡ Soube que o Nate falou com o treinador que jogaria no lugar do James se ele não pudesse. E o treinador disse que tudo bem. ㅡ Jamal se escorou na parede.

ㅡ Nate? Mas, ele não joga futebol americano? ㅡ Flora fez uma careta.

ㅡ Sim, mas antes ele era do time de basquete. Ele e o James competiram juntos pra ser o capitão e o James ganhou. Aí o Nate migrou para o futebol. ㅡ Jamal explicou.

ㅡ Se isso acontecer, o James vai ficar puto. Ele odeia o Nate. ㅡ Maria fez o sinal da cruz na frente do rosto.

ㅡ Estão falando de mim? ㅡ Nate apareceu com um sorriso idiota na cara e uma bola de basquete girando no dedo indicador. ㅡ Acho que amanhã volto às minhas origens.

ㅡ Não, ninguém mencionou você aqui, alguém aqui falou no capeta? ㅡ Maria disse revirando os olhos.

ㅡ Ah, não fica chateada comigo. Tudo depende da inteligência do seu irmão. ㅡ Nate sorriu para ela e depois focou os olhos em mim.

Arqueei uma sobrancelha para ele, esperando que falasse o que perdeu na minha cara, mas a porta da sala se abriu e James apareceu, com um semblante nada feliz.

ㅡ Como foi? ㅡ Jamal foi o primeiro a perguntar.

ㅡ Eu precisava de oito. ㅡ James passou a mão na testa. ㅡ Tirei 7,9.

ㅡ O que? O professor não arredondou? Que idiota! ㅡ Maria resmungou um segundo antes do professor abrir a porta e aparecer na nossa frente. ㅡ Você é um idiota, James. ㅡ Ela rapidamente disfarçou.

ㅡ Nos vemos no jogo amanhã. ㅡ Nate piscou para mim.

James deu um passo na direção dele, mas Jamal segurou seu braço, o impedindo de avançar mais.

ㅡ Se você bater nesse moleque aqui dentro, vai ficar suspenso de todos os jogos do ano. ㅡ Jamal resmungou. ㅡ Deixa que depois a gente junta um bonde pra pegar ele fora da escola.

ㅡ Eu sinto muito. ㅡ Toquei o ombro de James. ㅡ É só um jogo e só uma prova. Você recupera.

ㅡ Ta tudo bem. Foi a maior nota que tirei em física esse ano. Se tivesse tirado outras notas assim, não estaria passando por isso agora. Pelo menos agora eu sei que consigo. ㅡ Ele suspirou, parecendo cansado.

ㅡ Vai torcer com a gente na plateia? ㅡ Maria perguntou.

ㅡ Eu não vou nesse jogo. Nem a pau vou ficar sentado vendo o Nate jogar no meu lugar.

ㅡ Não vai ir torcer pela sua namorada? Que namorado bosta é você? ㅡ Maria empurrou o ombro dele.

ㅡ Ta tudo bem, se eu pudesse também faltaria. Quem quer ver o Nate lá? ㅡ Revirei os olhos. ㅡ Será que eu posso faltar?

ㅡ Claro que não. Já perderam o melhor jogador, se você não for, nosso time ta lascado. ㅡ Ele disse com toda sua humildade.

ㅡ Que isso, eu sou um nada no time, né? Também não vou jogar mais nada, não. ㅡ Jamal cruzou os braços.

ㅡ Eu torço por você. ㅡ Maria sorriu para Jamal, o que pareceu deixar o cara meio desnorteado.

ㅡ Então, eu vou. ㅡ Ele sorriu também.

[...]

Era o dia do jogo. James realmente não tinha ido e minha família não estava presente. Pelo menos Maria e Flora estavam na arquibancada com cartazes e Aila junto das animadoras.

Bela? Não a vejo desde a confusão na casa da Aila. Digo, é claro que eu a vi na escola, mas ela não anda mais com a gente. E não foi decisão nossa, ela começou a fingir que não existiamos e nós não fizemos questão de correr atrás. Agora ela está andando com um grupo de garotos do time de futebol.

O ginásio da escola estava cheio de alunos e pais. O time da outra escola já havia chegado e eu estava no banco, assistindo ao primeiros período do jogo.

Nate jogava bem, mas não como James.

A arquibancada gritava, as animadoras torciam e o nosso mascote corria pela quadra fazendo bobagens. O homem fantasiado de uma espécie  de cachorro usando o nosso uniforme já tinha derrubado um dos técnicos, puxado uma onda na arquibancada e tacado pecados de laranja do time adversário.

Eu, sinceramente, nem fazia questão de jogar. Estava amando só assistir tudo.

O mascote passou por mim. Passou virando a cabeça pra me olhar e tropeçou, caindo no chão. Isso fez a arquibancada rir.

Foi a minha hora de entrar. Estava jogando tranquila, pois estávamos vencendo, quando Nate jogou para um ser invisível. Eu estava prestes a xinga-lo, mas o mascote pegou a bola e simplesmente fez uma cesta.

O time adversário reclamou e obviamente não contou ponto, mas a dancinha que o mascote fez para zombar de Nate me fez perder as forças e cair sentada no chão, chorando de tanto rir.

No final, ganhamos. Não foi um jogo difícil, mas foi, de longe,o mais divertido da minha vida.

Nate estava sentado no banco com a cara fechada quando o mascote veio por trás dele e jogou todo o suco de laranja. Geralmente fazem isso com os treinadores, mas ele tinha feito de sacanagem só pra molhar o Nate.

Estava no vestiário revendo a confusão pelo vídeo que Maria me mandou, e rindo mais uma vez com as maluquices do mascote, quando ele mesmo apareceu no vestiário onde eu estava.

ㅡ Pensei que não queria ver o Nate jogando no seu lugar. ㅡ Sorri para ele.

Ele tirou a cabeça do cachorro e lá estava ele, suado pela fantasia, mas com um sorriso imenso no rosto.

ㅡ O cara que faz o mascote estava ocupado hoje, sabe? ㅡ James sorriu.

•••
Continua...

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