Já ouvi milhares de vezes a história sobre como o primeiro beijo da minha mãe tinha sido com meu pai e sobre como isso significou muito pra ela. Criei uma certa expectativa com relação ao meu primeiro beijo, mesmo não fazendo o estilo romântica.
Quando James me beijou naquela biblioteca e eu vi o meu primeiro beijo indo embora com um idiota que eu nem conhecia, percebi que eu não era romântica por um motivo: eu não nasci pra isso. Não nasci para ser uma boa namorada, para sentir ciúmes, para suspirar por alguém.
Mas, caramba, eu senti borboletas!
De repente me senti bem pelo meu primeiro beijo ter sido com ele. E, meu Deus, eu não pude notar isso no primeiro, mas James beijava muito bem.
Nos separamos e eu tampei minha boca com a mão, desacreditada do que tinha acontecido. Foi como se minha ficha tivesse caído e eu comecei a rir.
ㅡ Ta rindo de que? ㅡ Ele perguntou, rindo também.
ㅡ Esse namoro devia ser falso. ㅡ Me escorei na porta e cruzei os braços.
ㅡ Ta querendo dizer o que? ㅡ Ele apoiou as mãos na porta, ao meu redor.
ㅡ Nada. ㅡ Sorri maroto e ele sorriu também. James estava mais bonito do que nunca e eu não conseguia parar de rir dos meus próprios pensamentos.
Ele, com certeza, estava me achando maluca, mas nunca pensei que pensaria esse tipo de coisa. Que olharia para James e o acharia bonito. Que olharia para ele e teria vontade de puxar a gola de sua blusa e beija-lo quantas vezes pudesse.
Não sei se James estava mesmo me achando doida, mas se estava, ele disfarçou. Pois apenas riu junto e me abraçou.
ㅡ Você tem que voltar pra festa. ㅡ Ele indicou a sala da minha casa. ㅡ Seus pais estavam super animados lá quando cheguei.
ㅡ É, eles são bem mais festeiros do que eu. ㅡ Encarei o jardim pela porta. ㅡ Vou sentir falta deles.
ㅡ Eles já viajam amanhã? ㅡ Ele perguntou tirando a franja do meu rosto.
ㅡ Sim. ㅡ Assenti.
ㅡ E você está aqui? Elena, é seu aniversário e meio que uma festa de despedida. Seus pais vão ficar fora um mês, não pode passar a festa aqui. ㅡ James segurou meus ombros e me impulsionou de volta até a sala.
Resultado: meus pais se cansaram rapidamente e subiram para o quarto deles. A festa, porém, não terminou. As músicas continuaram e eu mesma já estava exausta quando TQJ da Shakira e Karol G começou a tocar.
Eu já estava sentada no sofá, mas fui obrigada a levantar só pelo olhar de Maria para mim.
Estava tocando várias músicas aleatórias em inglês. Algumas eu conhecia, outras não. Quando aquela começou, senti que não conseguiria ficar sentada vendo aquele povo dançar. É xenofobia dizer que eles são duros demais para dançar esse tipo de música? Acho que sim, né. Vou ficar quieta.
Ri do meu próprio pensamento e me misturei entre as pessoas. A batida da música começou a tocar e Maria e eu começamos a dançar. Como da última vez, a maioria apenas deu espaço e ficou gritando enquanto dançávamos.
Eu estava feliz, mas não podia deixar de pensar em como esse povo que não me conhece ou que só me conhece de vista deve achar que sou uma pessoa incrivelmente sociável por estar dando uma festa daquela proporção e por " conhecer " o colégio todo.
Eu estava dançando o refrão da música quando percebi James perto da escada. Ele estava junto de Jamal e mais alguns caras do time. Seus olhos estavam focados em mim e ele não parava de sorrir.
Jamal empurrou o ombro dele, o zoando. Ele apenas riu, deu um gole na bebida que estava em sua mão e voltou a olhar para mim.
ㅡ O que aconteceu entre vocês? ㅡ Maria entrou na minha frente, cortando a minha visão de James.
ㅡ Do que tá falando? ㅡ Me fingi de sonsa.
ㅡ Vocês dois estão muito esquisitos desde que voltaram da cozinha. E o James não para de te encarar com cara de bobo. Estão... Se olhando diferente. ㅡ Ela me analisou com os olhos semicerrados e eu comecei a olhar em volta para evitar os olhos suspeitos dela.
ㅡ Impressão sua. ㅡ Disse numa tentativa de disfarçar.
Eu poderia ter contado pra ela. Talvez James conte. Eu só não contei porque ainda estou meio incerta e indecisa com relação ao que realmente está acontecendo.
Dizer que aconteceu um beijo logo levaria à pergunta: estão namorando de verdade? E eu, sinceramente, não sei responder isso. Não sei o que James responderia e nem sei se isso vai acontecer.
A palavra " namoro " me apavora de muitas formas. Como eu já disse, na minha cabeça, não nasci para essas coisas de romance. Sinto que uma hora ou outra quem quer que fosse meu namorado, perceberia isso e tudo acabaria muito mal.
Sem contar com aquela coisa de eu sempre me afastar das pessoas sem motivo aparente. E se eu acabasse me tornando uma péssima namorada que se afasta do nada? E se não der certo por minha causa e eu acabar magoando o James?
Eu certamente me sentiria muito mal se fizesse aquele bobo se entristecer.
" ah, Elena, mas você não pretende namorar nunca? " é claro que sim, mas para mim algo assim só iria rolar quando eu estivesse, sei lá, na faculdade. E com a terapia em dia. Não agora.
O negócio é que eu olhava para James agora, rindo com seus amigos, eu gostaria muito de poder dizer que sim! Ele é o meu namorado. O cara se importa comigo e eu nunca me senti tão bem perto de alguém antes.
Se outro ser humano me irritasse no nível que ele me irritava e ainda me irrita as vezes, eu jamais suportaria. Mas, com ele...
Droga, eu quero muito isso. Não quero que seja só um namoro falso. Mas, não tenho coragem de ter iniciativa nenhuma.
Percebi que estava me preocupando demais e tentei focar apenas naquele momento. No meu aniversário. O que quer que vá acontecer daqui para a frente, será problema da Elena do futuro. No momento... Quero me divertir e agir como se esse dilema não existisse.
O que será... Será.
•••
Continua...
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Coração em Jogo
RomancePuerto Vallarta, México, era o seu lar desde criança. Elena Flores tinha uma vida simples, morando com seus pais, indo a escola e fazendo parte do time de basquete. Porém, tudo muda quando sua família ganha na loteria e decidi se mudar para Los Ange...