Paramos numa praça a caminho de casa onde James saiu do carro apenas para me comprar uma pipoca e voltar para o carro. Ele jogou o saco gigantesco de pipoca no meu colo e voltou a andar com o carro.
Ao longe, a cima do mar, já era possível ver os relâmpagos cortando o céu escuro da noite.
Um temor começou a doer no fundo do meu peito, então me abracei ao saco de pipocas e respirei fundo.
ㅡ Você quer que eu vá mais rápido? ㅡ James perguntou se preparando para acelerar o carro.
ㅡ Não precisa. ㅡ Olhei pela janela e observei a cidade até chegarmos na rua de nossas casas. Algumas gotas finas de chuva já estavam pingando lá fora quando saí do carro com o saco de pipocas em mãos. ㅡ Obrigada, James. ㅡ Acenei pela janela.
James não disse nada, apenas assentiu uma vez com a cabeça com um sorriso no canto dos lábios.
Corri para casa antes que a chuva aumentasse e comecei a minha rotina de dia de chuvas intensas. Fechei as cortinas do meu quarto, coloquei fones de ouvido e deitei na cama para assistir algo enquanto comia o saco de pipocas.
Minha mãe vinha me ver a cada dez minutos para se certificar de que eu estava bem. Ela sabia do meu trauma e por muito tempo fiquei nos braços dela quando uma chuva assim acontecia, mas eu aprendi a me distrair sozinha para não incomoda-la.
A chuva estava intensa lá fora. As vezes a série estava silenciosa e eu conseguia ouvir as trovoadas lá fora, mas eu me agarrava ao saco de pipocas e a coberta e tentava me acalmar.
Eu esperava muito um dia poder apreciar um dia de chuva de novo sem sentir medo ou vontade de chorar.
( Narrado por James )
Já fazia uns vinte minutos que eu estava parado, sentado sobre a minha cama de frente para a janela, olhando na direção da casa da Elena. A chuva estava muito forte lá fora, relâmpagos iluminavam o céu e trovoadas causavam estrondos.
Eu nunca dei a mínima para chuva. Só que agora eu sentia que me preocuparia sempre que uma tempestade assim acontecesse. Como eu estava agora. Estava preocupado.
ㅡ Por que ta sentado no escuro? ㅡ Ouvi a voz do meu pai e a luz do meu quarto se acendeu. Olhei para trás, encontrando meu pai na porta. ㅡ Você ta bem?
ㅡ To. ㅡ Voltei a encarar a janela.
ㅡ Tem certeza? ㅡ Ele voltou a perguntar depois de ficar uns segundos em silêncio.
ㅡ Tenho, eu só to... Pensando na semana de provas que ta chegando. ㅡ Menti. Eu não ia falar com meu pai sobre isso. Ele era um grande pai, mas eu não achava o mesmo com relação ao seu lado " homem ". Um cara que traiu a minha mãe, não pode me dar conselhos amorosos.
Balancei a cabeça quando ouvi meu próprio pensamento.
Não preciso de conselhos amorosos. Não é isso o que sinto pela Elena. Pelo menos eu espero que não.
ㅡ Provas, né? ㅡ Ele parou ao meu lado e olhou na mesma direção da janela. ㅡ Esse é o novo nome que se dá a quando se está afim de alguém? Pensei que fosse crush.
ㅡ Ta falando do que? ㅡ Olhei pra ele, que se sentou ao meu lado.
ㅡ Você é meu filho, James. Eu conheço você.
Continuei o encarando esperando que ele fosse mais específico.
ㅡ Acha que eu não percebi que você ta afim da sua nova vizinha? Você fala sempre dela, vive dando carona e a Maria disse que vocês já andavam juntos na escola antes mesmo de vocês começarem esse namoro falso. E esse namoro falso também é meio suspeito. Por que faria tanta questão de defende-la desses boatos?
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Coração em Jogo
RomancePuerto Vallarta, México, era o seu lar desde criança. Elena Flores tinha uma vida simples, morando com seus pais, indo a escola e fazendo parte do time de basquete. Porém, tudo muda quando sua família ganha na loteria e decidi se mudar para Los Ange...