( Narrado por Elena )
Eu não tinha percebido o quanto sentia falta da adrenalina de um jogo. Os gritos da torcida, as vozes das animadoras, os apitos, as reclamações, o som da bola batendo no chão, o medo de perder e a euforia por ganhar.
As provocações, a vontade de chutar alguém, os olhares virados, a rara educação de alguns jogadores... Eu amava aquilo.
Quando o jogo acabou e James e eu deixamos o nariz daquele idiota sangrando, música começou a tocar, a torcida da nossa escola tomou a quadra e meus pais vieram na minha direção com aquelas blusas verdes cintilantes.
ㅡ Ah, querida, você jogou muito bem! Eu estava com receio de você jogar no meio desses garotos de dois metros de altura, mas você se saiu bem, como sempre. ㅡ Minha mãe sorriu.
ㅡ Cadê aquele palhaço que puxou seu cabelo? ㅡ Meu pai perguntou, olhando ao redor com uma expressão irritada no rosto.
ㅡ Relaxa, pai, ele já teve o que merecia. ㅡ Ri ajeitando a joelheira na minha perna.
ㅡ Elena!! ㅡ Alguém pulou em mim. ㅡ Você arrasou! Eu não entendo nada de basquete, mas na minha cabeça, você arrasou. ㅡ Maria sorriu para mim. Seu cabelo estava preso em duas marias chiquinhas, com fitas verdes penduradas.
ㅡ Ainda bem que vocês ganharam, porque eu saí de casa num sábado a noite e isso é uma coisa rara. ㅡ Flora disse nos fazendo rir. Ela também estava com fitas verdes no cabelo e dois traços de tinta nas bochechas.
ㅡ Obrigada por vir, Flora. ㅡ A abracei de lado. ㅡ Sei que para você é um graaaaande sacrifício sair de casa.
ㅡ É mesmo. Pra ir no meu aniversário, eu tive que buscar ela em casa. ㅡ Maria disse rindo também.
ㅡ Oi, gente. ㅡ Bela apareceu na nossa frente. A quadra ainda estava lotada de pessoas. Famílias tirando fotos com seus jogadores, amigos conversando, gente rindo. Bela estava com um sorriso largo que logo já não estava mais direcionado para nós, mas para Nate, que se aproximou.
ㅡ Nada mal, chica. ㅡ Ele piscou pra mim.
ㅡ Tem tanto hétero nojento aqui, acho que vou embora. Vou caçar meu irmão. Feliz aniversário, Elena! ㅡ Maria acenou sumindo pela multidão.
ㅡ É seu aniversário? Parabéns! ㅡ Flora me abraçou. ㅡ Eu ficaria mais, mas minha bateria social acabou na metade do primeiro período do jogo.
ㅡ Tudo bem, Flora. Só de você já ter vindo, já agradeço. ㅡ Flora também sumiu por entre as pessoas.
Bela também, na verdade, eu nem tinha visto para onde ela tinha ido.
ㅡ Vamos, filha? ㅡ Minha mãe me chamou e eu olhei ao redor. Queria falar com James antes de ir, ao menos perguntar se foi ele quem me deu o cordão, mas não o vi em lugar algum.
ㅡ Vamos. ㅡ Assenti.
ㅡ Graças a Deus, to morrendo de fome e doido pra tirar esse farol verde de mim. ㅡ Meu pai saiu andando pela quadra. Minha mãe e eu rimos antes de segui-lo.
Deixamos o colégio para trás. O carro dirigia por Los Angeles a noite e eu só conseguia pensar no quanto a minha vida tinha mudado e no quanto eu me sentia feliz naquele momento. Eu realmente estava precisando de um bom jogo. E de dar um soco na cara de um idiota.
Meu pai dirigiu até em casa e a primeira coisa que notei foi o tanto de carro estacionado na nossa rua.
ㅡ Vocês não fizeram o que eu acho que fizeram, né? ㅡ Saí do carro depois que meu pai estacionou na garagem.
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Coração em Jogo
RomancePuerto Vallarta, México, era o seu lar desde criança. Elena Flores tinha uma vida simples, morando com seus pais, indo a escola e fazendo parte do time de basquete. Porém, tudo muda quando sua família ganha na loteria e decidi se mudar para Los Ange...