20_ Almoço de domingo

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ㅡ Jamal? ㅡ Chamei por ele que logo olhou pra mim. ㅡ Para de ser chato. ㅡ Ignorei seu pedido de beijo e entrei no carro.

James falou algo com ele ao lado do carro, algo que Jamal riu e foi embora acenando para mim e para Maria.

James era bonito, e agora estava me ajudando, mas beija-lo? Ele já tinha roubado o meu primeiro beijo e eu não estava disposta a beija-lo de novo.

James entrou no carro logo depois e me deixou em casa. Me despedi dele sentindo minha cabeça latejar. Eu tinha bebido demais e agora só queria um banho e um prato de comida. Meu Deus, como eu estava com fome.

[...]

ㅡ ¡Dios mio! ㅡ Encarei a mesa que minha mãe preparou para o almoço de domingo. ㅡ Quantas pessoas vão vir almoçar aqui? Pensei que fosse só a família do James.

ㅡ Isso mesmo. ㅡ Minha mãe assentiu enquanto uma mulher colocava outro prato na mesa com guacamole. ㅡ Essa é a Ambar, Elena. Nossa cozinheira. ㅡ Minha mãe disse encarando a mesa como se analisasse cada detalhe do que estava ali.

ㅡ Oi. ㅡ Sorri para a mulher que apenas me cumprimentou com a cabeça e saiu do cômodo. Eu imaginei que com uma casa daquele tamanho teríamos empregados uma hora ou outra, mas ainda era estranho ver outras pessoas andando por nossa casa e arrumando as coisas.

ㅡ Acho que está tudo pronto. Cadê o seu pai?? Dom!! ㅡ Minha mãe saiu da sala de jantar chamando pelo meu pai, me deixando sozinha com aquele banquete repleto de pratos típicos mexicanos e alguns comuns dali mesmo.

Talvez eu devesse fazer James provar um desses pratos apimentados. Ele quase morreu da última vez.

Roubei uma batata frita da travessa e fui até a sala. Era um domingo de sol lá fora e eu estava pensando seriamente em correr até lá fora e pular na piscina. Uma pena que eu já estava arrumada.

Coloquei um vestido florido de tecido leve que batia na metade da minha coxa. Ele era azul e branco e mesmo sendo tão fresco, eu estava morrendo de calor.

ㅡ Dom, você ainda não se arrumou? ㅡ Minha mãe desceu as escadas atrás do meu pai, que vestia uma bermuda, uma camisa sem mangas e chinelos de dedo.

ㅡ Como não? ㅡ Meu pai olhou para ela com os braços abertos. ㅡ É um almoço em casa.

Minha mãe o encarou com a expressão de que ela o conhecia suficiente para saber que ele não trocaria de roupa. Então bufou e desceu as escadas abanando as mãos. Minha mãe também estava de vestido, só que um longo e amarelo.

ㅡ Eu não vou colocar calça nesse calor. ㅡ Meu pai resmungou se sentando no sofá.

A campainha tocou dois segundos depois do meu pai ter sentado, o que o fez enrugar o rosto numa careta e se levantar novamente para ir até a porta.

ㅡ Bom dia! ㅡ Meu pai abriu a porta com um sorriso e deu espaço para eles entrarem. ㅡ É um prazer recebê-los.

ㅡ Olá, Senhor Flores. É um prazer estar aqui. ㅡ James, o pai, cumprimentou meu pai e entrou na sala.

Logo atrás dele entraram a mulher dele, Maria e James, com cabelo molhado e um sorriso idiota nos lábios. Contudo, seu sorriso logo se escondeu quando ele encarou meu pai.

ㅡ Como vai, garoto? ㅡ Meu pai estendeu a mão para ele. O tom de sua voz era aquele de pai tentando parecer bravo.

ㅡ Bem, senhor. ㅡ O tom de James foi de cara apavorado.

Meu pai fechou a porta e minha mãe começou a conversar com os pais deles. Maria parou ao meu lado enquanto James andava pela sala, olhando as coisas, provavelmente tentando despistar o meu pai.

ㅡ Como acha que eles vão reagir quando o James contar do namoro? ㅡ Maria perguntou parada ao meu lado.

ㅡ Eu não sei. Meu pai já com um pé atrás com ele. ㅡ Cruzei os braços.

ㅡ Bom... Vamos no seu quarto? ㅡ Ela sorriu mudando completamente de assunto.

ㅡ Vamos tomar um café até o almoço ficar pronto? ㅡ Minha mãe perguntou para eles.

Meus pais e os pais de James saíram da sala e eu e Maria subimos as escadas.

ㅡ Vem também, James. Você é o namorado mesmo. ㅡ Maria disse do topo da escada.

James a encarou de olhos arregalados com medo de alguém ter ouvido e nós duas subimos rindo.

ㅡ Seu quarto é tão bonito. Que inveja dessa vista. ㅡ Maria correu para minha sacada.

ㅡ Eu ainda nem terminei de decorar. ㅡ Observei a bandeira do México pendurada na parede. ㅡ Não sou boa nessas coisas.

ㅡ Você vai participar dos trotes?

ㅡ Que trotes? ㅡ Me joguei na cama e encarei o teto.

ㅡ Vai ter trotes? ㅡ James resmungou, o que me deu um susto, porque eu nem ao menos tinha notado que ele estava parado na porta.

ㅡ Vai e não reclame. Você reclama todo ano. ㅡ Maria se virou para ele com os braços cruzados.

ㅡ É porque sou obrigado a ir vestido de palhaço todo dia. ㅡ Ele resmungou novamente se escorando no batente da porta.

ㅡ Como são os trotes? ㅡ Ergui meu tronco para me sentar.

ㅡ A gente se veste de coisas aleatórias durante a semana. Tipo... ㅡ Maria sacou o celular e ficou uns segundos mexendo nele. ㅡ Amanhã vamos todos vestidos no estilo VSCO.

ㅡ Vsco? ㅡ James perguntou confuso.

ㅡ Eu amava a época das vsco girls. ㅡ Maria sorriu. ㅡ Vibe de garota praiana, scrunchies, blusões com estampadas de estados, um monte de pulseiras nos pulsos, cordão de conchas, ecobags...

ㅡ Eu me lembro disso. Os coques mal feitos e mochilas kanken. ㅡ Comentei e percebi a cara de confusão em James. ㅡ Você morava numa caverna?

ㅡ Pelo visto, sim. ㅡ Ele respondeu olhando para minha cômoda ao lado da porta e pegando um porta retrato. Provavelmente era uma foto minha.

Beyoncé começou a tocar no meu quarto. Era o celular de Maria.

ㅡ O que foi, Bela? ㅡ Ela levou o celular até o ouvido. ㅡ Não dá, eu to ocupada. ㅡ Eu e James permanecemos em silêncio. ㅡ Não dá cara, quer que eu faça o que? ㅡ Maria mostrou o dedo indicador e saiu do quarto.

ㅡ Você conhece a Bela? ㅡ Perguntei.

ㅡ Mais ou menos, por que?

ㅡ Não sei, ela as vezes fala umas coisas que não fazem sentido. ㅡ Tipo quando disse que o cara da turma de música dava em cima dela, mas quem eu vi olhando pra ele o tempo todo foi ele. Ou ontem quando ela disse que tinha um cara secando ela, e o cara não estava nem olhando pra ela.

ㅡ Nunca reparei. Não conversamos muito.

Deixei pra lá balançando a cabeça.

ㅡ Já sabe o que vai dizer pro meu pai?

ㅡ Sei, eu acho. Mas, só vou dizer se me prometer que posso te usar de escudo se ele tentar me matar.

ㅡ Ele não vai tentar te matar. Não com o seu pai no mesmo cômodo. ㅡ Me levantei da cama. ㅡ É só você explicar direito.

[...]

ㅡ Senhor Flores... ㅡ James chamou por meu pai em meio ao almoço, quando todos já estavam sentados na mesa e tinham acabado de se servir. ㅡ Eu quero fingir namorar sua filha. ㅡ Todos o encararam como se ele tivesse ficado maluco. Inclusive eu.

ㅡ Como é que é? ㅡ Meu pai o questionou.

•••
Continua...

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