Está escuro no seu castelo. Desde que Xavier foi embora, só tem estado escuro. Você suspira fundo enquanto se recolhe para seu quarto. Você tira seu vestido e veste sua camisola de seda enquanto vai até sua mesa e se senta. Você escreve em seu diário, detalhando coisas que aconteceram durante o dia — coisas que você teria dito no ouvido de Xavier enquanto ele acariciava seus cabelos macios, com um sorriso fácil no rosto enquanto ele cantarola atentamente.
Claro, algumas coisas são minúsculas — como o padeiro na praça da cidade que lhe deu um pão extra de graça em vez de cobrar, como o caçador de luz arrogante caiu do cavalo que estava montando depois de se gabar de suas extraordinárias habilidades equestres (que fique claro, o cavalo deu um relincho satisfeito antes de saltar para fora), até mesmo a sopa que você pediu. Foi estranho não tê-lo lá para detalhar cada ponto da sua vida. Ele se tornou parte de você. Ele compartilhou seu sucesso, suas perdas, tudo, e agora... quem sabe onde ele está? O que ele está fazendo? Ele está pensando naquela garota que ele deseja salvar? Aquela por quem ele abandonou seus amigos?
aquele que te abandonou abandonou ?
esses pensamentos trazem uma dor surda ao seu peito enquanto você continua escrevendo. conforme você faz isso, a dor parece diminuir momentaneamente, a tinta agindo como suas lágrimas enquanto elas pontilham a página a cada traço de sua caneta. por que você não foi corajosa o suficiente para contar a ele seus verdadeiros sentimentos? parecendo mal, ele deixou isso tão óbvio: o broche, seu ciúme de Jeremiah, a proposta real de fuga. os sinais estavam lá, mas você foi muito imprudente para ficar ao lado dele como um cavaleiro. seu aperto na caneta fica mais forte enquanto você imagina a garota que ele ama esperando que ele a resgate. você podia vê-la agora — seu oposto polar. pela sua personalidade, sua aparência, cada falha que você tinha era um contraste gritante com a beleza etérea dela que você conteve em seu cérebro.
Esses pensamentos o atormentam tanto que você não percebe as batidas repetitivas que vêm da janela ao lado da cama. Eles fazem você largar a caneta enquanto olha para a fonte do barulho. Seus olhos se arregalam. Não pode ser. Eles devem estar me pregando peças, você pensa enquanto pisca continuamente. No entanto, não importa quantas vezes você tente desfocar a visão, ela não desaparece.
é ele mesmo.
xavier não hesita em pular pela janela no minuto em que você o deixa entrar. seu uniforme de buscador de luz está amassado de batalhas sabe-se lá contra o quê e onde. seus olhos azuis parecem mais opacos do que quando vocês se despediram há tantos anos. as olheiras parecem mais proeminentes e seu cabelo loiro claro parece mais bagunçado. você luta contra a coceira de passar os dedos por ele para arrumá-lo, ansiando por alguma semelhança com ele dos seus dias na academia. você tem que desviar o olhar de seu olhar intenso. é somente quando você sente seus dedos enluvados tocando sua bochecha que você encontra seus olhos.
“Eu…” ele diz, sem saber o que dizer a você.
suas sobrancelhas franzem. seria um pedido de desculpas? ele explicaria onde esteve todo esse tempo? ou ele simplesmente diria "é o que eu tinha que fazer", deixando o "por ela" pairar no ar, sem ser dito.
Felizmente, você não precisa esperar muito tempo para que ele murmure um entrecortado "senti sua falta".
isso faz seu coração bater forte. isso foi um sonho? xavier — seu xavier — voltou para você? isso não pode estar certo, no entanto. ele foi embora, deixando para trás uma miríade de promessas quebradas em seu rastro. então por que agora? por que ele está de volta agora?
suas sobrancelhas franzem, "você fez?"
o olhar intenso dos seus olhos azuis não diminui diante do seu tom acusatório, muito pelo contrário. antes que você possa dizer outra palavra, a outra mão vestida dele vem levantar seu queixo para trazer seu rosto até o dele, moldando seus lábios.
