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Quando olho para aquela cena só sabia me curvar e pedir desculpas com a voz trêmula e baixa.

Ao contrário de muitas amigas que pulariam neles, eu queria sumir, mal olhei pra eles e fiquei sem saber como agir. Um homem de terno, bem arrumado, e alto, se aproximou de mim e falou:

Vocês tentam de tudo mesmo! Quem é você?

Não consigo falar, mas de alguma forma juntei algumas sílabas e saiu.

Anna: Me desculpa, me chamo Anna, só vim trazer a comida do meu tio.

Menti.

O Homem bem vestido faz uma cara estranha e diz:

Essa é nova! Anna, você consegue me dizer como conseguiu entrar aqui?

Olhei pra ele e falei logo:

Anna: Olha me desculpa mesmo, eu estou vendo ele ali, só vou entregar a comida e vou embora, não quero atrapalhar.

Olho para o tio da Sam que queria me matar, vou passando pelas pessoas e deixo a comida com ele.

Tio da Sam: A gente conversa depois!

Ele me conhece de alguns almoços de família que as vezes participava na casa da Sam.

Abaixo a cabeça em afirmação e vou saindo em direção a porta, escuto os meninos rirem, e o cara alto arrumado diz:

Ei mocinha, você pode me ajudar? Você arruinou a gravação do comercial mesmo.

Olho com cara de dúvida, minha nossa é tão difícil sair daqui. Faço que sim com a cabeça.

Anna: Tudo bem.

O nome dele era diretor Li, ele se apresentou como empresário dos meninos e disse que o tradutor deles havia faltado e que estava difícil de se comunicar com o ator em espanhol, que o homem não falava nada de inglês. Ele me perguntou se eu realmente falava a língua corretamente.

Anna: Sei sim.

Senhor Li: Por favor Anna, se puder me ajudar, vou ficar muito grato.

Ajudei ele no que precisava, até esse momento não olhei para nenhum dos meninos, o diretor Li agradeceu a ajuda.

Senhor Li: Vem aqui conhecer os meninos!

Fiz um aceno em negativa com a minha mão, achei que seria suficiente, a essa altura, com toda certeza, já seria mandada embora do meu emprego.

Senhor Li: Não gosta deles?

Assustei com a pergunta e percebi que isso chamou a atenção dos meninos que olhavam pra mim atentos.

Respondi trêmula, me sentindo corar:

Anna: Senhor Li, eu trabalho e acho que pela minha demora já perdi meu emprego, admiro os meninos, eles são incríveis e sou grata por vocês não terem gritado comigo ou feito qualquer outra coisa por ter entrado aqui com um placa lá na portaria bem grande dizendo que era proibido.

Os meninos riem, eu continuo:

Anna: Mas talvez se eu correr e inventar uma bela desculpa eu ainda mantenha o meu trabalho, fiquem tranquilos não vou falar nada pra ninguém e nunca mais vou trazer comida pra ninguém.

Olho para o tio da Sam que me fuzila com os olhos.

O Diretor Li olhou pra ele vendo como eu estava com medo, sorriu e disse:

Senhor Li: Boa menina! Gostei de você Anna, sinto muito pelo seu emprego, você fala mais línguas estrangeiras?

Faço sim com cabeça.

Quando era pequena meus pais tinham um programa de viagens famoso, viajávamos o mundo e aprendi vários idiomas.

Sinto tanta saudade deles.

Senhor Li: Isso é bom, caso você perca seu emprego, temos uma vaga de meio período na empresa.

Ele faz um estalo com os dedos e me entregam o cartão dele. Pego com a mão trêmula, ele percebe que eu estou nervosa com a situação.

Chama os meninos que ficam na minha frente, eles fazem reverência pra mim e agradecem a ajuda.

Os sete: Obrigado Anna!

RM: Boa sorte no seu trabalho!

Jin: Você nos ajudou muito hoje!

Eu faço reverência pra eles também, sorriu, me despeço e saio de lá o mais rápido que posso.

Que vergonha!

Eles merecem o sucesso que tem, não sou ninguém e eles foram tão educados comigo, era o que pensei no caminho de volta pra casa, depois ser mandada embora do restaurante.
Nas minhas mãos estava o cartão com o endereço que o senhor Li me pediu para procurá-lo, é o endereço da Big Hit.

Imagina trabalhar pra eles? Quando os sete vieram me cumprimentar, me trataram com respeito, foram atenciosos. Só um deles me olhava de cara fechada, o JungKook. Acho que ele estava irritado.

Passo pela portaria do condomínio que moro e quando chego na frente da minha casa respiro fundo e entro para mais uma noite de terror naquele lugar, espero que aquele homem não tenha bebido, era o que desejava, mas para a minha não surpresa a casa estava cheirando álcool, tinha garrafas no chão e minha tia, com quem morava e tinha minha guarda, estava com o rosto machucado com um corte, tentei ajudá-la, mas ela mal me olhou, ela nem se importa com ela mesma e muito menos com a casa, eu ainda lembro quando esse lugar era um lar, e me dói não ter meus pais aqui e nem minha avó.

Meus pais morreram quando tinha seis anos de idade, em um acidente, minha guarda ficou pra minha vó, mas ela faleceu dois anos depois e eu fiquei com a minha tia, irmã da minha mãe e seu namorado, que foi juiz do meu testamento e da indenização que recebi pelo acidente dos meus pais.

Coloco minha tia na cama dela, vou para o meu quarto e lá está ele, meu tio, me esperando, meus olhos começam a arder, meu corpo treme, ele me vê e senta na cama.

Tio: Bem na hora mocinha linda, está bem gostosinha hoje, vem fazer um carinho no seu tio.

Ele está completamente bêbado.

Saio do quarto correndo e vou para a varanda da casa, ele sempre faz isso, e depois vai para o sofá dormir, sempre diz que vai ter um dia que não vai me deixar escapar, fico apavorada, só queria chegar em casa e poder dormir, só queria poder viver tranquilamente, mas pra ajudar estou desempregada.

Será que eu devia ir até o Senhor Li?

Seco minhas lágrimas enquanto penso no que fazer, olho pro céu e suplico por ajuda pra que essa vida melhore de alguma forma e que por algum milagre eu poça ser feliz ou que criasse coragem pra acabar com esse sofrimento, com a minha vida.

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