Minha amarga vida

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ANNA:

Quando chego em casa me sinto feliz, fechei o portão esquecendo o que me espera toda noite.

Quando entrei vi eles brigando, tentei passar e me trancar no quarto, mas ele me viu e foi atrás de mim, me puxou pelo cabelo e começou a gritar, dizendo que estava na hora de virar a mulherzinha dele.

Ele vem pra cima de mim e eu empurro ele, ele volta e começa a me bater,  me  xingar de coisas horrorosas, ele puxa minha saia, eu bato nele com a força que tenho, então ele rasga a minha camisa da escola e começa a me olhar  de um jeito horrível, então continuo o empurrando, eu gritava tanto, mas ninguém ouvia, minha tia olhava e não fazia nada, de tanto bater nele, ele bateu no meu rosto, eu continuei chutando e chorando, ele tirou o cinto da calça e me disse que eu n escaparia, chutei mais uma vez, então ele começou a me bater de cinto, eu já estava sem força, estava apanhando muito, aquilo era horrível, minha tia deu um grito e acertou a cabeça dele com um vazo.
Ele caiu na minha frente, ele podia ter morrido ali, era o que eu desejava, mas não morreu, apenas desmaiou.
Minha tia olhou pra mim, e quando achei que receberia algo bom dela, ela me deu outro tapa na cara e disse q a culpa era minha, que era pra eu sumir da frente dela.

Entrei no meu quarto desesperada, chorando muito, eu precisava fugir, precisava sair daquele lugar, precisava de dinheiro. Eu não faço nada, absolutamente nada, e recebo isso, olhei no espelho e estava toda marcada da surra que levei, meu uniforme rasgado, deitei na cama e chorei, chorei muito, mal dormi e o sol nascia. Então pensei  no pq não acabo com isso? Pq não dou fim na minha vida logo de uma vez? Eu apanho direto, hoje foi o pior, viro de lado na cama e meu corpo lateja. Eu não aguento mais as ameaças de abuso, das mãos dele sempre querendo tocar o meu corpo, não aguento viver na sujeira, na bagunça. Enquanto eu estiver viva ele vai me atormentar, me ameaçar...

Ele bate na porta do meu quarto.

Tio: Gostosinha do titio, não adianta trancar a porta do seu quarto, quer ficar sem porta de novo?

Uma vez eu me tranquei no quarto depois dele passar as mãos na minha perna e bater no meu rosto, eu tinha uns 14 anos, eu fiquei com tanto medo, ele quase arrebentou a porta, quando voltei da escola em um dia qualquer, ele tinha tirado a porta do meu quarto, lembro de acordar a noite com ele sentado na minha cama, me olhando, parei de dormir, ficava no quarto sentada, com medo dele, não dormia, não comia, assutada, apavorada, com medo, tanto medo, cheguei no limite  da exaustão e um dia na escola desmaiei, me levaram para o hospital, foi quando o Senhor Park descobriu que eu estava passando por algo muito errado, apartir dali  ele começou a tentar minha guarda. Depois disso meu tio ficou com medo e voltou a porta do meu quarto.

Tio: Você está me ouvindo?

Minha atenção volta para o agora e finjo que estou dormindo.

Não tive coragem de sair, por isso perdi aula e não fui para o trabalho, inventei uma desculpa que estava doente. Fiquei trancada em casa o dia todo, não comi nada e sentia muita dor.

Porque eu mereço passar por isso?

No outro dia estava na hora de sair pra trabalhar, não fui a aula de novo, meu uniforme estava horrível, então assim que escutei eles saírem peguei minhas coisas e sai de lá, passei em uma loja e comprei uma camisa nova da escola e fui para a empresa.

Poucas vezes fui trabalhar sem uniforme da escola, meu corpo estava marcado, não queria chamar a atenção de ninguém, então estava com uma calça jeans e um moletom preto, meu cabelo estava solto, tinha marcas que tentei esconder com maquiagem, meu corpo estava muito dolorido, não queria ir, mas precisava.

Quando chego na empresa o senhor Li vem até mim, achei q ele ficaria bravo, mas acho que ele percebeu meu estado, então só perguntou se estava bem para trabalhar e respondi que sim. Ele me pediu para ficar com os meninos, eu não queria, perguntei se não podia fazer outra coisa, acho que não ouviu, ele saiu e pegou o elevador,  então peguei minhas coisas e fui até eles.

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