Trabalhando para o BTS

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Enxugo as lágrimas que caem lembrando do que passei mais uma noite, é difícil, dói viver isso, queria meus pais, queria pode estudar tranquilamente, queria me sentir protegida e amada.

Quando chego à escola, sento no meu lugar, Sam e Tim olham pra mim e percebem que tive uma noite difícil. Tim não sabe, mas desconfia que passo algo na minha casa. Sam sabe de tudo, quase tudo, e também não sabe o que  aconteceu ontem com o BTS, o senhor Li disse enfatizando bem: Sigiloso. Não posso contar, hoje pensei em procurá-lo, eu precisava de dinheiro.

Tim, vendo a minha tristeza, começou a contar piadas sem graça, ele é um bom garoto, alto, com piercing na sobrancelha, cabelo curto e alguns fios na frente dos olhos, seu sonho é ser músico, as pessoas comentam que ele é irmão de um idol famoso, que usa o sobrenome da mãe para ter uma vida normal, nunca perguntei, gostava da nossa amizade e o fato de cuidarmos uns dos outros sem questionamentos me deixava confortável.

Quando a aula acaba, saio sem rumo, meus pés me deixam na frente da HYBE, respiro fundo  e entro, me sinto uma  idiota e volto pra fora, fui e voltei na frente da porta várias vezes até perceber uma câmera me seguindo pra lá e pra cá, fiquei pensando em quem estava olhando e me senti mais idiota ainda.

Decido entrar, a recepcionista olha pra mim rindo, ela assistiu da sua mesa minha incerteza de entrar ou não para dentro daquele lugar. Ela perguntou meu nome,  disse que estava me esperando, falou pra eu entrar no elevador, e apertou 12 andar. Antes da porta fechar me disse: Boa sorte, Anna.

Quando cheguei no andar vi uma sala imensa com janelas enormes, dava pra ver Seul inteira dali, o andar tinha várias divisórias e o Senhor Li apareceu na porta igual assombração, me dando um susto. Ele foi logo falando:

Senhor Li: Anna, estava te esperando, que bom que aceitou o emprego, você deve estar se perguntando porque eu contrataria uma estudante para trabalhar aqui? Bom, os universitários ou os formados são arrogantes, questionadores e pouco confiáveis, isso me irrita, preciso de alguém de confiança, já conferi suas notas e você é uma ótima aluna, estuda em uma boa escola, sobre sua família não achei muita coisa, mas depois falamos sobre isso, já trabalhou em vários lugares né?

Ele me olha e faço que sim com a cabeça.

Senhor Li: Você vai ser tipo  minha secretária, vai trabalhar mais diretamente comigo, aos poucos você vai entender o trabalho.

Ele não parava de falar e andar, eu só sabia segurar as alças da minha mochila. Quando me pergunta os idiomas que sabia, respondi: Inglês, português, espanhol, francês, alemão, chinês, japonês e tailandês. E que estava aberta a aprender mais se precisasse. 

Cruzamos o departamento inteiro, acho que não conseguiria sair dali sozinha, fui me sentindo tão pequena até chegar em uma sala grande, os meninos estavam lá, os sete, comendo e rindo em volta de uma mesa enorme, tinha mais uma moça bem arrumada e um homem, ela era do RH e ele advogado. Pensei na Sam, ela com certeza cruzaria essa mesa e daria um beijo no Jimin.

JUNGKOOK:

Senhor Li nos chama avisando que a Anna havia chegado e pediu pra esperarmos por ela, eu não via o porque disso, nem entendi porque ele ofereceu trabalho pra ela, nenhum de nós entendemos.

Ele tinha certeza que ela o procuraria e foi engraçado quando hoje cedo ele nos contou que já tinha feito uma pesquisa sobre ela com as informações que seu tio, que não era seu tio e sim tio da sua amiga, lhe passou. Senhor Li disse que gostou da postura dela, uma adolescente não se controlaria como ela ao nos ver.

Ela falou espanhol com uma facilidade e era até bonito de ouvir, não teve como não admirar, mas ele oferecer emprego pra ela, isso já era demais. Eu estava de saco cheio, ninguém daquele cargo nos respeitava, a última foi tão filha da puta que prometi nunca mais tentar ser amigo de um funcionário de novo, o sucesso fez com que os funcionários novos da empresa não nos enxergassem como humanos muitas vezes.

O Advogado ria olhando para câmera no seu celular e vendo a Anna decidindo se ia entrar ou não, ele ligou na recepção e disse que ela tinha autorização pra subir.

Eu tentei conter o riso, de alguma forma ela era fofa, e eu gostava de pronunciar seu nome, eu não ia facilitar sua vida aqui, quando tivéssemos juntos a trataria com frieza.

Ela entra e o Senhor Li começa a falar, ela mal nos olha, parece não se importar, eu não queria estar aqui, tinha mais o que fazer, e ela uma hora ou outra mostraria que era como os outros: falsos e interesseiros. Ela não ia durar.

ANNA:

Quando sentei olhei pra minha roupa, um uniforme dois números maiores do que devia usar, meu cabelo estava com um rabo de cavalo mal feito e minha cara ainda tinha alguns resquícios de uma noite de choro.

Minha nossa o BTS está na minha frente e eu aqui horrível, tudo bem, estou  aqui pelo dinheiro.

Eles começaram a falar sobre o que eu podia ou não fazer e entre: guardar segredo sobre tudo, absolutamente tudo e não poder me apaixonar por nenhum deles, eu escutei uma risada do JungKook. Ok eu sei que não faço perfil de namorada de Kpop, mas ele não precisava rir, ele não queria estar ali, era evidente, os outros até que me olhavam de forma gentil.

Senhor Li: Anna, é importante que você veja os meninos como qualquer outra pessoa que trabalha aqui. Mas se um dia você se relacionar com um deles, você não pode falar nada, absolutamente nada, senão você vai ser processada pela empresa.

Eu quase dei risada.

Quando eu namoraria um deles?

Anna: Isso nunca vai acontecer, eu não sou ninguém e estou aqui só pra trabalhar.

Eu não tenho coragem de olhar pra nenhum deles nessa hora, isso era constrangedor.

Advogado: Você entendeu essa parte?

Anna: Sim, entendi!

Falo gaguejando.

Advogado: Espero não ter problemas com você.

Anna: Vocês não vão ter.

Agora olho pra eles sete e eles me olham estranho, acho que é pena! Eu tô cada vez mais encolhida na cadeira.

Senhor Li: Aqui, é só assinar.

Eu assino  o contrato e quando vejo o salário fico em choque, era muito dinheiro, nunca ganhei aquilo e com certeza um sentimento de alívio veio em meu coração como a tempos não sentia.

O Senhor Li explicou que não sou uma steff, que trabalho pra ele, mas que teria contato com os meninos. Eu vou começar na segunda-feira.

Saindo da sala, os meninos passaram por mim  com uma bola de basquete batendo no chão, me desejaram boa sorte e JungKook me disse:

JK: Você não vai durar, vai por mim!

Ele  pisca  e me dá um sorriso sarcástico.

O que será que aconteceu pra ele ser assim? Chato! ele sempre me pareceu ser muito legal e divertido nos vídeos. Jin veio logo atrás e deu um tapa na cabeça dele, eu ri, mas logo desfiz o sorriso quando JK  me olhou bravo. Jin disse: 

Jin: Dê uma chance pra ela, ela parece ser uma boa pessoa.

Jk voltou o olhar pra mim, me pediu desculpas.

JK: Até segunda-feira Anna.

Fiz positivo com a cabeça.

Eu não liguei para aquilo, só queria me dedicar ao máximo pra que desse conta do trabalho, aquele salário era minha esperança de conseguir pagar minha faculdade, de ser livre aqui em Seul ou em qualquer lugar.

Fui embora feliz, cheguei me esquivando daqueles dois que estavam  assistindo  BTS passar na televisão, eu olhei e subi para o quarto, fechei a porta e respirei aliviada. Naquele dia, aqueles sete meninos fizeram muito por mim, me deram um salário digno, esperança e prenderam a atenção daquele alcoólatra ao ponto de eu poder dormir em paz essa noite.

No meu coração só existia um sentimento e era gratidão.

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