Me bastando

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ANNA:

Eu paro na frente da casa dos Parks, o Senhor Park aparece, entra no carro e senta no  banco do passageiro, a senhora Park chega no vidro do carro e me pergunta:

Senhora Park: Você tem certeza disso? Realmente acha isso necessário?

Anna: Sim, eu preciso! Por favor, não fique preocupada, vai ser algo  importante pra superar meu passado.

Senhora Park: Se você se arrepender no caminho, volte, por favor. Eu tô aqui, você sabe disso! Estamos preocupados.

Anna: Eu estou bem Senhora Park e eu sei que posso contar você!

Olho para o Senhor Park.

Anna: Com vocês.

Ligo o carro e como o caminho até o presídio onde meu tio está é longo eu ligo o rádio, eu sei que o Senhor Park quer conversar, então fico esperando ele criar coragem, ele sempre foi e é cuidadoso comigo com as palavras.

Senhor Park: Anna,

Eu o olho

Senhor Park: Isso é realmente necessário?

Anna: Sim! Eu não queria te incomodar com isso.

Senhor Park: Nem precisa continuar sua frase, sei bem o que você vai falar, mas acha mesmo que deixaria você ir até aquele FDP sozinha? Eu sei lá o que sua psicóloga disse, o que vocês combinaram, mas eu acho essa ideia ruim, aquele  homem não merece seu perdão.

Anna: Senhor Park, eu preciso me curar, preciso enfrentar o meu passado, isso vai além do perdão. A última vez que o vi foi no julgamento, eu tinha 16 anos ainda. Agora é diferente, talvez não faça sentido para o Senhor, mas se ir lá vai me ajudar a me entender melhor, a me sentir melhor, eu vou tentar, os meus pesadelos só pioram, e meu passado está no presente, dentro de mim.

BTS começa a tocar no rádio do carro e ele para o que estamos falando e me olha com tristeza, eu sabia que ele e o JK mantinham contato.

Senhor Park: Eu estou preocupado, só isso, me perdoa, eu nunca deixaria você ir sozinha,  se você não passasse pra me buscar, eu iria atrás de você com o meu carro.

Dou um sorriso triste, o que está tocando no rádio me dói, me dói muito.

Senhor Park: Se você sente a falta dele, por que não liga?

As lágrimas começam a cair e eu percebo que ele não sabe o que fazer, o choro vem forte, eu paro o carro no acostamento da pista, ligo o pisca alerta, coloco as mãos no rosto e choro. Faz três meses que tinha terminado com JungKook. A dor era insuportável.

Senhor Park: Minha filha, não sofre assim!

Ele me abraça e eu choro de soluçar.

Senhor Park: Anna, vamos voltar?

Anna: Eu não posso, não posso voltar pra minha casa antes de fazer o que tenho que fazer. E eu também não posso ligar pra ele, eu queria muito, mas não posso, eu estou uma bagunça, não quero magoar mais ele, o JungKook não merece isso.

Eu vou me acalmando.

Senhor Park: Me desculpa, eu prometi que não ia mais tentar te convencer e tô aqui, fazendo exatamente isso.

Anna: Tudo bem, eu sei que é difícil para o Senhor como é pra mim, mas confia em mim, pode parecer que estou completamente perdida, talvez esteja um pouco, mas pensei muito pra fazer isso.

Ele faz positivo com a cabeça, mas eu sei que ele quer me levar de volta  dali, eu vejo que seu celular não para de vibrar.

Anna: Não vai atender?

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