Mavie Hale é uma singular jovem adulta da cidade pacata de Aspen, onde seu sonho de ser uma escritora renomada tarda a acontecer pela décima vez em apenas um mês.
Prestes a ser despejada, a única alternativa da jovem era pedir seu emprego de volta e...
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| Aspen, Colorado Às 10h24 - Manhã. Domingo.
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ㅡ O que veio fazer aqui? ㅡ A mesma questionou com seu tom rude assim que abriu a porta por completo, me permitindo entrar. ㅡ Já veio zombar da minha ruína?
Assim que entrei por completo naquela casa, notei que a ruína que ela soltou era pouco para o que eu vi na sala. As paredes já estavam sem cor, tomados pelo mofo, além do estofado não ter nada além de um lençol rasgado para cobri-lo. A TV que ela tinha era pequena, porém, a mesma estava apoiada em uma cadeira. O cheiro podre vinha de todos os lados, principalmente da cozinha.
ㅡ Mãe... O que é isso?
ㅡ É a minha casa.
ㅡ Casa? ㅡ Virei-me em sua direção, com uma expressão de novo. ㅡ Isso aqui não é uma casa faz tempo, mãe, olha... olha pra isso! A casa fede, as paredes tomadas por mofo, além de não ter quase móvel algum.
ㅡ Por quê você tá questionando?? ㅡ Me encarou, cruzando os braços. ㅡ A casa é minha, Mavie!
ㅡ Mãe, pelo amor de Deus! Olha pra esse lugar! ㅡ Gritei de raiva. ㅡ O que foi que aconteceu com as paredes?
ㅡ A estrutura é velha, então foi estragada pelas chuvas.
Soltei uma respiração pesada.
ㅡ Por quê você não me ligou? Eu poderia pagar alguém para reformar essa merda!
ㅡ Eu não preciso do seu dinheiro!
Revirei meus olhos.
ㅡ Com o que você tá se sustentando, então? ㅡ A encarei fixamente, porém, a mesma desviou o olhar fingindo demência. ㅡ Mãe, você conseguiu um emprego, pelo menos?
ㅡ Fui demitida faz algumas semanas.
Só piora.
ㅡ Por quê?
ㅡ Porque eu não gostava do jeito que eles me tratavam, eu era basicamente uma escrava lá! ㅡ Grunhiu, se justificando. ㅡ Tinha vezes que eu precisava lavar o chão com uma esponja de louça, era humilhante demais! Nasci para coisas melhores!
ㅡ Como depender do seu marido?
Minha mãe me encarou com os olhos semicerrados assim que perguntei, com sua expressão sendo tomada pelo ódio ao tocar no nome de alguém que foi tão importante pra ela.
ㅡ Não fale daquele ingrato.
Caminhei até a cozinha quando decidi não continuar com aquele assunto, percebendo apenas uma mesa daquelas quadradas. Coloquei as sacolas que eu trouxe ali em cima, observando a estrutura precária da cozinha.
ㅡ E o que você anda fazendo? ㅡ Questionou, encostando seus ombros na ombreira da cozinha. ㅡ Ainda escrevendo aqueles romances bobos?
ㅡ Sim. ㅡ Assenti com convicção, não dando muita informação à ela sobre aquele assunto. Desde o momento que minha mãe descobriu minha paixão pelos romances de fantasia, ela zombava, afirmando que aquilo não daria futuro algum pra mim. ㅡ E também trabalho no jornal, já que não perguntou.
ㅡ Argh... Jornalista não é aquelas coisas.
ㅡ Pelo menos, não dependo de homem algum para pagar minhas contas. ㅡ Atirei, sem remorso, podendo notá-la me encarar com ódio segundos depois.
ㅡ Já disse para não falar dele. ㅡ Rebateu, torcendo os lábios. Ergui minhas mãos, voltando a tirar as coisas da sacola. ㅡ Falando nisso... Ainda solteira, Mavie?
Engoli em seco.
ㅡ Ainda superando o que o Frederick fez com você?
Voltei a olhá-la, com o coração se despedaçando dentro do meu peito pela forma desdenhosa que ela tratava aquele assunto. Ela soube o quanto a traição do Frederick me machucou, porém, ela zoava como se fosse a coisa mais normal do mundo ou algo mais lindo. Mas, no fundo era uma grande hipocrisia da parte dela, porque meu pai fez igual e deixou ela com três filhos nas costas.
ㅡ Não ligo mais para o Frederick faz anos, mãe. ㅡ Rebati, tomando coragem para respondê-la à altura. ㅡ Já estou seguindo minha vida.
ㅡ Ah, é mesmo? ㅡ Me encarou, duvidando das minhas palavras. ㅡ Saindo para boates com aquela sua amiga ruiva falsa?
ㅡ O nome dela é Sophie.
ㅡ Foda-se ㅡ Torceu os lábios. ㅡ Sempre soube que continuaria encalhada e triste depois do que o Frederick fez, uma boba como você nunca supera uma traição.
ㅡ Quanta hipocrisia né, mãe? ㅡ Cruzei meus braços, usando meu tom mais sarcástico. ㅡ Falou tanto de mim agora que esqueceu que o papai fez o mesmo, ainda deixou três filhos nas suas costas sem ampará-la com assistência financeira alguma. Se não fosse pelo Moe, o que seria de nós agora? O que seria de você?
ㅡ Mavie...
ㅡ Pois fique sabendo que eu estou pouco me importando com meu passado com o Frederick, porque já estou muito bem acompanhada por alguém novo! ㅡ Soltei aquelas palavras como se não fosse nada, sendo tomada pela raiva. ㅡ Ele é incrível, além de ser muito mais lindo e gostoso que o ridículo do Frederick.
ㅡ Eu duvido. Nunca irá encontrar alguém, Mavie!
ㅡ Se você não acredita, é problema seu! ㅡ Gritei, ficando cega pela raiva. ㅡ Eu sou uma idiota por achar que vir aqui tentar te ajudar é uma boa, pois você nunca faz nada melhorar pro seu lado! Porra, olha a merda que você tá vivendo, mãe! Você tá sozinha! Sem marido, aquele que você tanto rastejou aos pés, sem filhos! A única idiota que faz questão de saber de você sou eu, porque eu me importo! E mesmo assim você age como se fosse uma coisa ruim se importar com a própria mãe!
ㅡ EU NUNCA TE PEDI NADA!
ㅡ E NÃO PRECISA, VOCÊ É MINHA MÃE! ㅡ Gritei de volta, apertando meus punhos. ㅡ Eu fico muito triste que tenha chegado nessa situação, mãe, mas eu não posso ajudar alguém que não quer ser ajudado.
ㅡ Vai embora, Mavie.
Dei um passo para atrás, com uma faca atingindo meu coração em cheio pela sua frase, com seus olhos escuros transmitindo raiva.
ㅡ Tá falando sério?
ㅡ EU MANDEI VOCÊ IR EMBORA!
Concordei, arrumando a bolsa em meu ombro.
ㅡ Então, eu nunca mais piso aqui. ㅡ Afirmei, dando um passo em sua direção. ㅡ Eu vou abandoná-la de vez, assim como seus outros filhos queridos. E, principalmente, como o seu querido marido.
Soltei o ar com força quando passei por ela, saindo daquela casa com o coração na mão por deixá-la daquele jeito. Deixá-la como meus irmãos fizeram. Deixá-la como meu pai fez. No entanto, ela não queria que eu voltasse, porque eu não dava orgulho a ela nem que eu seja a pessoa mais rica do mundo. Quem dá orgulho a ela é o Moe e a Maitê. Apenas eles.
Deixei que às lágrimas me tomassem, ao mesmo tempo que eu pegava o celular e discava o número da primeira pessoa que surgiu na minha cabeça. Tocou três vezes até que ele atendeu, me permitindo soltar o ar que nem percebi que prendia de novo.
Travis- Oi, Mavis.
Sorri com aquele apelido, enxugando às lágrimas.
Mavie- Oi, Travis, desculpa por ligar do nada. Eu... Eu preciso de um favor.