09_ Covinhas.

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| Aspen, ColoradoÀs 10h45 - Noite

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| Aspen, Colorado
Às 10h45 - Noite.
Sexta-feira.

Esfreguei minha nuca de forma lenta, pelo cansaço, afastando meu corpo da cadeira para me espreguiçar. Meus olhos passearam pela tela do notebook, com a matéria inteiramente pronta, depois de longas quatro horas finalizando tudo. Além das palavras, para se encaixar perfeitamente com a imagem do jornal e transparecer a inocência, tinha muitos retoques.

Como, por exemplo; edições de imagem, templetes, edição de som ㅡ já que a prova válida do testemunho do Harold era gravação ㅡ, além de diversas correções que ocorre no final. E só então, depois de longa duração, posso mandar diretamente para o e-mail da Tayla.

Já passava das 10h da noite, porém, Tayla sempre gostava de ser surpreendida fora do horário de trabalha. Eu sei, eu sei, Tayla é bem diferente nesse aspecto. Quando você trabalha e se doa totalmente para a vida jornalística, não existe horário certo para criar e escrever uma matéria.

Principalmente em casos sérios de estrupo.

Um grunhido se fez presente, com uma bola de pelos amarelada se entrelaçou nas minhas pernas por debaixo da mesa com olhos pidões e enormes. Suspirei.

ㅡ Ai, filho, eu sei que eu prometi que te levaria para passear... ㅡ Murmurei, sabendo exatamente o que ele queria com aquele chamego todo. Passei a mão pelos seus pelos, ouvindo-o grunhir de novo. ㅡ Biscoito, eu tô acabada, filho. Foram longas horas de trabalho.

Eu sabia que convencer aquele cachorro era um caminho sem volta, afinal, ele não entendia absolutamente nada do que eu estava falando. No entanto, era pior vê-lo implorar com aqueles olhos.

Meu corpo pedia pesadamente minha cama, pelos meus dedos doloridos e minhas costas também, mas era difícil recusar o seu pedido.

Tomei um susto quando ouvi a porta sendo aberta, esquecendo completamente que agora eu não morava sozinha e que um homem vivia entrando e saindo daquele apartamento livremente. Biscoito foi recebê-lo, parecendo feliz pela sua presença, latindo e balançando seu rabo.

ㅡ Oh, Biscoito, também fiquei com saudade de você. ㅡ Acabei rindo baixinho pelo tom do Travis. ㅡ Trouxe biscoitos.

ㅡ O que??

Atrai a atenção dele.

Travis ergueu seu tronco para cima, me notando ali, me fazendo vê-lo completamente. Ele usava uma calça jeans azul escura, praticamente preto, com uma camiseta social branca. Seus cabelos estavam bagunçados, como se estivesse acabado de sair de uma rodada de sexo selvagem, mas ele abria um sorriso tão inocente que foi capaz de acabar com aquela áurea sexy. Que logo voltou, é claro.

ㅡ Eu trouxe alguns petiscos para ele, se não se importar ㅡ Ergueu a mão direita, que tinha um saco plástico com biscoitos para cachorro dentro. ㅡ Tem alguém problema?

ㅡ Esse cachorro é enjoado, Travis. Ele pode não gostar, será um dinheiro gastado em vão.

Travis riu.

Só então pude notar a mochila em suas costas, com outra sacola de papelão na sua mão esquerda.

ㅡ Eu acho que vale a pena para conquistar o homem da casa ㅡ Ele soltou o saco em cima da mesinha ao lado do estofado, deixando a sua mochila lá. ㅡ Trouxe Donuts para você.

Meu queixo caiu.

ㅡ O que??

ㅡ Eu vi alguns e resolvi trazê-lo.

ㅡ Travis, por quê trouxe pra mim? ㅡ Levantei-me de imediato, puxando a sacola até a mim. Já podia sentir o cheiro do donuts.

ㅡ Porque eu quis, ué. O que foi?

ㅡ Nada... ㅡ Neguei, dando um passo para atrás ao sentir que aquela aproximação era demais. ㅡ Obrigada, Travis. E obrigada de novo pelo "almoço", aliás, aqueles frangos estavam uma delícia.

Afastei-me, caminhando de volta para a mesa.

ㅡ Fico feliz que gostou. ㅡ Ele sorriu, encostando-se no estofado. ㅡ E como foi lá? Quem era mesmo o cara que foi entrevistar?

ㅡ Harold Golden. ㅡ Desdenhei, enrugando o nariz. ㅡ E, para ser sincera, eu arranquei tudo o que eu queria dele da forma mais fácil possível. Foi só... Ser inocente.

ㅡ Inocente?

ㅡ É, ué. Os repórteres tem disso! ㅡ Justifiquei, abrindo a sacola. Tinha três Donuts dentro daquela sacola; o comum de creme, o de chocolate e o de morango. ㅡ Só era inventar perguntas aleatórias, fingir se importar com o que ele faz, mas depois indiretamente partir para o ponto. Foi fácil fingir que não sabia de nada.

Puxei o donuts de morango, mordendo ele, ao mesmo tempo que explicava.

ㅡ E já terminou de escrever essa matéria?

ㅡ Com muito custo? Sim, aliás, já tenho a gravação da confirmação daquele babaca idiota. ㅡ Fechei o notebook, após clicar em enviar para a Tayla.

ㅡ Você gravou a conversa com ele?

Encarei o Travis com um sorriso inocente, piscando repetidamente meus olhos em sua direção.

ㅡ Ok, eu não me surpreendo mais.

ㅡ Por quê? ㅡ Pendi a cabeça para o lado. ㅡ Sempre temos que ter uma carta na manga, principalmente no mundo jornalístico. Temos que sempre estar um passo à frente do oponente, não ao contrário.

Travis abriu um sorriso de canto, fazendo uma sensação estranha encontrar meu estômago ao notar uma covinha se formando na sua bochecha.

Covinhas são adoráveis.

Puta merda, o Travis se torna irresistível a cada dia.

•••

Corações Atrevidos | Vol.2Onde histórias criam vida. Descubra agora