Capítulo 1

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PETE


– EU NÃO ACREDITO QUE ELE VEIO. Ele nunca vai a esse tipo de evento, a não ser que o organizador seja algum amigo.

– Você viu que ele ultrapassou Arno Reinhart na lista de bilionários da Forbes? O coitado do Arnie estava no Jean-Georges quando soube. Quase teve um treco no meio do restaurante.


Os boatos começaram durante o evento anual de arrecadação de fundos para animais ameaçados de extinção, promovido pela Fundação Frederick pela Preservação da Vida Selvagem.

A suposta estrela do show naquele ano era a batuíra-melodiosa, um passarinho pequeno da cor da areia, mas nenhum dos duzentos convidados debatia o bem-estar da ave enquanto saboreava suas taças de Veuve Clicquot e seus cannolis de caviar.


– Ouvi dizer que a Mansão Maior da família dele no lago de Como está passando por uma reforma de cem milhões de dólares. Para um lugar com séculos de idade, acho que já era hora mesmo.


Os cochichos cresciam em intensidade, acompanhados de olhares furtivos e um ou outro suspiro sonhador.

Não me virei para ver quem havia deixado tão exaltados os membros da alta sociedade de Manhattan, em geral impassíveis. Na verdade, não dava a mínima. Estava focado em certa herdeira de uma loja de departamentos que cambaleava sobre saltos altíssimos em direção à mesa de brindes. A herdeira olhou furtivamente ao redor antes de surrupiar uma das sacolinhas de presente personalizadas e enfiá-la na bolsa.

Assim que ela se afastou, avisei no minúsculo microfone do comunicador:


– Shannon, Código Rosa na mesa de brindes. Descobre de quem era a sacola que ela pegou e repõe.


Cada sacola continha mais de oito mil dólares em brindes, mas era mais fácil considerar a perda de parte do orçamento do evento a ter que confrontar a herdeira dos Denmans.

Pelo fone, ouvi minha assistente resmungar:


– Tilly Denman de novo? Ela poderia comprar tudo que está naquela mesa e ainda teria milhões!

– Sim, mas não é pelo dinheiro. É pela adrenalina. Vai lá. Amanhã eu compro aquele doce de banana da Magnolia Bakery para você, para compensar a árdua tarefa de substituir a sacolinha. E, pelo amor de Deus, descobre onde a Penelope se meteu. Ela deveria estar cuidando da estação de presentes.

– Rá, rá – fez Shannon, obviamente percebendo meu sarcasmo. – Tá bem. Vou lá verificar os brindes e depois procurar a Penelope, mas quero um quilo de doce amanhã.


Enquanto ela ia repor os brindes, dei uma circulada pelo salão, de olho em outros possíveis incêndios, fossem grandes ou pequenos.

Quando entrei nesse ramo, parecia estranho produzir eventos aos quais antes eu iria como convidado. Mas com os anos fui me acostumando, e o que recebia me permitia certo grau de independência dos meus pais.

Aquele dinheiro não vinha da minha família nem de uma herança. Eu o havia ganhado com meu trabalho honesto, como promotor de eventos de luxo em Nova York.

Eu adorava o desafio de criar eventos incríveis do zero e gente rica sempre gostava de coisas bonitas. Todo mundo saía ganhando.

Estava verificando o sistema de som para o discurso que haveria mais tarde quando Shannon chegou correndo.

Rei Impetuoso - VEGASPETEOnde histórias criam vida. Descubra agora