Capítulo 4

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VEGAS

NEM CHAN, NEM CECELIA disseram uma palavra sobre meu longo período de ausência da mesa de jantar. Pete não mencionou nossa conversinha no escritório e eu voltei para Nova York insatisfeito e irritado. Eu poderia ter ateado fogo na mansão dos Saengtham com meu isqueiro.

Infelizmente, isso levaria as autoridades diretamente à porta da minha casa. Um incêndio criminoso não seria bom para os negócios, e eu jamais apelaria para assassinato... por enquanto. Mas certas pessoas me instigavam a ultrapassar esse limite todos os dias, e uma delas, inclusive, era sangue do meu sangue.


– Qual é a emergência? – perguntou Macau dando um bocejo, largado na cadeira em frente à minha. – Eu acabei de sair de um avião. Deixa-me dormir um pouco.

– De acordo com as colunas sociais, você não dormiu no último mês. - Ele estava pelo mundo se divertindo, isso sim. Mykonos num dia, Ibiza no outro. Sua última parada tinha sido Mônaco, onde perdera cinquenta mil dólares no pôquer.

– Exatamente. – Ele bocejou mais uma vez. – É por isso que eu preciso dormir.


Minha mandíbula se contraiu. Ele era cinco anos mais novo que eu, mas agia como se tivesse 21 em vez de 31. Se Macau não fosse meu irmão, eu já teria cortado relações sem pensar duas vezes, principalmente devido à situação de merda em que me encontrava graças a ele.


– Você não está curioso para saber por que eu te chamei aqui? - Macau deu de ombros, alheio à tempestade que se formava sob minha calma.

– Sentiu saudade do seu irmãozinho?

– Não exatamente. – Peguei uma pasta de papel pardo da gaveta e a coloquei sobre a mesa. – Abre.


Ele me olhou de um jeito estranho, mas obedeceu. Mantive os olhos cravados em seu rosto enquanto Macau folheava as fotos, devagar no começo, depois mais depressa, ao ser tomado pelo pânico.

Fui dominado por uma satisfação sombria quando ele finalmente ergueu os olhos, seu rosto muito mais pálido do que quando chegara. Pelo menos ele entendia o que estava em jogo.


– Você sabe quem é homem nessas fotos? – perguntei. Vi seu pomo de adão subir e descer quando ele engoliu em seco. – Porschay Romano. – Dei um tapinha na foto no topo da pilha. – Sobrinho do mafioso don Porsche Romano. Tem 27 anos, é viúva e a menina dos olhos do tio. O nome dele deve soar familiar, considerando que você estava transando com ele antes de ir para a Europa, como dá para ver nessas fotos. - Meu irmão cerrou os punhos.

– Como você...?

– Essa não é a pergunta certa, Macau. A pergunta é: em que tipo de caixão você gostaria de ser enterrado? Porque esse é o tipo de coisa que eu vou ter que resolver se o Romano ficar sabendo dessa merda!


A tempestade caiu no meio da minha frase, alimentada por semanas de fúria e frustração reprimidas. Macau se encolheu na cadeira quando empurrei a minha para trás e me levantei, meu corpo vibrando diante de tamanha idiotice.


– Um princepe da Máfia? Você está de sacanagem? - Varri a pasta da mesa em um movimento furioso, arrastando um peso de papel junto. O vidro se quebrou com um estrondo ensurdecedor enquanto as fotos voavam e caíam no chão. Macau se encolheu. – Você já fez muita merda na vida, mas isso realmente merece um prêmio – falei, fervendo de ódio. – Você tem ideia do que o Romano seria capaz de fazer com você se descobrisse? Ele arrancaria as suas tripas como as de um peixe, da maneira mais lenta e dolorosa possível. Dinheiro nenhum poderia te salvar. Ele ia pendurar o seu corpo na merda de um viaduto para servir de exemplo... se sobrasse corpo depois que ele terminasse!

Rei Impetuoso - VEGASPETEOnde histórias criam vida. Descubra agora