Capítulo 30

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PETE

– VOCÊ QUER QUE A GENTE vá para onde? Ergui os olhos do meu sushi e os cravei em Vegas, incrédulo.

– Paris.


Ele se recostou com uma tranquilidade indiferente. Sem paletó, com a gravata afrouxada e uma expressão serena, como se não tivesse acabado de sugerir que eu largasse tudo para pegar um avião para a Europa.

Era quarta-feira, cinco dias depois de nossa briga e três dias depois de nossa reconciliação.

Estávamos almoçando em meu escritório e tendo uma conversa perfeitamente agradável quando do nada ele soltou essa bomba sobre Paris.


– Descobri hoje que tenho que me reunir com alguns dos CEOs das nossas subsidiárias antes do Festival de Cannes – disse ele. – Estava na mão do meu vice-presidente, mas o esposo dele entrou em trabalho de parto antes da hora. Vou no sábado para ficar uma semana.


Fosse outra situação, eu teria agarrado a oportunidade. Paris era uma das minhas cidades favoritas e fazia muito tempo que eu queria ir de novo, mas não podia largar tudo para passear pela França, considerando que o Legacy Ball seria dali a apenas algumas semanas.


– Não posso – respondi, relutante. – Preciso estar aqui para a organização do baile. - Vegas ergueu as sobrancelhas.

– Achei que já estivesse tudo encaminhado.


Tecnicamente, ele tinha razão. O local estava garantido, os fornecedores, contratados, os mapas de assentos, finalizados, e as atrações, confirmadas – Veronica Foster havia se revelado surpreendentemente talentosa e eu a contratara para uma curta apresentação no fim da noite –, mas, com a minha sorte, algo daria errado no minuto em que eu pisasse em solo francês.


– Está, mas mesmo assim. Este é o maior evento da minha carreira. Não posso fazer uma viagem de última hora. Minha equipe precisa de mim.

– A sua equipe parece competente o bastante para segurar as pontas por cinco dias. – Vegas deu um tapinha na pilha de papéis em cima da minha mesa. – Você ainda vai ter mais de uma semana para finalizar tudo quando voltarmos, e não precisa estar fisicamente em Nova York para fazer seu trabalho nesse meio-tempo. Também estarei ocupado durante as manhãs, então podemos trabalhar durante o dia e explorar Paris à noite. Todo mundo sai ganhando.

– E a diferença de fuso horário? – argumentei. – Minha equipe ainda estará trabalhando quando for noite em Paris.

– Então agende as suas reuniões para o início da tarde. Será de manhã aqui – disse Vegas, prático como sempre. – É primavera em Paris, mio caro. Belas flores, croissants fresquinhos, caminhadas nas margens do Sena...

– Não sei – respondi, hesitante, dividido entre o quadro que ele pintava e minha paranoia de que algo poderia dar errado.

– Já reservei uma suíte no Ritz. – Vegas fez uma pausa antes de soltar a segunda bomba do dia. – E você pode escolher um terno de renda fina no showroom de Yves Dubois para o baile. - Perdi o fôlego.

– Isso é golpe baixo.


Yves Dubois era um dos maiores estilistas do mundo. Ele produzia apenas oito vestidos e ternos por ano, cada um deles único e primorosamente feito à mão. Era também notoriamente exigente quanto a quem tinha autorização para usar uma de suas criações; havia boatos de que certa vez ele negara esse direito a uma estrela de cinema mundialmente famosa que queria vestir uma peça dele na cerimônia do Oscar.

Rei Impetuoso - VEGASPETEOnde histórias criam vida. Descubra agora