Capítulo 37

130 22 10
                                    


PETE

NO MEIO DAQUELE CAOS que se tornara a minha vida, a proximidade do Legacy Ball acabou sendo uma bênção disfarçada. Nos dois dias entre a briga com meu pai e o baile, mergulhei no trabalho com tanto fervor que até Sloane, uma workaholic inveterada, demonstrou preocupação.

Despertador às cinco da manhã. Jantar no escritório. Almoço revisando cada detalhe e garantindo que eu tivesse um plano B para cada plano B, cobrindo qualquer situação, desde um blecaute que atingisse a cidade inteira até uma briga entre convidados.

Quando o dia do baile finalmente chegou, eu estava meio enlouquecido pela falta de sono. Não me importava. Era bom estar ocupado. Significava menos tempo agonizando por conta da confusão que era minha vida pessoal.

No entanto, apesar de todo o meu planejamento, havia uma coisa para a qual não havia me preparado: o efeito que entrar no Valhalla Club teria sobre mim.

Um aperto tomou meu peito enquanto eu sorria e batia papo com os convidados. Naquela noite, eu era o anfitrião, o que significava que não era minha responsabilidade verificar a comida ou a música. Esse era um trabalho para minha equipe. Meu papel era circular pela festa, estar bonito, posar para fotos... e não passar cada segundo inconscientemente procurando por Vegas.

Eu só havia visitado o Valhalla duas vezes, ambas com ele. Não o tinha visto ainda. Talvez ele nem sequer viesse. Mas sua presença – sombria, magnética e inescapável – permeava o salão.

Sua risada em cada canto. Seu cheiro no ar. Seu toque em minha pele. Beijos quentes, momentos especiais e memórias tão vívidas que pareciam pintadas por todas as paredes.

Vegas era o Valhalla, pelo menos para mim. E estar ali naquela noite, sem ele, era como um navio deixar o porto sem âncora.

– Pete. – A voz de Buffy me tirou da beira de um colapso que eu não podia me dar ao luxo de ter. Chorara mais na última semana do que em toda a minha vida e, francamente, já estava cansado disso. – Que vestido deslumbrante.

Ela parou ao meu lado, elegante como sempre em um vestido de brocado verde que prestava uma homenagem de bom gosto ao tema do baile, "Jardim Secreto". Diamantes magníficos pendiam de seu pescoço e de seus punhos. Pisquei para conter um formigamento suspeito nos olhos e abri um sorriso forçado.

– Obrigado. O seu também é lindo.

Buffy lançou um olhar perspicaz para o meu vestido. A peça de Yves Dubois tinha virado muitas cabeças naquela noite, e por um bom motivo. Ele descia até o chão em uma requintada cauda de seda vermelha e penas douradas, tão compactadas que pareciam uma pilha de folhas douradas caídas de uma árvore. Um cintilante fio de ouro formava um intrincado padrão de fênix na seda, tão sutil que era quase invisível, a menos que a luz batesse no bordado de um determinado ângulo. Era ao mesmo tempo uma roupa, uma obra de arte e uma armadura.

Uma peça ousada o suficiente para demonstrar poder, mas tão deslumbrante que poucas pessoas eram capazes de enxergar a tristeza por trás dela.

– Assinado por Yves Dubois – disse Buffy. – Vegas é um noivo generoso.

O olhar dela pousou em meu dedo anelar vazio.

Um mal-estar correu sob minha pele. Vegas e eu não tínhamos anunciado a separação ainda, mas a ausência de um anel de noivado havia atraído a atenção de todos naquela noite.

Já circulavam boatos, não apenas sobre nosso relacionamento, mas também sobre a queda livre das ações da Saengtham Jewels na bolsa. A cobertura negativa da imprensa havia explodido nas últimas 48 horas. Embora todos tivessem sido absolutamente gentis comigo até então – eu ainda era o anfitrião do baile, independentemente de meus problemas familiares –, seus cochichos não tinham passado despercebidos.

Rei Impetuoso - VEGASPETEOnde histórias criam vida. Descubra agora