Capítulo 18

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PETE


NOS TRÊS DIAS SEGUINTES, Vegas e os pais me levaram para um tour intensivo por Bali. Mergulhamos em Nusa Penida, fizemos trilhas até cachoeiras em Munduk e visitamos templos em Gianyar. Os Theerapanyakuls tinham um motorista e um barco particulares, o que facilitava a viagem pela ilha.

Quando a noite de Ação de Graças chegou, minha pele estava bronzeada e eu já havia esquecido completamente a pilha de trabalho à minha espera em Nova York. Até Vegas franzia menos a testa.

Estava feliz por ter aceitado a sugestão dele de me consultar com um dos terapeutas da empresa. Embora provavelmente com o tempo eu tivesse sido capaz de superar o assalto sem terapia, conversar com o Dr. Cho me ajudou a processar tudo de uma maneira que eu não teria conseguido sozinho.

Nossas sessões continuariam após o Dia de Ação de Graças, mas, até então, tinham sido suficientes para garantir que a viagem não fosse prejudicada por noites insones e flashbacks da pressão do metal contra o meu queixo.


– Macau, sai desse telefone – advertiu Janis durante o jantar. – É falta de educação ficar mandando mensagens à mesa.

– Desculpe.


Ele continuou no celular, o prato de comida intocado.

Macau havia chegado na noite de segunda-feira e passado a maior parte do tempo trocando mensagens, dormindo e relaxando na piscina. Era como estar de férias com um adolescente, só que ele estava na faixa dos 30 anos.

Janis franziu os lábios, Gianni balançou a cabeça e eu comi minhas batatas em silêncio enquanto a tensão aumentava na mesa.


– Larga o celular.


Vegas não ergueu os olhos do prato, mas todos, incluindo os pais, se encolheram com o tom cortante em sua voz. Depois de longos segundos, Macau se endireitou, colocou o telefone de lado e pegou a faca e o garfo. Imediatamente a tensão se dissipou e a conversa recomeçou.


– Se você um dia se cansar do mundo corporativo, deveria virar babá – sussurrei para Vegas enquanto Gianni relembrava com nostalgia sua última viagem à Indonésia, cinco anos antes. – Acho que se sairia muito bem.

– Eu já sou babá – murmurou ele pelo canto da boca. – Há 31 anos, e nunca fui promovido. Estou pronto para pedir demissão. - Ele fez uma careta para uma migalha de recheio sobre uma de suas vagens e empurrou o ofensivo vegetal para o canto do prato. Uma risada borbulhou em minha garganta.

– Acho que deveria mesmo. Parece que o seu bebê já cresceu.

– Ah, é? – disse Vegas, me lançando um olhar cético.

– Bem... – Virei o olhar para Macau, que estava enfiando comida na boca e espiando o telefone, achando que o irmão estava distraído. – De certa maneira. Mas você é irmão dele, não pai. Não cabe a você tomar conta dele.


O fato de Vegas ter assumido o papel de cuidador tinha sido uma consequência natural do abandono dos pais, mas era um fardo pesado para carregar. Em especial quando o objeto do cuidado era um homem adulto que parecia não se importar em deixar o irmão fazer todo o trabalho.

Uma emoção muito discreta passou pelos olhos de Vegas.


– Sempre foi meu trabalho. Se eu não fizer, ninguém mais vai fazer.

Rei Impetuoso - VEGASPETEOnde histórias criam vida. Descubra agora