PETE
O MERCADO DE PULGAS estava cheio do som de barganhas e das buzinas fracas dos táxis nas ruas vizinhas. O cheiro de churros pairava no ar e de todos os lados via-se uma explosão de cores, texturas e tecidos.
Havia anos que eu visitava o mesmo mercado todo sábado. Era um tesouro escondido cheio de inspiração e itens únicos que eu não conseguia encontrar nas lojas de luxo meticulosamente selecionadas, e nunca falhava em me tirar de um bloqueio criativo. Também era o local que eu mais gostava de visitar quando precisava espairecer.
Naquele dia, no entanto, o lugar não surtiu qualquer desses efeitos.
Não importava o quanto eu tentasse, não conseguia afastar a lembrança da boca de Vegas na minha. A firmeza de seus lábios. O calor de seu corpo. O cheiro sutil de seu perfume caro, e o peso confiante de suas mãos na minha cintura. Dias depois, eu ainda podia sentir o momento de forma tão nítida que era como tivesse acabado de acontecer.
Era enfurecedor. Quase tão enfurecedor quanto a maneira como me abri com ele durante o café da manhã, para no fim das contas ele voltar a ser um babaca depois de uma breve e chocante demonstração de humanidade.
Por um momento, eu gostei de Vegas, embora possa ter sido apenas minha solidão falando mais alto. Ao contrário do que disse a ele durante a sessão de fotos, era um tanto perturbador voltar todos os dias para uma casa silenciosa e imaculada.
Aquele mês separados aliviou a mágoa em relação ao que ele dissera antes de partir para a Europa, e eu não tinha percebido o quanto a presença de Vegas eletrizava o espaço até o momento que ele foi embora.
– A gente já passou nessa barraca – disse Isabella.
– O quê? – respondi, passando os dedos nas franjas de um lenço de estampa roxa.
– Essa barraca. A gente já passou aqui – repetiu ela. – Lembra que você comprou a pashmina? - Hesitei quando o restante do conteúdo da barraca entrou em foco. Ela tinha razão. Foi um dos primeiros lugares por que passamos ao chegarmos.
– Desculpa. – Soltei o lenço com um suspiro. – Estou um pouco fora do ar hoje. - Estou ocupado demais pensando no meu noivo idiota.
– Jura? Nem percebi. – O sorriso implicante de Isabella desapareceu quando eu não o retribuí. – O que está havendo? Você normalmente roda esse lugar como se estivesse sendo perseguido pelos guardiões do inferno.
Isabella adorava economizar e participava das minhas excursões de sábado sempre que podia. Eu havia tentado convencer Sloane a vir uma vez, mas as chances de ela pisar em um mercado de pulgas eram menores do que um salto agulha Jimmy Choo.
– Muita coisa na cabeça, só isso.
Queria contar a Isabella sobre a sessão de fotos, mas não havia nada para contar. Meus lábios e os de Vegas haviam se tocado por trinta segundos para uma foto. Qualquer coisa além disso eram os hormônios e meu período de seca falando mais alto.
Além disso, eu não estava mentindo. Em meio ao trabalho, ao tenso relacionamento com Vegas, às novas obrigações sociais como o futuro Sr. Theerapanyakul e à longa lista de tarefas para o casamento, eu estava esgotado.
– Nós já vamos embora – acrescentei. – Só preciso encontrar um espelho de ouro para a festa de 16 anos da neta de Buffy Darlington.
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Rei Impetuoso - VEGASPETE
FanfictionPete Saengtham não tem planos de se casar, mas seus pais pensam diferente. Mesmo contra sua vontade acaba indo em um jantar obrigado por seus pais, e lá conhece o frio, calculista e sem saber vingativo Vegas Theerapanyakul, que só tem um objetivo na...