Capítulo 11

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PETE


EU NÃO CONSEGUIA DORMIR.

Tinha caído na cama três horas antes, o corpo exausto, mas a mente acelerada como se tivesse sido injetado com umas dez doses de café expresso. Contei carneirinhos, fantasiei com Asher Donovan, recorri ao ruído branco embutido em meu despertador, mas nada funcionou.

Toda vez que fechava os olhos, as imagens da festa de noivado eram reproduzidas em um loop abrupto.

A mão de Vegas em volta do meu pulso. O roçar de seus dedos ao longo da minha coluna. O som grave de sua voz em meu ouvido. Bem-vinda à trégua, mio caro. Formigamentos irrompiam em cada centímetro do meu corpo.

Dei um gemido e virei de lado, torcendo para que a mudança de posição afastasse a lembrança persistente do toque de Vegas e de sua voz áspera e aveludada. Não funcionou.

Sinceramente, fiquei surpreso de ele ter concordado tão depressa com a trégua. Não havíamos trocado mais de uma dúzia de palavras desde que o larguei naquele banco no meio da rua, depois de nossa sessão de fotos de noivado, mas ignorá-lo ativamente era mais desgastante do que eu havia imaginado.

A cobertura era gigantesca, mas mesmo assim nos esbarrávamos várias vezes ao dia – ele saía do quarto bem na hora que eu estava indo em direção ao meu, eu ia pegar um ar fresco enquanto ele atendia a uma ligação na varanda, entrávamos sorrateiramente na sala de projeção para assistir a algum filme tarde da noite no mesmo momento. Um de nós sempre saía quando via o outro, mas eu não conseguia virar um corredor sem que meu coração pulasse na expectativa de esbarrar com Vegas.

A trégua era a melhor opção para minha sanidade e para minha pressão arterial.

Além disso, a única conversa espontânea que tivéramos até aquele momento tinha sido... agradável. Inesperada, mas agradável. Havia um coração sob o exterior mal-humorado e carrancudo de Vegas. Talvez fosse sombrio e atrofiado, mas existia.

Os números em meu relógio mudaram de 00h02 para 00h03. Meu estômago emitiu um ruído raivoso. Depois de ter sobrevivido à base de meia dúzia de canapés e champanhe a noite inteira, ele finalmente estava se rebelando.

Dei outro gemido. Tecnicamente, estava muito tarde para comer, mas... Que se dane. Eu não conseguia dormir mesmo.

Depois de um momento de hesitação, joguei as cobertas para o lado e na ponta dos pés saí do quarto e atravessei o corredor. Havia anos que não fazia um lanche de madrugada, mas de repente desejei profundamente determinado combo de comidas que um dia fora meu favorito.

Acendi as luzes da cozinha, abri a geladeira e observei o que havia ali até localizar um pote de picles em rodelas e uma tigela de pudim de chocolate na primeira prateleira.

Arrá!

Coloquei meus achados na ilha da cozinha antes de sair em busca do último ingrediente. Massa seca, condimentos, biscoitos, snack de algas... Abri e fechei a interminável fileiras de armários em busca de certo tubo de papelão de batatas chips. Os armários eram tão altos que eu tinha que ficar na ponta dos pés para enxergar o fundo, e meus braços e coxas começaram a doer.

Por que Vegas tinha tanto espaço de armazenamento? Quem precisava de um armário inteiro de óleos de cozinha? Se eu não...


– O que você está fazendo?


Dei um pulo e sufoquei um grito. Meu quadril bateu no balcão quando me virei, provocando uma onda de dor cujas reverberações acompanharam as batidas repentinamente frenéticas do meu coração. Vegas estava na porta, um olhar confuso viajando entre mim e o armário aberto.

Rei Impetuoso - VEGASPETEOnde histórias criam vida. Descubra agora