PETE
A SALA DE ESTAR DOS MEUS PAIS parecia saída de uma revista de arquitetura. Sofás capitonê alinhados perfeitamente a mesas de madeira entalhada e jogos de chá de porcelana disputando espaço com pequenos itens de valor inestimável. Até o ar tinha um cheiro frio e impessoal, como de um aromatizador caríssimo e genérico. Algumas pessoas têm casas, meus pais tinham um showroom.
– Sua pele está tão opaca – comentou minha mãe, me examinando com um olhar crítico. – Você está em dia com os procedimentos? - Ela estava sentada à minha frente, uma luminosidade perolada no rosto.
– Estou, mãe. - Minhas bochechas doíam de sustentar a polidez forçada do sorriso. Fazia apenas dez minutos que eu pisara na casa onde passei a infância e já tinha recebido críticas por meu cabelo (bagunçado demais), minhas unhas (compridas demais) e, agora, minha pele. Apenas mais uma noite na mansão dos Saengtham.
– Ótimo. Você não pode se descuidar, lembre-se disso – comentou minha mãe. – Ainda não é casada.
Contive um suspiro. Lá vamos nós de novo.
Apesar de minha próspera carreira em Manhattan, onde o mercado de produção de eventos era mais impiedoso do que um saldão com peças- piloto de estilistas famosos, meus pais viviam obcecados com o fato de eu não ter namorada ou namorado e, portanto, nenhuma perspectiva de casamento.
Eles toleravam meu trabalho porque não fazer nada já estava fora de moda entre as herdeiras, mas salivavam por uma nora, alguém que pudesse elevar sua posição nos círculos da elite tradicional. Éramos ricos, mas nunca seríamos considerados old money. Não nesta geração.
– Eu ainda sou jovem – respondi pacientemente. – Tenho bastante tempo para conhecer alguém. - Eu tinha só 28 anos, mas meus pais agiam como se eu fosse murchar e virar um ancião decrépito no primeiro segundo após a meia-noite do meu trigésimo aniversário.
– Você está com quase 30 – argumentou minha mãe. – O tempo está passando e você precisa pensar em se casar e ter filhos. Quanto mais espera, menos opções tem.
– Eu estou pensando nisso. – Pensando no ano de liberdade que ainda tenho à frente antes de ser forçado a me casar com um banqueiro qualquer com algarismos romanos depois do sobrenome. – Quanto ao tempo, é para isso que servem o botox e as cirurgias plásticas.
Se minha irmã estivesse ali, teria dado risada. Como não estava, minha piada foi mais sem graça do que um suflê de chuchu. Minha mãe não gostou. Ao lado dela, as sobrancelhas grossas e grisalhas de meu pai formaram um severo V acima do nariz.
Aos 60 anos, em forma e ativo, Chan Saengtham realmente parecia um homem que construíra sozinho sua fortuna. Ao longo de três décadas, havia expandido a Saengtham Jewels: antes um pequeno negócio familiar, agora era uma gigante multinacional. Um olhar silencioso dele bastava para que eu me encolhesse no sofá.
– Toda vez que falamos em casamento você faz piada – disse meu pai, num tom de nítida reprovação. – Casamento não é brincadeira, Pete. É um assunto importante para a nossa família. Veja a sua irmã. Graças a ela, agora estamos vinculados à família real de Eldorra.
Cerrei os dentes com força. Minha irmã se casara com um conde eldorrano que era primo distante da rainha. Nosso "vínculo" com a família real do pequeno reino europeu era um exagero, mas, aos olhos do meu pai, um título aristocrático era um título aristocrático.
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Rei Impetuoso - VEGASPETE
FanfictionPete Saengtham não tem planos de se casar, mas seus pais pensam diferente. Mesmo contra sua vontade acaba indo em um jantar obrigado por seus pais, e lá conhece o frio, calculista e sem saber vingativo Vegas Theerapanyakul, que só tem um objetivo na...