Capítulo 17

273 35 0
                                    


VEGAS



PETE ACABOU PROCURANDO um de nossos terapeutas depois do incidente na Lohman & Sons. Ele nunca comentou nada sobre as sessões, mas quando chegamos a Bali, seu sono havia melhorado e ele estava quase de volta ao seu jeito sarcástico e espirituoso de sempre.

Disse a mim mesmo que meu alívio não tinha nada a ver com ele pessoalmente e que só estava feliz por ele estar com a cabeça no lugar para conhecer meus pais.


– Tem certeza de que seus pais moram aqui? – perguntou Pete, encarando a Mansão Maior à nossa frente.


Esculturas feitas à mão pontilhavam o gramado em uma profusão de cores primárias, e uma quantidade exagerada de sinos dos ventos tilintavam na porta de entrada. Girassóis gigantes brotavam das paredes em pinceladas de tinta amarela e verde. Parecia um cruzamento entre uma Mansão Maior de luxo e uma creche.


– Sim. - O lugar tinha toda a cara de Janis Theerapanyakul. A porta da frente se abriu, revelando um cabelo castanho encaracolado e volumoso e uma túnica que ia até o chão. – Se prepara.

Querido! – gritou minha mãe. – Ah, que maravilha ver você! Meu bebezinho! - Ela foi correndo em nossa direção e me abraçou em uma nuvem de patchouli. – Você perdeu peso? Está comendo direito? Dormindo o suficiente? Transando o suficiente? - Pete disfarçou o riso com uma tosse delicada. Fiz uma careta quando minha mãe se afastou e me examinou com um olhar crítico.

– Oi, mãe. Como a senhora está?

– Para com isso. Você é sempre tão formal. A culpa é do Kron – disse ela a Pete. – O avô dele era um verdadeiro defensor das regras. Você sabia que uma vez ele expulsou um convidado de um jantar por usar o garfo errado? Deu início a toda uma questão internacional porque o sujeito era filho de um embaixador da ONU. Se bem que, para ser justa, qualquer um esperaria que o filho de um embaixador da ONU soubesse qual garfo é usado para saladas e qual é usado para entradas. Não é verdade? - Pete hesitou, aparentemente atordoado com o turbilhão de energia à sua frente.

– Agora, deixa eu dar uma olhadinha em você. – Minha mãe me soltou e apoiou as mãos nos ombros de Pete. – Ah, você é lindo. Ele não é lindo, Vegas? Me conta, querido, o que você usa nessa pele? Chega a brilhar! Óleo de argan? Mucina de caracol? La Mer...


Pete fez contato visual comigo por cima da cabeça da minha mãe. Me ajuda, seu olhar implorava. Minha boca se curvou em um sorriso relutante.

Apesar da efusividade exagerada de minha mãe, ela tinha razão. Pete era lindo. Mesmo depois de um voo de doze horas, ele brilhava de um jeito que nada tinha a ver com sua aparência física.

Uma sensação estranha percorreu meu peito.


– Sim – respondi. – Ele é. - Pete arregalou os olhos e minha mãe abriu um sorriso ainda maior. Ficamos nos encarando por uma fração de segundo até que a voz de meu pai ecoou pelo gramado.

– Vegas! – Ele cruzou a porta da frente, esguio e bronzeado, usando uma camisa e um short de linho. – Que bom te ver, filho. – Ele bateu com a mão nas minhas costas antes de envolver Pete em um abraço de urso. – E você, meu genro! Não consigo acreditar! Me conta, o Vegas já te levou para mergulhar?

– Ah, não...

Não? – A voz dele ficou mais retumbante. – E por que não, posso saber? Desde que vocês ficaram noivos eu venho falando para ele te levar para mergulhar! Sabe, nós concebemos Macau depois... - Interrompi antes que meus pais acabassem passando vergonha, e, pior ainda, que eu passasse vergonha.

Rei Impetuoso - VEGASPETEOnde histórias criam vida. Descubra agora