Capítulo 34

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PETE


NA SEGUNDA-FEIRA, FUI ATÉ O MOONDUST DINER buscar comida e levei até o escritório de Vegas na hora do almoço. Para ele, um hambúrguer e seu milk-shake favorito, de baunilha com calda de chocolate, e um sanduíche de frango e um milk-shake de morango para mim.

Era uma lembrança do nosso primeiro encontro e uma bandeira branca da minha parte. Quem precisava propor uma trégua era Vegas, mas se eu me fechasse sempre que ele se fechasse, nunca chegaríamos a lugar nenhum. Não queria que fôssemos um daqueles casais que vivem em um silêncio passivo-agressivo.

Além disso, tinha que haver uma boa razão para Vegas estar agindo de forma tão estranha, e eu estava determinado a descobrir qual era.


– Boa tarde, Sr. Saengtham – cumprimentou Stacey, a recepcionista do andar da diretoria do Theerapanyakul Group, com um sorriso radiante.

– Oi, Stacey. Trouxe almoço para o Vegas. – Ergui os sacos de papel. – Ele está na sala?


Era a primeira vez que eu aparecia em seu local de trabalho sem avisar. Talvez ele já tivesse almoçado, mas, conhecendo-o, achava que não. Quando não comíamos juntos, ele tendia a pular todas as refeições da tarde.


– Sim, mas está em reunião – disse ela após uma breve hesitação. – Não sei a que horas termina.

– Tudo bem. Vou aguardar na sala de espera. - Podia muito bem responder a e-mails e contatar os fornecedores do casamento pelo celular enquanto esperava. O Legacy Ball era minha maior prioridade no momento, mas, assim que ele passasse, precisaria dobrar meus esforços nos preparativos para o casamento.

– Tem certeza? – perguntou Stacey.


Quando garanti que não havia problema em esperar, ela cedeu.

O andar estava vazio por conta do horário do almoço e minhas sapatilhas mal ecoavam no mármore branco enquanto caminhava pelo escritório. A sede do Theerapanyakul Group havia sido projetada de forma moderna e refinada, com uma pitada da elegância do velho mundo. Laca preta e vidro refletiam detalhes dourados ornamentais e pinturas com moldura também em ouro; flores exuberantes desabrochavam ao lado de cerâmicas esculturais pintadas em uma variedade de tons neutros.

A sala de espera ficava no fim do andar, mas eu estava apenas na metade do caminho quando ouvi uma voz familiar e que não pertencia a Vegas.

Parei a alguns passos da sala dele. As janelas de vidro fumê me impediam de ver o lado de dentro, mas a conversa tensa ecoava pela porta.


– Você não tem ideia do que fez. – O timbre áspero de meu pai desceu pela minha coluna, deixando um rastro gelado.


Se o resto do andar não estivesse tão silencioso, eu não o teria ouvido. Suas palavras soavam baixas, mas claras. Meu coração acelerou. Eu tinha planejado falar com ele mais tarde, como Agnes havia sugerido, mas nunca imaginaria que fosse encontrá-lo ali. Naquele exato momento, na sala de Vegas.

Meu pai raramente visitava Nova York durante a semana e, quando aparecia, me avisava antes ou, no máximo, assim que pousava. O que estava fazendo ali numa segunda-feira à tarde totalmente aleatória?


– Eu sei exatamente o que fiz – disse Vegas em tom arrastado. Baixo. Sombrio. Letal. – A última vez que você apareceu sem ser convidado, tinha a vantagem. Você usou meu irmão para chegar até mim. Agora eu só empatei o jogo. O irmão dele. Macau. Senti um aperto no estômago. O que meu pai havia feito?

Rei Impetuoso - VEGASPETEOnde histórias criam vida. Descubra agora