Rei Impetuoso - VEGASPETE

Capítulo 31

VEGAS

– ENCONTRAMOS TODAS. - Eu parei.

– Tem certeza?

Quase tinha deixado a ligação de Christian ir para a caixa postal. Queria aproveitar minha última noite em Paris com Pete, mas a curiosidade venceu. Ele não me ligaria a menos que tivesse uma grande novidade. Eu tinha razão.

– Sim. Estamos vigiando todos os oito locais – disse Christian. – Basta você dar a ordem e estará livre dos Saengtham para sempre.

Minha mão se fechou em torno do celular. Esperei pelo alívio. Pela alegria, o triunfo, o maldito sentimento de revanche por poder derrubar Chan do jeito que passara meses sonhando.

Nada.

Senti um vazio no estômago, como se as palavras de Christian tivessem me sugado todo o ar. Olhei pelo portal na direção de Pete. Estava do lado de fora do restaurante, longe o suficiente para que ele não pudesse me ouvir, mas perto o bastante para vislumbrar seu sorriso suave e contente enquanto ele olhava para a cidade.

Uma queimação irradiava em meu peito. Ela parecia tão feliz. Mesmo com a viagem de última hora e o Legacy Ball à vista, ela tinha ganhado vida em Paris de tal maneira que me fazia querer ficar ali com ela para sempre.

Sem chantagens, sem Chan, sem toda essa palhaçada da alta sociedade. Só nós dois. Porque aquela era, muito provavelmente, nossa última viagem juntos.

– Vegas? – disse Christian. -Desviei os olhos de Pete.

– Eu ouvi. – Senti o princípio de uma enxaqueca atrás de minhas têmporas. – E a questão comercial?

– Tudo pronto também.

– Ótimo. – A palavra arranhou minha garganta apertada. – E nosso outro projeto? Aquele da startup?

Eu estava enrolando. Deveria ter dado sinal verde a Christian no segundo em que ele confirmou que havíamos encontrado todas as cópias de Chan, mas algo impedia que as palavras saíssem da minha boca.

– A empresa de Heath está passando por alguns problemas. – A fala arrastada de Christian estava cheia de satisfação. – O software tem tido algumas questões ultimamente. Os funcionários estão inquietos. Os investidores estão assustados. O IPO parece ter ido por água abaixo. Um grande azar.

– Enorme.

Eu reconhecia a hipocrisia da coisa, considerando que o plano que tinha feito com Christian me afastaria de Pete para sempre, mas não dava a mínima. Nunca segui muita lógica quando se tratava dele. Pete foi minha única centelha de egoísmo em toda uma vida de racionalidade.

– Sinceramente, foi tão fácil que foi quase entediante – disse Christian com um bocejo. – Agora que isso está resolvido, o que você quer que eu faça em relação ao Chan? - Não respondi. Não sabia o que dizer. Senti o peso do silêncio dele do outro lado da linha. – Só me permita te lembrar de que foi para isso que você trabalhou nos últimos oito meses. Esse cara chantageou você e ameaçou a vida do seu irmão.

– Eu sei muito bem disso – rebati.

Passei a mão pelo cabelo, tentando pensar em meio à pressão que apertava meu crânio. A sequência de eventos hipotética que se seguiria ao meu sinal verde passou diante de meus olhos como um filme acelerado.