Capítulo 7

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PETE


EU COSTUMAVA RESPEITAR AS LEIS, mas, se havia alguém capaz de me levar ao maritricídio, essa pessoa era meu futuro marido.

Eu odiava sua arrogância, sua grosseria e o jeito debochado com que me chamava de mio caro. Odiei a maneira como meu coração disparou com sua mão áspera ao redor do meu pescoço. E odiava como ele parecia sempre tão grandioso, como se as moléculas de qualquer espaço em que ele entrasse tivessem que se dobrar para acomodá-lo.

Ficou. Claro? Sua voz enlouquecedora ecoava na minha cabeça. Estava tudo muito claro. Estava claro que Vegas Theerapanyakul era satanás vestindo um belo terno. Forcei meus pulmões a se expandirem na tentativa de fazer passar a raiva. Inspira, um, dois, três. Expira, um, dois, três.

Só depois que minha pressão arterial estabilizou foi que abri a porta do meu novo quarto, em vez de ir em busca da faca mais afiada que pudesse encontrar.

Como prometido, um cartão de visita com o número da assistente de Vegas e um Amex Black aguardavam na mesinha de cabeceira ao lado de uma distinta caixinha vermelha. Quando abri a tampa, um diamante translúcido cintilou para mim.

Passei os dedos pela pedra deslumbrante. Seis quilates, um raríssimo corte Asscher, com diamantes menores em lapidação baguete adornando o aro de cada lado do principal.

Eu deveria estar emocionado. O anel era extraordinário e, a julgar pela cor e limpidez do diamante, valia pelo menos cem mil dólares. Era o tipo de anel que a maioria das mulheres e homens fariam qualquer coisa para ter. Mas quando o tirei da caixa e deslizei pelo meu dedo não senti... nada.

Nada, exceto o toque frio do metal e um peso que parecia mais uma prisão do que uma promessa. A maioria dos anéis de noivado eram símbolos de amor e compromisso. O meu equivalia à assinatura de um contrato de fusão.

Senti um estranho aperto na garganta. Eu não deveria ter esperado nada além daquilo que Vegas me deu. Alguns casamentos arranjados, como o da minha irmã, se transformaram em amor verdadeiro, mas de modo geral as chances não eram grandes.

Afundei na cama. O aperto se espalhou da garganta para o peito. Era ridículo que eu me sentisse triste daquele jeito. E daí que Vegas havia feito a proposta de casamento da maneira mais impessoal possível?

Desde nosso primeiro encontro eu soube que não iríamos nos entrosar. Pelo menos ele foi sincero em relação a suas intenções e limites. Ainda assim, parte de mim torcera para que nossas interações anteriores tivessem sido só experiências ruins e que gradualmente nos acostumássemos um ao outro, mas não. Meu futuro marido era simplesmente um babaca.

O zumbido de uma nova mensagem interrompeu minha lamentação. Peguei o celular, já esperando mais uma mensagem de felicitações ou um lembrete de Isabella para convidá-la a vir me visitar assim que eu me acomodasse.

Mas encontrei uma mensagem da última pessoa de quem esperava notícias.


Heath: Feliz Dia do Chocolate Quente com Abóbora :)


Olhei para as palavras, esperando que desaparecessem como se eu as tivesse invocado por acidente. Não desapareceram. Senti meu estômago revirar. Entre todos os dias em que ele poderia ter me mandado uma mensagem do nada, tinha que ser hoje, logo depois de eu me mudar para a casa de Vegas. O universo tinha um senso de humor cruel.

Havia um milhão de coisas que eu queria dizer, mas preferi algo seguro e neutro.


Eu: Tem isso na Califórnia?

Rei Impetuoso - VEGASPETEOnde histórias criam vida. Descubra agora