Capítulo 26

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VEGAS


SEMPRE ESTIVE NO CONTROLE das minhas reações, ao menos em público. Meu avô havia extirpado de mim qualquer demonstração espontânea de emoção desde a infância. Nas palavras de Kron Theerapanyakul, emoção significava fraqueza, e não havia espaço para fraquezas no implacável universo corporativo.

Mas Pete. Porra.

Por um momento, no dia anterior, achei que fosse perdê-lo. Essa ideia despertou em mim um nível de medo que não sentia desde os 5 anos, quando vi meus pais indo embora e pensei que nunca mais os veria. Que eles iriam evaporar no ar, deixando-me com um avô de expressão assustadoramente severa, em uma mansão grande demais para preencher.

E eu tinha razão.

Em algum momento, de um jeito ou de outro, perderia Pete também, mas lidaria com esse dia quando ele chegasse.

Senti um aperto estranho no peito. Não sabia como as coisas iam se desenrolar uma vez que a verdade viesse à tona, mas depois da noite anterior – depois de provar como ele era doce e sentir nosso encaixe perfeito –, eu sabia que ainda não estava pronto para abrir mão dele.


– Isso é o que eu acho que é?


A voz de Pete me despertou de meus pensamentos. Ele estava olhando para a placa retrô da lanchonete acima da nossa cabeça com uma expressão intrigada e confusa.


– Lanchonete Moondust. – Tentei afugentar aquela melancolia incomum e segurei a porta para ele entrar. – Bem-vinda ao lar dos melhores milk-shakes de Nova York e ao lugar favorito do Vegas de 12 anos.


Havia anos que eu não visitava o local, mas no minuto em que me deparei com aquele interior desgastado, fui transportado de volta à época da pré-adolescência. O piso de linóleo rachado, os assentos de couro laranja, a velha jukebox no canto... era como se o lugar tivesse sido preservado em uma cápsula do tempo.

Uma pontada de nostalgia me atingiu quando a recepcionista nos guiou para uma cabine vazia.


Melhores é um título bem importante – brincou Pete. – Você está jogando as minhas expectativas nas alturas.

– Elas serão correspondidas. – A menos que a lanchonete tivesse mudado a receita, o que não tinha motivos para fazer. – Confie em mim.

– Admito que não era bem isso que eu esperava do nosso primeiro encontro. – Os lábios de Pete se curvaram em um pequeno sorriso. – É informal. Discreto. Uma boa surpresa.

– Humm. – Olhei o menu mais por hábito do que qualquer outra coisa. Já sabia o que ia pedir. – Será que eu não deveria mencionar o passeio de helicóptero que reservei para mais tarde? O riso dele morreu quando ergui uma sobrancelha.

Vegas. É sério?

– Você está noivo de um Theerapanyakul. É assim que fazemos as coisas. A lanchonete é... – Fiz uma pausa, procurando o sentimento correto. – Uma visita ao passado. Só isso.


Eu tinha marcado de jogar tênis com Dominic naquele dia, mas quando Pete tentou sair do quarto naquela manhã, tudo que eu quis foi que ele ficasse. Um encontro na lanchonete foi a primeira coisa que me veio à cabeça. A ideia do helicóptero surgiu depois, e o agendamento exigiu apenas uma ligação.

Rei Impetuoso - VEGASPETEOnde histórias criam vida. Descubra agora