Capítulo 15

245 36 1
                                    


VEGAS


– ESPERO QUE SEJA IMPORTANTE. – Coloquei o celular no viva-voz e tirei o paletó. – É o primeiro tempo livre que eu tenho desde que aterrissei.


A viagem a São Chanco vinha sendo um turbilhão de reuniões, sessões de fotos e encontros com pessoas tão idiotas que não lhes faria nada mal um transplante de cérebro. Mal havia dormido nos últimos dois dias, mas finalmente fecharíamos o negócio com Franco Santeri dali a duas horas. Até lá, eu queria tomar banho, comer e, se tivesse sorte, tirar um cochilo de cinco minutos.


– É importante. Houve uma tentativa de assalto na loja principal da Lohman & Sons, em Nova York – respondeu Giulio, meu chefe de segurança corporativa na América do Norte, indo direto ao ponto. Ele era um dos homens de Christian, mas trabalhava para mim havia tanto tempo que falava comigo diretamente. – Capturamos os criminosos antes que eles escapassem. Eles estão sob nossa custódia.

– Alguém se machucou?

– Um dos seguranças ficou inconsciente e sofreu uma concussão. Fora isso, não, senhor.

– Ótimo. Resolva a situação como de costume. Discretamente.


Havia dois anos que não tentavam assaltar uma propriedade do Theerapanyakul Group, mas sempre aparecia um imbecil.

Eu me mantinha do lado certo da lei quando se tratava de finanças e negociações. Mas quando se tratava de pessoas que tentavam me roubar? Não tinha escrúpulos em transformá-las em exemplo. Sangue e ossos quebrados eram uma linguagem compreendida universalmente.


– Claro – respondeu Giulio. – Mas, hã, não é só isso. - Olhei o relógio, minha paciência já se esgotando depois de uma reunião sobre projeções que tinha durado três horas e poderia muito bem ter sido um e-mail.

– Vá direto ao ponto, Giulio. - Houve uma breve pausa antes que ele dissesse:

– O seu noivo estava na loja no momento da tentativa de roubo. - Minha mão parou no fecho do relógio.

– Pete estava na loja?

– Sim, senhor. Ele estava fazendo compras e acabou estando no lugar errado na hora errada. - Senti o sangue latejar em meus ouvidos, e um mal-estar se formou na boca do meu estômago.

– Como ele está?

– Abalado. Um dos assaltantes o manteve sob a mira de uma arma porque ele demorou demais para se deitar no chão, mas nossos homens neutralizaram a situação antes que ele acabasse se machucando. – Giulio tossiu. – Seu irmão também estava lá. Estava trabalhando hoje, e foi ele quem secretamente pediu reforços.


Todos os funcionários de locais de alto risco, como joalherias, usavam relógios personalizados com botões de pânico secretos. Tinha sido ideia de Christian. Os criminosos esperavam que houvesse botões de pânico embaixo de alguma mesa ou próximo ao caixa; não esperavam que estivessem em um relógio, algo muito mais discreto e fácil de acessar.

Mas naquele momento eu não estava pensando na eficácia do nosso protocolo de segurança.

Um dos assaltantes a manteve sob o mira de uma arma. Minha visão escureceu. Quando voltou, uma fração de segundo depois, a raiva cobriu o cômodo de carmesim.


– Onde eles estão agora? – Minha voz soou contida. Controlada. Em absoluto desacordo com as imagens sangrentas de vingança que passavam pela minha mente.

Rei Impetuoso - VEGASPETEOnde histórias criam vida. Descubra agora