Capítulo 21

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PETE


DEPOIS DO DIA DE AÇÃO DE GRAÇAS, o ano passou em um piscar de olhos. Queria poder dizer que minhas primeiras festas de fim de ano como noivo de Vegas foram especiais ou memoráveis, mas na verdade foram mais estressantes do que qualquer outra coisa.

As semanas entre a Black Friday e a véspera de Ano-Novo foram repletas de trabalho, obrigações sociais e perguntas intermináveis sobre o casamento que se aproximava. Vegas e eu passamos a noite de Natal na casa dos meus pais, e foi tão estranho quanto eu temia.


– Se mamãe continuar em cima dele desse jeito, as pessoas vão começar a achar que ela é a noiva – sussurrou minha irmã, Agnes, enquanto nossa mãe enchia o copo de Vegas outra vez. Só a chamávamos de "mamãe" uma para a outra, e nunca diretamente para ela.

– Imagine o papai negociando esse acordo – sussurrei de volta. Caímos na gargalhada.


Estávamos na sala de estar, logo depois da ceia – minha mãe e Vegas perto da lareira, minha irmã e eu no sofá, e meu pai e Gunnar, o marido de Agnes, no outro sofá, perto do bar.

Eu não via Agnes com muita frequência agora que ela morava em Eldorra, mas, sempre que estávamos juntas, voltávamos a ser adolescentes.


– Meninas, querem compartilhar a piada? – perguntou nosso pai em um tom incisivo, erguendo os olhos de sua conversa com Gunnar.


Alto, loiro e de olhos azuis, Gunnar era o oposto de minha irmã em termos de aparência, mas eles compartilhavam um senso de humor parecido e o jeito descontraído de ser. Ele apenas observou, com uma expressão de quem estava se divertindo, enquanto minha irmã e eu ficávamos sérias.


– Não é nada – respondemos em uníssono. - Meu pai balançou a cabeça com uma expressão exasperada.

– Pete, coloque o casaco – disse ele. – Está muito frio. Você vai ficar doente.

– Não está tão frio assim – protestei. – A lareira está acesa. - Mas coloquei o casaco mesmo assim.


Além do casamento, meus pais estavam sempre comentando o fato de eu não usar camadas de roupa suficientes e de não tomar sopa o bastante. Era um dos poucos resquícios de nossos dias pré-riqueza.

Quando olhei para Vegas, vi que ele nos observava com olhos semicerrados. Ergui a sobrancelha e ele me deu um pequeno aceno de cabeça. Não fazia ideia do que aquilo significava, mas minha curiosidade sobre sua reação acabou se perdendo em meio à confusão que foi a manhã de Natal (durante a qual Gunnar anunciou que comprara mais um pônei de presente para Agnes na mansão que tinham no campo), o Legacy Ball e o planejamento do casamento, que dominaram as semanas seguintes ao Ano- Novo.

Antes que eu me desse conta, eram meados de janeiro e minha ansiedade havia atingido o auge. Menos de quatro meses até o baile. Menos de sete meses até o casamento. Que Deus me ajudasse.


– Você precisa de um retiro em um spa – sugeriu Isabella. – Nada melhor para renovar o corpo do que um fim de semana no deserto, com massagens profundas e ioga.

– Você odeia ioga e uma vez saiu de um retiro mais cedo porque era muito "chato e harebô".

– Para mim. Não para você.

Rei Impetuoso - VEGASPETEOnde histórias criam vida. Descubra agora