Capítulo 28

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VEGAS

PETE E EU TIVEMOS MAIS UMA SEMANA DE PAZ antes de os pais dele chegarem em Nova York feito um tornado: súbito, inesperado e deixando um rastro de destruição.

Em um minuto, eu estava planejando um encontro com Pete para assistir a uma orquestra. No seguinte, estava sentado em frente a Chan e Cecelia Saengtham no Le Charles, lutando contra a vontade de arrancar o sorriso presunçoso do rosto do meu sogro.

A conversa a respeito dele no Valhalla parecera invocá-lo como a um demônio do inferno.


– Fico contente por estarmos aqui. – Ele desdobrou o guardanapo e o colocou no colo. – Espero que não estejamos atrapalhando demais seus planos.

– De jeito nenhum. – Pete segurou minha mão por baixo da mesa e delicadamente abriu meu punho fechado. – Estamos felizes em ver vocês.


Permaneci em silêncio.

Os pais dele tinham chegado naquela manhã sem avisar e perguntado se poderiam jantar conosco em algum momento durante sua estada. Levando em consideração que passariam apenas duas noites na cidade e que tinham ingressos para um espetáculo na Broadway ao qual iriam acompanhados de amigos no dia seguinte, aquela noite era a única opção.


– Não vemos vocês desde o Natal, então decidimos fazer uma visitinha. Ver como estão os preparativos para o casamento. – Cecelia brincava com suas pérolas. – Você nunca respondeu à pergunta que fiz outro dia sobre as flores. Vamos seguir com os lírios?


Pete se remexeu na cadeira. Em vez da habitual combinação de roupas curtas e fluidas, salto alto e batom vermelho, ele usava um terninho de tweed semelhante ao de nosso primeiro encontro. Seu colar era idêntico ao da mãe e a vivacidade cintilante pela qual me apaix... pela qual criara apreço havia se transformado em uma delicadeza forçada.

Não era ele, era um clone que só aparecia quando Chan e Cecelia estavam presentes, e eu o odiava.


– Sim – respondeu ele. – Os lírios estão ótimos.

– Excelente. – Cecelia sorriu. – Agora, em relação ao bolo... Felizmente, nosso garçom apareceu naquele momento e a interrompeu antes que a mulher começasse um discurso sobre glacê ou qualquer outra porcaria dessas.

– Nós vamos querer caviar Golden Imperial e tartar de atum com foie gras de entrada, e costeletas de cordeiro como prato principal – disse Chan, pedindo para ele e para a esposa. - Em seguida, devolveu o cardápio ao garçom com desdém, sem sequer olhar para ele.

– Vou querer o tagliatelle, por favor – disse Pete. Chan franziu as sobrancelhas.

– Não estamos em um restaurante italiano, Pete. Eles são famosos pelo cordeiro. Por que você não pede?


Porque ele não gosta de cordeiro, seu merda.

Cerrei a mandíbula. Eu desprezaria Chan mesmo que ele não estivesse me chantageando. Como ele podia ter passado 28 anos sem saber que o filho odiava aquela carne em particular? Ou talvez ele simplesmente não se importasse.


– A lista de espera para uma reserva no Le Charles é de quatro meses – disse Chan. – Até o governador tem dificuldade em conseguir uma mesa quando está na cidade. É ridículo desperdiçar uma refeição aqui com algo que não seja o melhor que eles têm a oferecer.

Rei Impetuoso - VEGASPETEOnde histórias criam vida. Descubra agora