Capítulo 41

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PETE

MINHA IRMÃ E MEU CUNHADO MORAVAM em Helleje, um condado idílico de belos vilarejos, mansões centenárias e patrimônios preservados pelo Estado, localizado três horas ao norte da capital de Eldorra, Athenberg.

Vegas e eu pousamos no pequeno aeroporto de Helleje na tarde de sexta-feira. Levamos mais quarenta minutos de carro para chegar à propriedade rural de mais de dez hectares de Agnes e Gunnar.

– Pete! – Minha irmã abriu a porta, a imagem perfeita do country chique em sua blusa branca larga e suas botas de montaria. – É tão bom ver você! Você também, Vegas – completou ela, educada.

Presumi que meu pai também não havia contado a ela o que Vegas fizera. Caso contrário, Agnes não estaria tão calma. Não me surpreendi. Meu pai jamais admitiria de bom grado que alguém levara a melhor sobre ele.

Vegas e eu deixamos nossa bagagem em quartos do andar de cima antes de nos juntarmos a Agnes na sala de estar. Gunnar estava em sessão no Parlamento, então seria mesmo um fim de semana da família Saengtham.

Hesitei ao ver mamãe no sofá ao lado de minha irmã. À primeira vista, parecia centrada como sempre, mas uma análise mais atenta revelou as linhas de tensão em torno de sua boca e as tênues olheiras.

Senti uma pontada no peito.

Os olhos dela ganharam vida e ela fez menção de se levantar ao me ver, mas então se sentou outra vez. Foi um movimento extraordinariamente esquisito para Cecelia Saengtham e que fez meu coração apertar. O olhar de Agnes oscilou entre nós.

– Vegas, o que acha de um tour pela casa? – disse ela. – A planta pode ser meio confusa...

Ele olhou para mim, e eu assenti de leve.

– Eu adoraria – respondeu ele.

Minha mãe enfim se levantou quando eles saíram da sala.

– Pete, que bom te ver.

– É bom ver você também, mãe.

Em seguida fui envolvida por seus braços e meus olhos arderam quando senti o cheiro familiar de seu perfume.

Não éramos muito de demonstrações de afeto. A última vez que nos abraçamos foi quando eu tinha 9 anos, mas aquele parecia um abraço muito necessário para nós duas.

– Eu não sabia se você viria – confessou ela ao me soltar. Sentamo-nos no sofá. – Você emagreceu? Está mais magra. Precisa comer mais.

Eu sempre estava comendo muito ou pouco. Não havia meio-termo.

– Não tenho tido muito apetite – respondi. – Estresse. As coisas têm estado... caóticas.

– Sim. – Ela respirou fundo e levou as mãos ao colar de pérolas. – Que confusão, tudo isso. Nunca fiquei tão irritada com seu pai. Imagine, fazer aquilo logo com Vegas Theerapanyakul...

Eu a interrompi com a pergunta que vinha me atormentando desde que ouvira a conversa de Vegas com meu pai:

– Você sabia da chantagem? - Ela ficou boquiaberta.

– Mas é claro que não! Como você pode pensar uma coisa dessas? Chantagem é uma coisa indigna, Pete.

– Você sempre concordou com as atitudes do papai. Pensei que...

– Nem sempre. – O rosto de minha mãe ficou sombrio. – Eu não concordo com ele tentar deserdar você. Você é nosso filho. Ele não tem o direito de decidir se eu posso vê-lo ou não nem de resolver expulsá-lo da família. Eu disse isso a ele. - Um nó de emoção se formou em minha garganta com aquele desdobramento inesperado. Minha mãe nunca tinha me defendido antes.

Rei Impetuoso - VEGASPETEOnde histórias criam vida. Descubra agora