Capítulo 5

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PETE


– COMO ASSIM VOCÊ NÃO FALA com o seu noivo desde o dia do noivado? – perguntou Isabella, com os braços cruzados e o olhar reprovador. – Isso é ridículo, que tipo de relacionamento é esse?

– Um relacionamento arranjado.


O bar girou e depois voltou ao normal. Talvez eu não devesse ter tomado dois copos de uísques e meio seguidos, mas meu Happy hour semanal com Isabella e Sloane era o único momento da semana em que eu conseguia relaxar.

Sem julgamento, sem a necessidade de ser perfeita e "respeitável". E daí se eu estava meio bêbado? Eu estava em um bar, que inclusive se chamava Tipsy Goat, "a cabra bêbada". Já era esperado.


– Foi melhor mesmo não termos nos falado – acrescentei. – O papo dele não é muito agradável.


Mesmo agora, a mera lembrança de meu primeiro, e até então único, encontro com Vegas me causou uma onda de indignação. Ele não havia mostrado nenhum remorso por passar metade do nosso jantar de apresentação fumando charuto no escritório do meu pai, e tinha ido embora sem dizer nem mesmo um obrigado ou um boa-noite.

Vegas era um bilionário, mas tinha os modos de um ogro mal-educado.

– Então por que você vai se casar com ele? – perguntou Sloane, levantando uma de suas sobrancelhas perfeitas. – Fala para os seus pais acharem alguém melhor.

– Esse é o problema. Não existe alguém melhor, aos olhos deles. Eles acham o Vegas perfeito.

– Vegas Theerapanyakul? Perfeito? – A sobrancelha dela se arqueou ainda mais.

– Uma vez, tentaram invadir a casa dele e a equipe de segurança mandou o cara para o hospital. O invasor passou meses em coma, com costelas quebradas e uma das rótulas completamente destruída. É impressionante, mas eu não diria que ele é perfeito. Só Sloane acharia impressionante deixar alguém em coma.

– Eu sei disso, pode acreditar. Não sou eu que você tem que convencer – murmurei. Não que a notória impiedade de Vegas fizesse alguma diferença para a minha família. Ele poderia atirar em alguém na hora do rush, no centro de Manhattan, e eles diriam que a pessoa mereceu.

– Não entendo por que você aceitou ter qualquer tipo de compromisso com esse sujeito. – Sloane balançou a cabeça. – Você não precisa do dinheiro dos seus pais. Pode se casar com quem quiser e não há nada que eles possam fazer a respeito.

– Não é pelo dinheiro. - Mesmo que meus pais cortassem minha herança, ainda sobraria uma bela quantia oriunda do meu trabalho, além de investimentos e de uma poupança que meus pais me passaram quando completei 21 anos.

– É... – Procurei as palavras certas. – É pela família. - Isabella e Sloane se entreolharam. Não era a primeira vez que discutíamos meu noivado ou meu relacionamento com meus pais, mas me sentia motivado a defendê-los sempre. – Na minha família, já se espera um casamento arranjado. Minha irmã passou por um, e agora é minha vez. Sabia que isso ia acontecer desde que era adolescente.

– Tudo bem, mas o que eles vão fazer se você disser não? – perguntou Isabella. – Deserdar você? - Senti meu estômago revirar. Tensa, forcei uma risada.

– Talvez. Com certeza. Eles não pouparam elogios à minha tia por deserdar minha prima depois que ela recusou uma bolsa de estudos em Princeton para abrir um food truck. Recusar-se a casar com um Theerapanyakul era mil vezes pior.

Rei Impetuoso - VEGASPETEOnde histórias criam vida. Descubra agora