Capítulo 14

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PETE


SONHEI COM VEGAS TRÊS NOITES SEGUIDAS.

Não conseguia me lembrar do que acontecia nos sonhos, mas eu acordava todas as manhãs com a sensação de suas mãos entre minhas coxas e um nó de desejo em meu ventre. Banhos gelados só ajudavam por pouco tempo, e a ausência de Vegas durante sua viagem à Califórnia era uma bênção e uma maldição.

Uma bênção porque não precisava encará-lo enquanto memórias amorfas de sonhos eróticos me passavam pela cabeça. Uma maldição porque, sem novas interações para me distrair, tudo em que eu conseguia pensar era na nossa noite na biblioteca do Valhalla.

Sua pegada em minha nuca. Seus dedos me preenchendo enquanto eu cavalgava descaradamente sua mão rumo ao orgasmo. O desejo em seus olhos enquanto ele me observava desmoronar em seus braços, tão quente e potente que quase me levou ao clímax mais uma vez.

Um arrepio que nada tinha a ver com o clima percorreu meu corpo. O dia tinha amanhecido cinzento e chuvoso, e, embora eu geralmente só gostasse de chuva quando estava aconchegada e aquecida na cama, fiquei feliz com o frio daquele dia. Clareava meus pensamentos – ao menos tanto quanto era possível.

Verifiquei o relógio de pulso enquanto driblava as poças que se acumulavam na calçada, guarda-chuva na mão. Terminara de almoçar em tempo recorde, pois queria dar uma olhada na Lohman & Sons antes da próxima reunião, às duas da tarde. Era a maior subsidiária de joias do Theerapanyakul Group.

Até então, eu vinha usando principalmente joias da marca da minha família, exceto pelo meu anel de noivado, mas como estava me casando com um Theerapanyakul, fazia sentido adicionar outros produtos deles à minha coleção.

Chuva e compras como terapia. Duas coisas que com certeza afastariam minha mente de Vegas.

O toque do celular me despertou de meus pensamentos antes que tomassem um caminho indesejado. Um número desconhecido em meu telefone profissional. Algo incomum, mas não inédito.


– Pois não? Quem fala é a Pete – atendi em minha voz profissional e parei em frente à entrada da Lohman & Sons.

Uma elegante senhora passou com um poodle branco imaculadamente penteado. Ambos usavam jaquetas Chanel acolchoadas combinando. Só mesmo no Upper East Side.

– Pete, querido, como você está? – A voz gutural de Buffy ecoou pelo aparelho. – Aqui é Buffy Darlington.


Meu coração palpitou. Eu não falava com Buffy desde o aniversário de sua neta, duas semanas antes. Os pagamentos tinham sido feitos, os contratos, cumpridos. Os Darlington pareciam ter ficado contentes com o evento, então por que Buffy estaria me ligando em uma tarde qualquer de terça-feira? Éramos ativas na cena social de Manhattan, mas frequentávamos círculos muito diferentes. Não ligávamos uma para a outra só para bater papo.


– Estou bem, obrigadO. E você?

– Ótima. Ouvi dizer que você estava na festa de gala do Valhalla Club no fim de semana. Fiquei muito triste por não ter comparecido, mas o Balenciaga, coitadinho, teve problemas estomacais e precisamos levá-lo às pressas ao veterinário.


Balenciaga era um dos cinco malteses premiados de Buffy, junto com Prada, Givenchy, Chanel e Dior. Cada cachorro usava apenas roupas do designer que correspondia ao seu nome. Dois anos antes, a Mode de Vie havia feito uma reportagem completa sobre eles.

Rei Impetuoso - VEGASPETEOnde histórias criam vida. Descubra agora