Capítulo 16

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VEGAS


– VOCÊ SUJOU MINHA CAMISA DE SANGUE, BRAX. – Enrolei as mangas, escondendo a mancha em questão. – Agora você vai ver.


Ele olhou para mim, sua expressão revoltada sob o sangue e os hematomas. Estava preso a uma cadeira, braços e pernas amarrados com cordas. Era o único dos cúmplices ainda consciente. Os outros dois estavam caídos em seus assentos, as cabeças pendendo e o sangue pingando no chão em gotas constantes. Braços e pernas dobrados em ângulos nem um pouco naturais.


– Você fala demais – disse Brax, e cuspiu um líquido vermelho-escuro.


Brax Miller. Ex-presidiário com uma ficha criminal de um quilômetro de extensão, nervos de aço e o cérebro do tamanho de uma noz. Dei um sorriso, então o acertei outra vez. Sua cabeça ricocheteou para trás e um gemido de dor preencheu o ar.

Meus dedos esfolados ardiam. A sala, apelidada de Carceragem no quartel-general da minha equipe de segurança privada, cheirava a cobre, suor e ao odor intenso e enjoativo do medo.

Fazia dois dias da tentativa de roubo na Lohman & Sons, o máximo de tempo que havíamos mantido alguém aprisionado. Meus contatos na polícia faziam vista grossa para minhas atividades, porque, além de lhes economizar tempo e mão de obra, eu sabia respeitar os limites. Nunca havia matado ninguém. Até agora. Mas estava extremamente tentado a fazer isso naquele momento.


– A primeira ofensa foi tentar roubar uma das minhas lojas. A segunda... – Estendi o braço. Giulio colocou algo frio e pesado na palma da minha mão, sua expressão impassível. – Foi ameaçar o meu marido.


Cerrei o punho em torno da arma.

Normalmente, eu deixava minha equipe lidar com aquele tipo de assunto desagradável. Roubo, vandalismo, desrespeito. Eram coisas inaceitáveis, mas impessoais. Nada além de crimes a serem punidos e exemplos a serem dados da forma mais brutal e, portanto, eficaz possível. Não exigiam minha atenção direta.

Mas aquilo ali? O que Brax fizera com Pete? Aquilo era pessoal pra cacete.

Um novo tsunami de raiva me atravessou quando imaginei aquele merda apontando uma arma para ele. Pete ainda não era meu marido, mas era meu. Ninguém ameaçava o que era meu.


– Quer dizer então que ele é seu marido. – Brax tossiu, sua arrogância abalada, mas ainda firme. – Eu entendo por que você está tão irritado. Ele é lindo, mas teria ficado ainda mais bonito com aquela pele incrível toda pintada de sangue.


Seu sorrisinho de escárnio estava completamente ensanguentado, e o sujeito era imbecil demais para se dar conta do erro. Como eu disse, o cérebro era do tamanho de uma noz. Coloquei meu soco inglês, me aproximei e puxei sua cabeça ridícula para trás.


– Não sou eu que falo demais.


Um segundo depois, um uivo de agonia rasgou o ar. Aquilo não ajudou em nada a aliviar minha ira, e não parei até que os uivos cessassem por completo. Deixei meus homens limpando a bagunça na Carceragem.

Chegara perto de matar Brax, mas o desgraçado sobreviveu. Por pouco. No dia seguinte, ele e seus cúmplices se apresentariam à polícia. Era uma alternativa muito mais atraente do que ficar com a minha equipe.

Rei Impetuoso - VEGASPETEOnde histórias criam vida. Descubra agora