Cristian, ao perceber a nova condição de Zero, não hesitou em tomar controle da situação. Sem o antigo ódio ardente que antes fazia de Zero um desafio, ele agora era uma tela em branco, pronta para ser manipulada. Com frieza e autoridade, Cristian ordenou que Zero o acompanhasse, declarando que, a partir daquele momento, ele estaria constantemente ao seu lado. Zero obedeceu em silêncio, seguindo-o sem resistência, com uma quietude que Cristian não estava acostumado a ver.
Logo depois, Cristian mandou que Zero fosse vestido de maneira apropriada, com roupas elegantes e escuras, refletindo a imagem que ele queria projetar. Como toque final, ele colocou uma coleira em torno do pescoço de Zero, um símbolo de posse e controle absoluto. Zero, passivo e vazio, aceitou tudo sem questionar ou reagir. Sua presença ao lado de Cristian era constante, como uma sombra, mas sem o peso das palavras ou emoções que antes os envolviam.
Cristian, por outro lado, encontrava-se intrigado e dividido sobre o que fazer com essa nova versão de Zero. Ele olhava para aquele lobo domesticado e se perguntava que tipo de jogo gostaria de jogar. Zero era um brinquedo novo, com possibilidades infinitas de exploração, mas essa tela em branco lhe oferecia um dilema: que tipo de "obra de arte" ele desejava pintar? Seria mais interessante brincar com o medo e o ódio, reacendendo o fogo que outrora fez de Zero um oponente formidável, ou deveria tentar moldá-lo usando a carência e o desejo de afeto? As opções eram tantas que, por dias, Cristian nada fez. Ele observava, refletia, mas permanecia inerte.
Nos dias que se seguiram, Zero manteve-se ao lado de Cristian, obediente e silencioso. Cristian seguia com seus afazeres, imerso nas responsabilidades do seu império, enquanto Zero o acompanhava em completo silêncio. Quando não estavam juntos, Zero dormia em um quarto ao lado do de Cristian e fazia suas refeições junto a ele, mas não havia qualquer diálogo entre os dois. O silêncio pairava entre eles como uma presença constante, pesada e cheia de significados não ditos.
Cristian, embora pensativo, não se apressava. Afinal, o que Zero poderia dizer? Ele estava vazio. Sem memórias, sem propósito. Um novo brinquedo aguardando ser moldado, e Cristian se permitia o luxo de desfrutar desse controle, adiando a decisão de como começaria a jogar.
Semanas se passaram desde que Cristian impôs seu controle sobre Zero. Em um dia marcado por uma decisão de negócios, Cristian anunciou que precisaria se afastar por três dias, deixando claro sua única ordem: "Não permita que jamais ninguém toque em você. Se alguém te tocar, mate." As palavras de Cristian ecoaram na mente de Zero, tornando-se um mantra que ele tentava seguir à risca.
Durante a ausência de Cristian, Zero se viu sozinho em um ambiente que, embora familiar, parecia opressor. Ele vagava pelos locais permitidos, especialmente pela biblioteca, onde passava horas em silêncio, absorvendo conhecimento em meio aos livros, antes de retornar aos seus aposentos, um espaço que se tornara um refúgio sem vida. O tempo parecia escorregar entre seus dedos, e a solidão o envolvia como um manto pesado.
No terceiro dia, enquanto explorava a biblioteca mais uma vez, Zero foi abordado pelos outros números — de 1 a 6. Inicialmente, ele tentou ignorá-los e seguir seu caminho, mantendo-se em sua bolha de isolamento. No entanto, eles não estavam dispostos a deixá-lo escapar facilmente. Em um instante, os números cercaram Zero, unindo-se em um movimento que o levou até a casa de banho.
Ao chegarem, a atmosfera mudou. Os outros números, com corpos impecáveis e belos, se despiram com confiança, enquanto Zero hesitou, sentindo-se deslocado. O Número Cinco, com um sorriso provocador, insistiu que ele também se despisse e se juntasse a eles. A incerteza tomou conta de Zero, e ele tentou recuar, mas o Número Seis, impiedoso, o empurrou para dentro da piscina.
A água fria o surpreendeu, e Zero, em um movimento instintivo, lutou para sair. No entanto, os outros números não deram trégua. Eles o seguraram pela roupa e não o deixaram sair. O Número Um, que sempre havia sido arrogante e determinado, começou a rir, seu tom debochado ressoando na sala. "Olha só para ele, o grande Zero agora está aqui, com o corpo completamente fodido," zombou.
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O Lobo E O Coelho
RomanceEssa é uma "continuação" da história "A presa que dominou o caçador", aqui depois de 20 anos após a guerra contra a resistência, vamos acompanhar a trajetória de Will, o lobo herdeiro do trono. Will é um jovem muito bondoso e dedicado, ele se esforç...