Arqueiro de verdade

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O tempo passou rapidamente, e o árduo treinamento de Philip seguiu firme, dia após dia, sem descanso. Ele estava determinado a se aprimorar, tanto física quanto mentalmente. Cada treinamento trazia uma nova série de desafios, e Philip os enfrentava com disciplina e uma intensidade que o destacava. Seus músculos estavam mais firmes, e sua coordenação, mais refinada. O jovem guerreiro tinha dominado com maestria o arco, sua mira agora certeira, disparando flechas com precisão quase infalível, mesmo em movimento ou sob pressão.

A cada flecha lançada, Philip podia sentir seu corpo mais equilibrado, seus músculos respondendo com precisão a cada comando que sua mente ditava. Ele já não era mais o mesmo jovem inexperiente de antes. A luta corporal também se tornou uma de suas forças. Seus reflexos estavam afiados, e sua capacidade de antecipar os movimentos do oponente era algo que, há pouco tempo, ele mal imaginava que poderia dominar. Agora, Philip não apenas conseguia se defender, mas também atacar com uma estratégia bem fundamentada, sempre procurando uma vantagem, um ponto fraco no adversário.

Enquanto isso, Hector dividia seu tempo entre suas responsabilidades e os cuidados com Mei. Havia momentos em que Mei precisava de tratamentos mais específicos e avançados, o que exigia que eles viajassem ao país de Hector. Essas idas e vindas se tornaram frequentes, mas o apoio de Hector era indispensável. Sempre que retornavam, Hector gostaria de ver Jhon, mas ele entendia que Jhon estava ocupado demais em seu treinamento com Philip.

Com o passar de um mês, os resultados do treinamento de Philip eram evidentes. Sua evolução era impressionante, superando expectativas. Ele não apenas havia dominado o arco com grande habilidade, mas seu corpo também estava em sintonia com sua mente, movendo-se com agilidade e precisão em combate corporal. Aquele mês de rigor o havia transformado completamente, e Jhon olhava com orgulho o jovem guerreiro que Philip estava se tornando.

Jhon havia prometido que mostraria para Philip o que um arqueiro de verdade poderia fazer, então ele decide finalmente mostrá-lo. A luz da lua  mal atravessava as densas copas das árvores da floresta, lançando sombras irregulares e criando um ambiente silencioso, quase místico. Era o cenário perfeito para uma batalha decisiva. Philip estava de pé no centro de uma clareira, seus músculos tensos, os sentidos afiados. Ele sabia que Jhon estava por perto, mas não conseguia vê-lo. O vento carregava um leve sussurro, mas era impossível identificar a origem com precisão.

Então, sem aviso, o som agudo de uma flecha cortando o ar foi a única coisa que Philip ouviu. Ele tentou reagir, mas foi tarde demais. A flecha passou de raspão em seu braço, cortando sua pele e provocando um sangramento e uma leve ardência. Philip deu um salto para o lado, se escondendo atrás de uma árvore grossa. Sua respiração acelerou, mas ele sorriu. Jhon não estava pegando leve, e era exatamente o que ele esperava. O jogo havia começado.

Philip focou nas batidas do seu coração, tentando acalmar-se, seus ouvidos atentos a qualquer outro som. Ele sabia que, para sobreviver, precisaria confiar em seus sentidos mais do que nunca. E foi assim que ele ouviu: outro som sutil, um sussurro de perigo vindo da esquerda. Com um reflexo rápido, ele rolou para o lado, evitando uma segunda flecha que cravou-se profundamente no tronco da árvore atrás dele.

Jhon estava usando o terreno da floresta a seu favor, mantendo-se distante, oculto nas sombras, lançando flechas rápidas e precisas. Philip avançava com cautela, suas orelhas treinadas captando o leve som do movimento das flechas através do vento. Ele desviava de algumas, outras quase o acertavam. Ele usava o ambiente a seu favor, escondendo-se entre as árvores e pedras, tentando se aproximar do arqueiro habilidoso que o caçava de longe.

Outra flecha passou por ele, e Philip percebeu que estava ficando mais próximo de Jhon. Ele podia sentir a mudança no som. Estava mais forte, mais perto. Philip ajustou sua postura e decidiu contra-atacar. Ele saltou sobre uma pedra e rolou para o lado, desferindo um chute no tronco de uma árvore, e o som ecoou pela floresta, tentando confundir o arqueiro. E funcionou.

O Lobo E O CoelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora