Birds of a Feather

Saturnine

1942

Pela primeira vez desde o primeiro ano, Hermione voltou para casa para as férias de Natal.

Ela sentia falta dos pais e, embora se preocupasse menos com a segurança deles agora, uma parte dela nunca se acostumou a passar quase dez meses longe deles. A família de Hermione nunca foi do tipo que passava as crianças para uma au pair aos cinco ou seis anos, como não era incomum com as outras famílias da vizinhança, onde contratar ajuda era considerado um símbolo de status.

Mamãe e papai eram linhas de vida familiares para ela, lembrando Hermione de onde ela tinha vindo e por que valia a pena trabalhar tão duro quanto ela trabalhava, e quão importante era o presente de ter nascido com magia. Um presente e uma responsabilidade reunidos em um.

Ela podia admitir que também estava sozinha.

Havia, é claro, Tom. Mas Hermione observou que Tom estava ocupado fazendo suas próprias coisas nos últimos meses. Ele lhe disse em segredo que estava afiando suas habilidades de escrita e que planejava usar o pseudônimo que ela inventou naquele sábado na biblioteca. Como foi ela quem o encorajou a redirecionar seus esforços para atividades produtivas como escrever obras originais, ela dificilmente poderia justificar uma desculpa para afastá-lo disso porque não tinha nada melhor para fazer.

Hogwarts durante as férias simplesmente não era a mesma. Ela gostava de assistir às aulas e à agitação diária da vida escolar, e sem elas, a experiência de Hogwarts parecia menos mágica; para ela, uma escola sem alunos era como uma estante sem livros. Ela sempre terminava suas tarefas nos primeiros dias do feriado. Sem aulas para ir e um dormitório vazio, mais do que algumas manhãs se passaram em que ela não sabia o que fazer.

Hermione sabia que ficaria inquieta se tivesse ficado em Hogwarts. Havia apenas algumas caminhadas que ela poderia ter feito ao redor do castelo com correntes de ar no meio do inverno, tantas conversas a serem tidas com os retratos em movimento que logo se cansaram de responder suas perguntas e tentaram convencê-la a entregar mensagens para retratos em outras partes do castelo em seu nome. Havia a biblioteca da escola, um lugar onde ela passou muitas horas livres, mas ela começou a perceber que era limitada no que poderia oferecer a uma aluna de sua idade, sem passe de professor assinado ou credenciais pendentes de OWL em seu nome.

Nos últimos meses, suas leituras extracurriculares estavam ocupadas com livros que não eram exatamente aprovados pela escola.

Tudo começou quando ela descobriu a existência das Maldições Imperdoáveis.

Os livros na biblioteca deram a ela exemplos de usos históricos quando ela sabia quais palavras procurar. Eles eram mais úteis do que os códices legais, mas seu lado acadêmico se opôs à maneira como os autores não tocaram na teoria mágica; a maioria das instâncias da menção das Maldições era para demonstrar que esta ou aquela figura histórica era um bruxo das trevas que havia feito atos malignos. Isso deixou um gosto ruim em sua boca, o mesmo sentimento que ela tinha quando lia histórias militares relatando incidentes em que um comandante havia ordenado uma execução em massa ou a captura de mulheres da nação adversária.

(Ela sabia que há mil anos ou mais, ambos os lados de qualquer conflito estariam cometendo atrocidades a torto e a direito, mas a narrativa oficial frequentemente manobrava os vencedores para uma posição de superioridade moral.)

Em sua busca por mais informações, ela escreveu para o Sr. Pacek, e ele recomendou autores e revendedores específicos. Não eram livros que chegaram à vitrine da Flourish and Blott's. Ela teve que recorrer à Glimwitt's Biblio-Antiquities em Knockturn Alley, uma loja que oferecia aos clientes um "serviço de embrulho para presente" para suas compras, o que acabou sendo um eufemismo para disfarçar seus livros com capas falsas e aplicar camadas de encantos repulsivos.