Em uma pequena cidade do Tennessee, Ruby Mae Caldwell busca um recomeço, deixando para trás a vida agitada da cidade grande. Lá, ela conhece Elijah Walker, um fazendeiro reservado e determinado, que a contrata para trabalhar em sua fazenda, mesmo du...
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ELIJAH
As primeiras luzes do amanhecer já despontavam no horizonte, tingindo os campos com um brilho dourado, e o ar ainda carregava o frescor da noite passada. Enquanto ajustava as correias do trator, vi Ruby no estábulo, lidando com o feno. Ela movia cada braçada com esforço visível, mas seu olhar era firme, determinado. Eu sabia que ela estava dando tudo de si, mesmo que ainda estivesse longe de dominar o ritmo da fazenda. Tinha algo nela que eu admirava, mesmo sem querer admitir.
Ruby era diferente dos outros que eu já tinha contratado. A maioria dos trabalhadores da fazenda sabia o que fazer, tinha experiência e entendia o que significava acordar antes do sol nascer e passar o dia inteiro debaixo do céu aberto. Ruby, no entanto, era alguém que eu ainda não tinha certeza se se encaixava ali. Mas era essa incerteza que me fazia observá-la, tentando entender por que uma garota de aparência tão delicada tinha decidido enfrentar um trabalho tão duro.
— Está acordado cedo, como sempre — ouvi a voz familiar de Abel, meu irmão mais novo, que vinha caminhando em minha direção, já com um sorriso provocador no rosto.
Ele era alguns anos mais novo que eu, mas o vínculo entre nós era forte, embora bem diferente. Abel sempre fora mais descontraído, com uma leveza que eu não tinha. Onde eu via responsabilidade e trabalho, ele via oportunidade de aventura. Abel era a outra metade da fazenda, mas era mais que isso; ele era minha âncora, o único que restava de nossa família.
— Bom dia, Abel — respondi, ajustando o chapéu enquanto terminava de revisar o trator. — E você, pelo visto, veio só para ver como andam as coisas por aqui.
Ele riu, cutucando o solo com a ponta da bota antes de lançar um olhar para Ruby, que ainda estava no estábulo, completamente imersa no trabalho.
— Então, ela ainda está por aqui, hein? — Abel comentou, cruzando os braços e inclinando-se levemente para observar melhor. — Achei que, depois do primeiro dia, ela não aguentaria e iria embora.
— Ela se esforça — respondi, sem desviar o olhar dela. — Pode não ser a mais forte, mas trabalha com vontade.
Abel arqueou uma sobrancelha, claramente intrigado com minha resposta. — É, isso eu não posso negar. Mas você sabe, Elijah, nós dois sabemos que a fazenda não é um lugar para quem não aguenta o peso do dia a dia.
Suspirei, sentindo uma ponta de cansaço na voz. — Sei disso melhor que ninguém, Abel. Mas, às vezes, as pessoas só precisam de uma chance para mostrar do que são capazes. E, até agora, Ruby tem demonstrado que merece essa chance.
Abel me olhou com um misto de surpresa e curiosidade, como se estivesse tentando decifrar o que estava acontecendo dentro de mim.
— Você nunca deu tanta importância para quem trabalha aqui, Elijah — ele disse, com uma risada curta. — Então, o que há de especial nela? Ela não tem experiência, não tem a força que precisamos... — Ele deu de ombros. — É isso que estou tentando entender.
