Sixteen

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ELIJAH

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ELIJAH

Depois de jantar e conversar com Ruby, o clima entre nós parecia diferente, mais denso, mais intenso. Eu a levei até o quarto onde passaria a noite, tentando manter a compostura, mas cada detalhe — o jeito como ela sorriu, o modo como olhou para mim antes de fechar a porta — tudo parecia mexer comigo de um jeito que eu não conseguia controlar.

Voltei para meu quarto, determinado a tomar um banho e ir dormir, tentando ignorar as sensações que me deixavam inquieto. A água quente do chuveiro trouxe um breve alívio, mas, ao sair e vestir a camiseta e os shorts para dormir, percebi que a imagem de Ruby com a minha camisa continuava se repetindo na minha cabeça. A visão dela usando algo meu, ainda mais com aquele olhar sereno e sorriso leve... Aquilo estava me deixando louco.

Deitei na cama, encostando a cabeça no travesseiro, mas a cada tentativa de fechar os olhos, ela aparecia. Por mais que eu tentasse desviar os pensamentos, o efeito dela sobre mim era implacável. Liguei a televisão, zapeando pelos canais, tentando encontrar algo que me distraísse, que me ajudasse a focar em qualquer coisa que não fosse aquela mulher no quarto ao lado. Mas nem as cenas de ação, nem as reportagens, nada parecia prender minha atenção.

O som da chuva lá fora era quase um eco dos meus pensamentos turbulentos. Me virei na cama, suspirei e tentei fechar os olhos mais uma vez, na esperança de que, talvez, o sono finalmente chegasse. Mas foi em vão. Quando estava prestes a desistir e levantar para pegar um copo d'água ou algo assim, escutei um leve barulho vindo do corredor. Era sutil, mas o suficiente para me deixar alerta.

Levantei da cama, abrindo a porta com cuidado, e saí para o corredor, tentando ver o que era. Olhei em volta, mas não havia sinal de nada. Parei por um momento em frente à porta do quarto onde Ruby estava, ouvindo em silêncio. Abri uma fresta, hesitante, apenas para ver que o quarto estava vazio. O cobertor ainda estava sobre a cama, e a luz do abajur estava apagada.

Desci as escadas em silêncio, o coração acelerado sem um motivo claro. Quando cheguei ao andar de baixo, percebi que a lareira ainda estava acesa, lançando sombras suaves e quentes pelo ambiente. E foi aí que a vi.

Ruby estava sentada no tapete perto da lareira, os olhos fechados, com uma expressão tranquila no rosto, como se estivesse completamente imersa no momento. Havia uma música suave e quase melancólica tocando de algum lugar próximo. A chama da lareira iluminava o rosto dela, destacando cada curva e detalhe. Ela estava perdida na música e na própria mente, e havia algo de profundamente íntimo naquela cena.

Eu parei por um instante, observando-a em silêncio, tentando decidir se deveria me aproximar ou voltar para o quarto. Mas a curiosidade — e talvez algo mais — me impulsionou a dar mais um passo. O chão rangeu de leve sob o meu peso, e os olhos de Ruby se abriram, me encontrando com surpresa. Ela não disse nada, apenas me olhou, e no fundo daqueles olhos, vi algo que me fez querer ficar.

— Não consegui dormir — murmurei, quase num sussurro, sem quebrar o contato visual.

Ela sorriu de leve, um sorriso que era tanto acolhedor quanto desarmante.

— Eu também. Achei que o fogo me ajudaria a relaxar.

Ela fez um gesto indicando o lugar ao lado dela, e hesitei por um segundo antes de me sentar ao seu lado, sentindo a suavidade do tapete sob mim. O calor da lareira era reconfortante, mas a presença dela ao meu lado era ainda mais intensa. Permanecemos em silêncio por um momento, apenas ouvindo a música e o som da chuva lá fora.

Sentado ao lado dela, senti uma tensão entre nós que parecia crescer a cada segundo, como um fio invisível que nos mantinha conectados. A proximidade, o som da música suave ao fundo e o calor da lareira tornavam o ambiente quase irreal. Tudo parecia nos empurrar, lentamente, para um momento que eu não tinha certeza se estava pronto para enfrentar, mas que, ao mesmo tempo, ansiava profundamente.

Ela estava tão próxima que eu podia sentir seu perfume leve, uma mistura de algo floral e suave, como se a própria natureza tivesse imprimido nela essa delicadeza. A chama da lareira lançava reflexos no rosto dela, iluminando cada linha, cada detalhe de seus olhos e lábios. Ruby percebeu que eu a observava, e sua respiração ficou um pouco mais acelerada.

Seus olhos encontraram os meus, e naquele momento não havia necessidade de palavras. Havia algo nos olhos dela — uma mistura de incerteza e expectativa — que parecia refletir o que eu também estava sentindo. Meu coração batia forte, mais do que em qualquer situação, e me vi incapaz de desviar o olhar.

— Ruby... — comecei, mas a voz falhou, abafada pela intensidade do momento.

Ela inclinou levemente a cabeça, e um sorriso quase imperceptível surgiu em seus lábios. O olhar dela se desviou rapidamente para a minha boca, e esse simples gesto fez meu autocontrole desmoronar. Sem pensar, me aproximei mais, sentindo cada centímetro se tornar uma eternidade até que, finalmente, nossos rostos estavam a poucos centímetros de distância.

Por um instante, hesitei, querendo ter certeza de que aquilo era o que ela também queria. Mas, quando vi seu olhar fixo em mim, a dúvida se dissipou. Lentamente, como se qualquer movimento brusco pudesse quebrar a magia do momento, meus lábios tocaram os dela.

O beijo começou suave, como uma descoberta cuidadosa. Mas, à medida que nossos lábios se encontravam, senti uma urgência que não conseguia conter. Havia uma conexão entre nós que transcendia palavras e explicações. Ela correspondeu com a mesma intensidade, e, em poucos segundos, o beijo se tornou algo mais profundo e cheio de desejo.

Minhas mãos subiram para o rosto dela, sentindo a pele macia, enquanto ela deslizou as mãos pelos meus ombros, me puxando para mais perto. A sensação de tê-la tão próxima, de sentir seu corpo junto ao meu, era como se tudo finalmente se encaixasse, como se eu estivesse esperando por esse momento desde o instante em que a conheci.

Quando nos afastamos, ainda respirando de forma acelerada, ficamos em silêncio, com os olhares ainda presos um no outro. Havia tantas coisas que eu queria dizer, mas nada parecia adequado. A intensidade do beijo ainda ecoava entre nós, carregando um misto de sentimentos que eu ainda não conseguia decifrar.

Ela sorriu, um sorriso tímido, mas que iluminou todo o seu rosto.

— Elijah... — murmurou, a voz baixa, mas carregada de uma ternura que fez meu coração acelerar ainda mais.

Eu a abracei, mantendo-a junto a mim, e pela primeira vez em muito tempo, senti que havia encontrado um lugar seguro — alguém que compreendia não apenas quem eu era, mas também tudo o que eu guardava no meu silêncio.

Naquela noite, ao lado dela, sob a luz suave da lareira, percebi que meu coração finalmente encontrara o caminho de volta para casa.

𝐓𝐄𝐍𝐍𝐄𝐒𝐒𝐄𝐄 𝐖𝐇𝐈𝐒𝐊𝐄𝐘Onde histórias criam vida. Descubra agora