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RUBY

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RUBY

Eu estava sozinha no campo, debaixo de um céu pintado com tons de laranja e rosa, o vento suave tocando meu rosto, mas não conseguia me concentrar na beleza do momento. As palavras de Elijah ainda estavam ecoando em minha mente. O passeio pelas terras dele foi tranquilo, mas algo dentro de mim parecia ter mudado, e eu sabia exatamente o que era. Eu estava começando a me dar conta de que estava desenvolvendo sentimentos por Elijah, algo que eu nunca imaginaria quando cheguei aqui.

E, apesar de eu tentar afastar essa sensação, ela só crescia. Como isso poderia acontecer? Ele era meu chefe. Eu tinha vindo para essa fazenda em busca de um recomeço, e agora parecia que o meu coração estava começando a correr atrás de algo que não deveria. Sentimentos por ele eram complicados, algo que eu não poderia explorar, não no ambiente em que estávamos.

Eu passei os últimos dias tentando não olhar para ele de uma maneira diferente, tentando apenas focar no trabalho e na nova vida que estava construindo aqui. Mas, o simples fato de ele me olhar com aqueles olhos calmos e intensos, de me fazer sentir que eu era mais do que uma funcionária, que eu poderia ser mais... isso me confundia. Meu corpo reagia a ele, meu coração batia mais rápido quando ele estava por perto, e a dança na festa... ah, a dança. Eu não conseguia parar de pensar naquela noite. A maneira como ele me segurou, como a música parecia falar por nós, como ele parecia tão presente, tão real.

Mas, eu me sentia mal. Ele era meu chefe. Eu era nova aqui, ainda tinha tanto a aprender, e ele... ele tinha tudo. A fazenda, a responsabilidade, a carga emocional de ser o líder, e eu? Eu não queria ser uma distração para ele. Eu não queria colocar tudo o que ele construiu em risco por causa de algo que não poderia ser. Ou poderia?

O som de uma buzina ao longe me fez sair dos meus pensamentos, e quando olhei, vi um dos motoristas da fazenda vindo em minha direção, me entregando um envelope. Era o meu primeiro salário. Eu me senti uma mistura de felicidade e alívio ao pegá-lo, o pedaço de papel que representava o meu esforço, o meu trabalho árduo.

Com a grana em mãos, decidi que era hora de fazer algo para mim mesma, algo que me fizesse sorrir e me fizesse sentir viva, sem me preocupar com as confusões que estavam se formando no meu peito. Não estava sozinha aqui, e eu sabia que deveria aproveitar para relaxar um pouco.

Peguei meu celular e liguei para Liza e Abby, minhas amigas da festa, as duas garotas com quem passei um tempo tão agradável naquela noite. Fiquei feliz por tê-las conhecido. Elas estavam no mesmo barco que eu: novas na cidade, tentando se ajustar a essa vida mais tranquila, mas ainda com uma energia vibrante e pronta para aproveitar a vida.

— Olá? — Liza atendeu, e sua voz animada me fez sorrir.

— Oi, Liza! Sou eu, Ruby. — Respondi, tentando soar casual. — Estava pensando... Que tal a gente sair para comemorar? Acabei de receber meu primeiro salário, e eu realmente queria comemorar com vocês duas.

Ela riu e, em seguida, Abby apareceu ao fundo, também rindo. Eu podia ouvir o entusiasmo delas até pela ligação.

— Adoramos a ideia! — Liza disse. — Onde você quer ir?

— Que tal aquela hamburgueria na cidade? A que fica perto do posto de gasolina. — Sugerir, sentindo uma onda de alívio. Precisava de algo simples, mas divertido.

— Perfeito! — Abby respondeu, sua voz cheia de energia. — A gente se encontra lá em uma hora.

Desliguei, agora com um sorriso no rosto, animada pela ideia de sair um pouco da fazenda e aproveitar a companhia das novas amigas. Eu sabia que isso me faria bem. Deixar a cabeça de lado e me distrair um pouco.

Na hamburgueria, o cheiro de carne grelhada e batatas fritas tomou conta do ar. Eu pedi uma bebida gelada, e as três nos acomodamos em uma mesa no canto, já rindo de alguma piada que Abby havia feito.

Conforme as conversas fluíam, o tema Elijah começou a surgir, como eu sabia que aconteceria. Eles tinham sido atentas, observadoras. As garotas perceberam a maneira como ele me tratava na festa, e, como sempre, não perderam tempo em me questionar sobre isso.

— Ruby, você e Elijah... — Liza começou, com um sorriso malicioso, seus olhos brilhando com curiosidade. — A dança de vocês, foi... intensa. Como se fosse um casal apaixonado. Eu não sei, mas parecia que ele estava com você de uma maneira diferente, sabe?

Abby, que estava comendo suas batatas, colocou o prato de lado e me olhou atentamente.

— Verdade. Eu senti algo ali. Tipo, vocês estavam em sintonia. Como se não precisassem de palavras. Foi... emocionante. — Ela se inclinou para frente, como se estivesse esperando a resposta.

Eu senti um calor subir pelo meu pescoço, e, por um momento, desejei que minha resposta fosse simples, mas sabia que não seria. Eu sabia que elas queriam saber a verdade, o que estava acontecendo entre mim e Elijah, mas como eu poderia explicar algo que eu mesma ainda estava tentando entender?

Respirei fundo e olhei para as duas, as palavras se formando em minha mente antes de finalmente sair.

— Eu sei o que vocês viram. — Comecei, tentando manter a calma, mas sentindo meu coração bater mais rápido. — A dança foi... algo. Mas, não é o que parece. Elijah é meu chefe. Ele é alguém importante aqui, e eu... eu não quero colocar nada disso em risco. Sei lá, acho que estou apenas confundindo as coisas.

Liza e Abby se entreolharam, suas expressões ficando mais sérias, mas também compreensivas.

— Ruby, você não precisa se desculpar por nada. — Liza falou, sua voz suave, mas cheia de compreensão. — Às vezes, as coisas acontecem, e a gente não consegue controlar. Mas, se você sentir que é algo real, não ignore. A vida é curta demais para viver com arrependimentos.

Abby assentiu, com um sorriso encorajador.

— Às vezes, o amor surge onde a gente menos espera, sabe? — Ela disse, e isso me fez refletir ainda mais.

Eu respirei fundo, tentando processar o que elas disseram. Eu não sabia o que o futuro reservava, ou o que aquilo significava, mas, por mais que eu tentasse negar, o que estava acontecendo entre mim e Elijah não era algo simples. E eu não queria ignorar.

— Eu não sei o que vai acontecer, mas... vou ver onde isso vai me levar. — Falei, com mais convicção do que sentia. — Obrigada por me ouvirem.

As duas sorriram, e logo começamos a rir de outra piada que surgiu durante a conversa. A noite continuou, e enquanto eu me divertia com minhas novas amigas, uma parte de mim ainda pensava em Elijah. O que ele pensava de tudo isso? O que ele sentia? Eu não tinha respostas, mas, naquele momento, eu estava apenas tentando viver, tentando entender o que acontecia dentro de mim.

𝐓𝐄𝐍𝐍𝐄𝐒𝐒𝐄𝐄 𝐖𝐇𝐈𝐒𝐊𝐄𝐘Onde histórias criam vida. Descubra agora