Forty-five

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ELIJA

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ELIJA

As primeiras luzes da manhã invadiam o quarto, e o som das risadinhas dos nossos gêmeos me despertou. Olhei para o lado e vi Ruby ainda dormindo, a cabeça repousada sobre o travesseiro, com um sorriso suave no rosto. Matteo, que estava ao nosso lado, começou a se mexer e a balbuciar, enquanto Olívia, no berço ao lado, dava pequenos gritos de alegria, como sempre fazia logo ao acordar. Meus olhos se fixaram nela por um instante, e eu percebi o quanto eles haviam crescido. O tempo passava rápido demais.

Com um suspiro leve, me levantei para pegar Matteo, enquanto Ruby se espreguiçava e começava a despertar lentamente. Olhei para o relógio — ainda era cedo. A fazenda ainda estava tranquila, mas não por muito tempo, já que a correria do dia a dia estava prestes a começar. Matteo começou a balançar os braços e a rir, tentando alcançar o cabelo de Ruby, o que me fez sorrir.

— Está preparado para a cidade grande, papai? — Ruby perguntou, sorrindo e puxando Matteo para o colo. Seu sorriso estava mais radiante do que nunca, e isso me fazia esquecer das preocupações diárias. Eu a observava com uma sensação de felicidade profunda, como se todo o esforço que fizemos nos últimos dois anos tivesse valido a pena. A fazenda estava prosperando, nossa família estava bem e mais unida do que nunca.

Era sábado, e finalmente havíamos decidido fazer algo diferente. Após tanto tempo focados no trabalho, Ruby sugeriu uma visita à cidade grande para fazer compras, e eu pensei que seria uma excelente oportunidade de dar a ela um pouco de descanso. Como sempre, ela estava mais envolvida com a fazenda do que qualquer outra coisa, mas sabíamos que um pouco de tempo fora do nosso ambiente diário seria bom para nós dois — e, claro, para as crianças.

Antes de sairmos de casa, tudo estava sendo um corre-corre de última hora. Ruby estava arrumando os brinquedos dos gêmeos, verificando se tínhamos tudo o que precisaríamos durante a viagem — fraldas, trocas de roupa, lanches. As crianças estavam ainda mais agitadas do que o normal, tentando sair de nossos braços para correr pela casa. Matteo puxava minha camisa, enquanto Olívia tentava pegar o que parecia ser o brinquedo mais importante do momento, e, em questão de segundos, começava a correr com ele na mão. Era difícil acompanhar o ritmo deles, mas Ruby sempre dava um jeito de manter a calma.

— Acho que nunca mais vamos ter um momento tranquilo, não é? — Ruby brincou, rindo ao pegar Olívia no colo, que estava fazendo uma bagunça no corredor.

— É o preço de ter filhos tão espertos, querida. — Eu sorri, pegando Matteo e o colocando no banco do carro, enquanto Ruby organizava tudo ao redor. Ela estava mais tranquila do que nos primeiros dias de pais, mas ainda assim, a correria era inevitável.

Finalmente, após o caos da preparação, seguimos para a cidade. A viagem foi tranquila, apesar da agitação dos gêmeos no banco de trás, que não paravam de conversar e brincar com os brinquedos. Ruby me olhou com um sorriso cheio de satisfação enquanto dirigíamos, e eu sabia que ela estava adorando a ideia de passar um dia inteiro longe da rotina intensa da fazenda.

A cidade era um contraste tão grande com a vida simples que tínhamos no campo, e isso a fez pensar em como a vida dela havia mudado. Quando chegamos ao centro, Ruby se encostou no banco, visivelmente absorvendo a diferença no ambiente — os prédios altos, as ruas movimentadas e as vitrines reluzentes das lojas. Era o tipo de lugar que nunca havíamos imaginado visitar com tanta frequência quando começamos a nossa vida no campo. Mas, de alguma forma, esse era o nosso mundo agora. A fazenda prosperando, a felicidade em casa e o futuro se desenhando diante de nós de uma maneira que nos fazia sentir realizados.

Aquela não era uma visita qualquer. Era a nossa chance de dar a Ruby algo que ela realmente merecia: um pouco de conforto e uma pausa das responsabilidades da vida rural. A cidade estava ali, cheia de opções e novas experiências, mas Ruby olhou para mim, com uma expressão de leveza.

— Não sei se eu consigo me acostumar com isso, Elijah. Lembro de quando viemos para cá pela primeira vez, pensando que jamais conseguiria viver na fazenda, e agora... — ela sorriu. — Eu me sinto diferente. Muito diferente.

Ela estava certa, é claro. Aquela vida que ela tanto temia no começo se tornara um marco em nossa história. E, ao observar Ruby ali, no meio de todas aquelas lojas de grife e pessoas andando apressadas pela calçada, pude ver como sua vida havia mudado para melhor. Os dois, os três, agora éramos uma família completa. Os desafios que superamos nos tornaram mais fortes, mais unidos, e isso refletia em cada pequeno detalhe do que fizemos até aquele momento.

Fomos para o shopping, passeando pelas lojas e observando as vitrines. Eu fiquei encantado com a energia de Ruby, como ela olhava para as roupas e os sapatos com aquele brilho no olhar. Eu sabia que ela nunca imaginaria que teria essa liberdade, essa possibilidade de desfrutar de uma vida um pouco mais fácil — mas, ao mesmo tempo, ela estava ciente do que mais valia a pena: a casa, a fazenda, as nossas raízes. E, claro, os filhos que tínhamos agora, sendo o centro de nossas vidas.

Quando chegamos ao restaurante para almoçar, olhei para Ruby e me perdi por um momento, refletindo sobre tudo o que havíamos conquistado. Os gêmeos estavam agora mais independentes, mais cheios de energia. Matteo estava brincando com um boneco, fazendo caretas e tentando chamar a atenção dos outros clientes do restaurante. Olívia, por outro lado, estava fascinada com a música ao fundo e tentava bater as palmas no ritmo.

Ruby, com um sorriso tranquilo, me olhou e disse: —Sabe, Elijah, isso é o que sempre quisemos, não? Algo mais calmo, uma vida que faz sentido, onde a gente pode estar juntos. Eu só não sabia que a vida no campo ia ser tão boa.

Aquelas palavras ficaram comigo por um longo tempo. Eu sabia que Ruby não estava apenas falando da fazenda, mas do que construímos juntos, do quanto ela tinha aprendido a confiar nesse novo caminho. Mesmo em meio a tantas dificuldades, a fazenda era a nossa base. E ao olhar para ela naquele restaurante, em uma cidade grande e cheia de movimento, fiquei com a sensação de que, independentemente do que acontecesse, nós dois sempre encontraríamos um jeito de continuar construindo nossa vida, com nossos filhos ao lado, aproveitando as pequenas vitórias.

No final do dia, voltamos para a fazenda, cansados, mas felizes. A cidade grande não era o nosso lar, mas a viagem nos deu uma visão clara do quanto nossa vida havia se transformado. Ruby, eu, Matteo e Olívia — a nossa família — estávamos mais fortes, mais unidos, e prontos para tudo o que o futuro nos reservava.

𝐓𝐄𝐍𝐍𝐄𝐒𝐒𝐄𝐄 𝐖𝐇𝐈𝐒𝐊𝐄𝐘Onde histórias criam vida. Descubra agora