Em uma pequena cidade do Tennessee, Ruby Mae Caldwell busca um recomeço, deixando para trás a vida agitada da cidade grande. Lá, ela conhece Elijah Walker, um fazendeiro reservado e determinado, que a contrata para trabalhar em sua fazenda, mesmo du...
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RUBY
Eu mal acreditava na chance de ver o famoso alambique artesanal do Elijah. Sempre ouvi comentários dos outros funcionários sobre como ele produzia seu próprio uísque, algo que já estava na família há gerações. Quando perguntei sobre o processo, Elijah soltou um sorriso quase orgulhoso, aquele tipo de sorriso raro que ele deixava escapar só de vez em quando.
— Quer ver como é feito de verdade? — ele perguntou, com um brilho nos olhos.
— Claro que sim! — respondi, mais animada do que pretendia.
Ele fez um sinal para eu segui-lo até o alambique, que ficava em uma estrutura um pouco afastada da casa principal, escondida entre algumas árvores. A pequena construção de madeira parecia um relicário de histórias antigas, com o aroma inconfundível de carvalho e álcool no ar.
Lá dentro, Elijah começou a me explicar todo o processo, com uma paciência que me surpreendeu. Ele descrevia como o uísque passava por diferentes etapas, cada uma crucial para chegar ao sabor final. Eu observava encantada enquanto ele manuseava os instrumentos e checava o cobre brilhante do alambique. Era um trabalho de precisão, mas, ao mesmo tempo, havia algo quase poético na forma como ele falava.
— E depois disso, o líquido descansa. Às vezes por meses, às vezes anos. É preciso ter paciência pra ver ele ganhar cor, sabor... — ele disse, olhando para mim com um sorriso leve. — Um bom uísque sabe esperar, Ruby.
A maneira como ele me olhava me deixou um pouco sem jeito, mas disfarcei com um sorriso. O tempo parecia passar devagar ali dentro, como se a própria construção fosse imune à passagem das horas. A atmosfera era densa, cheia de história e tradição, e eu me sentia privilegiada por ser parte disso, ainda que por alguns minutos.
Quando estávamos prontos para sair, percebi que o céu havia se transformado rapidamente. A chuva começou a cair de repente, como uma cortina pesada que cobria tudo ao redor. Elijah olhou para fora, seus olhos avaliando o aguaceiro, e então olhou de volta para mim.
— Parece que a tempestade chegou mais cedo do que esperávamos — disse ele, levantando o capuz da jaqueta. — Vamos precisar correr.
Dei um pequeno aceno, sentindo o coração acelerar um pouco. Eu adorava uma boa tempestade, mas sabia que correr por aquele caminho enlameado seria uma tarefa difícil.
Seguimos em direção à saída do alambique, e a chuva caía com força, molhando tudo ao nosso redor. A água fria escorria pelo meu rosto e eu mal conseguia enxergar com clareza. Elijah estava na minha frente, guiando o caminho, mas o chão escorregadio e a pressa acabaram me pegando de surpresa. Num segundo, senti meu pé deslizar e, antes que pudesse reagir, caí de joelhos na lama.
— Ruby! — Elijah se virou na hora, com os olhos arregalados.
Antes que eu pudesse sequer me levantar, ele já estava ao meu lado, passando um braço forte ao redor das minhas costas e me levantando com facilidade. Seus braços eram firmes, e eu mal tive tempo de protestar quando ele me pegou nos braços, como se eu não pesasse nada.