Em uma pequena cidade do Tennessee, Ruby Mae Caldwell busca um recomeço, deixando para trás a vida agitada da cidade grande. Lá, ela conhece Elijah Walker, um fazendeiro reservado e determinado, que a contrata para trabalhar em sua fazenda, mesmo du...
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RUBY
Dois meses haviam se passado desde o nosso acordo sobre o que éramos. "Conhecidos coloridos" — não éramos mais do que isso, ou pelo menos era o que tentávamos acreditar. A verdade, no entanto, era que nada estava tão simples assim.
Eu e Elijah começamos a nos encontrar mais durante as tardes de trabalho na fazenda, e essas tardes se tornaram o que eu mais aguardava no meu dia. O tempo parecia passar mais rápido quando ele estava por perto, e a verdade era que ele me fazia sentir uma sensação de paz que eu não sabia que poderia existir. Ele estava sempre tão atento, tão presente, mas ao mesmo tempo, tão distante do que poderia ser considerado um envolvimento sério. Ele ainda não tinha tocado em alguns dos pontos mais profundos da nossa relação, e eu não sabia se estava pronta para isso.
Durante essas tardes, os encontros eram simples, mas cheios de significado. Às vezes, ele me chamava para ajudá-lo com alguma tarefa na fazenda, ou apenas para passear pelos campos, olhando o gado e discutindo os próximos passos da produção. Essas conversas eram fáceis e descomplicadas, mas sempre havia algo mais no ar. Ele olhava para mim de um jeito que parecia querer dizer algo mais, e eu sentia o mesmo, mas nunca tocávamos no assunto. Ele estava tão focado no trabalho, e eu não queria forçar nada.
Se ele me chamava para a fazenda, eu sempre dava uma desculpa para sair da pensão mais cedo ou dizia que estava fazendo algo relacionado ao meu trabalho, apenas para poder ficar mais tempo com ele. Mas sempre terminávamos o dia de volta à pensão, cada um em seu espaço, sem realmente saber o que estávamos fazendo, mas sem querer questionar muito sobre isso.
Nos últimos dois meses, algo havia mudado em mim. Eu me permitia sorrir mais, talvez até inconscientemente. A sensação de estar com ele, de vê-lo sorrir, de ter suas mãos passando levemente por minha pele, se tornou algo viciante. Era como se os beijos e os toques fossem a forma que encontrávamos para lidar com os sentimentos que estavam crescendo em nós, mas sem dar o passo definitivo.
E o que mais me surpreendia era o fato de que ele nunca forçava nada. Ele era paciente, compreensivo, e havia uma forma de carinho em cada gesto que me deixava sem palavras. Cada toque parecia prometer mais, e ao mesmo tempo, ele me dava espaço para respirar. Ele nunca pressionou, nunca me pediu para ir além do que eu estava disposta a dar, mas também nunca se afastou. Às vezes, eu me perguntava se ele sentia o que eu estava sentindo, ou se ele apenas estava lidando com isso de uma maneira mais lógica e calculada, como sempre fazia com tudo.
Nos finais de semana, nossas saídas se tornaram mais frequentes. Eu sabia que todos na cidade estavam começando a perceber. Em uma cidade pequena como aquela, não demorava muito para que as fofocas começassem a circular. As pessoas começaram a comentar sobre nós — o fato de que ele me levava para jantar em lugares afastados, que nós saíamos juntos para tomar um café ou dar uma volta pela cidade. Ele sempre me levava de volta à pensão, e isso parecia ser o suficiente para alimentar os rumores. Mas, ao mesmo tempo, eu não me importava. Havia algo em nós que não se importava com as fofocas, mas a verdade é que os comentários começaram a me atingir mais do que eu gostaria de admitir. As pessoas na cidade, as mesmas que me olhavam com curiosidade ou até com desconfiança quando eu cheguei, agora estavam me observando com um olhar diferente, como se soubessem algo que eu mesma ainda não tinha totalmente claro.